“Educação não é esmola, ô Bolsonaro tira a mão da minha escola!”

Concentração de professores que aderiram à paralisação no Calçadão pela manhã

No final da tarde desta quarta-feira, dia 15, um encontro promovido pelo Instituto Federal do Estado do Rio de Janeiro (IFRJ) aberto ao público em sua sede, no antigo Clube Gssan, “com o tema Recursos para Educação e Reforma da Previdência: como isso afeta a sua vida?”, encerra em Resende a programação da paralisação promovida por sindicatos, associações e escolas de ensino básico e superior em todo o Brasil contra o corte orçamentário de até 30% anunciado pelo governo de Jair Bolsonaro (PSL).

No início da tarde, alunos e professores da IFRJ, que está em Resende há quase cinco anos, e instituições de ensino superior, fizeram uma caminhada desde a sede do IFRJ até o terminal rodoviário em frente ao Mercado Popular, passando pelo Calçadão da Avenida Nova Resende e pela Rua Saturnino Braga, no Centro. O grupo se concentrou inicialmente no Calçadão, onde falaram sobre a preocupação em ver as instituições públicas de ensino sem recursos para investir em pesquisas e também na qualidade da educação.

Com as palavras de ordem “Educação na rua, Governo a culpa é sua”, “Estudantes unidos, jamais serão vencidos” e “Educação não é esmola, ô Bolsonaro tira a mão da minha escola”, os professores e alunos também incentivaram motoristas a apoiarem o movimento. Alguns deles chegaram a responder com buzinaços, porém não foram registradas provocações de pessoas contrárias.

Aluna de IFRJ desabafa sobre dificuldades para fazer curso e lamenta o corte anunciado na educação

Antes, na parte da manhã, tanto o corte orçamentário educacional quanto as alterações propostas na reforma da previdência, que será tema da greve geral que acontecerá em 14 de junho, também em todo o Brasil, foram lembrados durante o período da manhã, no Calçadão, em Campos Elíseos, pelo Sindicato dos Servidores Públicos de Resende (SFPMR), Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (Sepe Resende), Associação dos Professores Municipais de Resende (APMR) e União Brasileira de Mulheres (UBM).

O objetivo do grupo foi aproveitar a mobilização dos trabalhadores da educação desta quarta para promover um abaixo-assinado realizado no país pelas centrais sindicais. O objetivo, segundo o presidente do SFPMR, Georvânio Sousa, é atingir no mínimo 1 mil assinaturas em Resende.

– Este evento serve como um termômetro para a greve que acontecerá no próximo mês, pois aproveitamos para informar que essa reforma da previdência que o governo quer realizar vai ser prejudiciais para as classes trabalhistas, inclusive para os professores, já que todos nós servidores somos estatutários – justifica.

Ele também citou a preocupação quanto ao corte dos investimentos na educação básica. “A gente tem que se manifestar, pois mesmo atuando no âmbito municipal, os desmontes do Governo Federal serão sentidos por aqui também, já que 60% da folha de pagamento dos educadores passa pelos repasses do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação)”.

O presidente ainda destaca que nem todos os professores têm consciência das consequências da nova previdência. “O sindicato tem visitado algumas escolas, e descobrimos que alguns educadores acreditam que as mudanças não afetarão suas aposentadorias, e isso tem nos preocupado”, lamenta.

“Mais de 90% dos professores da educação básica em todo o país são mulheres”, cita a presidente da UBM Cláudia Luisa de Oliveira Andrade, que também preside a APMR. “A reforma da previdência afeta também os professores (e também outras classes de trabalhadores), em especial as mulheres. Será um caos porque aumentará tempo de trabalho e idade para contribuição”.

Ela aponta um estudo feito pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Econômicos (Dieese), que destaca a idade mínima, que subirá de 60 para 62 anos para trabalhadoras urbanas, e de 55 para 60 anos para as trabalhadoras rurais como um dos fatores que sacrificarão mais as mulheres do que os homens, que terão as idades mínimas atuais mantidas, de 65 anos (urbano) e 60 (rural). “Para quem não tem carteira assinada ou está desempregada a situação poderá ficar ainda mais grave”, completa Cláudia.

A presidente afirma que a APMR aderiu a paralisação por ser radicalmente contra o corte de verbas na educação. “Como se não bastassem as nossas lutas para que a prefeitura corrija os valores defasados nos vencimentos de alguns dos servidores, fora outras reivindicações, ainda tem esse corte promovido pela União que afeta a educação básica em Resende e que afeta todos”, conclui.

BALANÇO DA PARALISAÇÃO
Um balanço feito pela APMR apontou que 25 escolas municipais e três estaduais de Resende, e mais duas de Porto Real e uma de Itatiaia aderiram à paralisação. De acordo com a presidente, mesmo nas escolas que funcionaram, alguns professores pararam, fora os aposentados. Quanto ao total de adesões, estima-se que houve mais de 200 pessoas, se incluída a participação dos professores e alunos do IFRJ.

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