Casos confirmados de chikungunya e dengue em Resende!

Rua dos Ipês concentra muitos casos suspeitos de chikungunya no bairro Cidade Alegria

No último dia 8, a cuidadora de idosos Lidiane Pessoa começou a sentir dores em um dos joelhos. “Achei que a condição clínica dele havia piorado, pois tenho um problema. Poucas horas depois, comecei a ficar com dor nos olhos e febre, e procurei a UPA no dia seguinte. Lá fizeram os exames (ainda sem um diagnóstico), me medicaram e liberaram, mas pediram pra eu retornar”, conta Lidiane, que retornou mais três vezes (entre os dias 9, 11 e 13) e repetiu os mesmos exames.

Com o passar dos dias, além do índice levemente baixo de plaquetas, outros sintomas começaram a aparecer, como manchas avermelhadas na pele, coceira, e dores e inchaço nas juntas. “A pele ficou vermelha e coçando a partir do quarto dia, e minhas dores na articulações ficaram intensas”. Ela conta que os sintomas se assemelham aos da dengue, doença que teve há algum tempo, exceto por um detalhe.

– Já faz uma semana que fiquei doente. Foi um horror, mas a maioria dos sintomas que eu tive foi embora. Agora estou apenas com dores e inchaço nas articulações, e com coceira e caroços na pele. O jeito é tomar dipirona, além de me alimentar com suco de inhame e passar uma mistura caseira de álcool e vinagre para amenizar a coceira – relembra.

Ainda assim, ela revela que foi trabalhar em uma casa de família, onde cuida de uma idosa. “Eu não teria como deixar a idosa sozinha, por isso acabei indo trabalhar mesmo com muita dor”. Por ser a única pessoa com sintomas suspeitos de chikungunya em sua casa, ela suspeita que pode ter sido infectada por um mosquito na casa da idosa que atende.

— Aqui na minha rua (das Palmeiras), ninguém se queixou do mesmo problema que eu. O mosquito pode ter me infectado no trecho da rua onde mora a idosa que eu cuido (a casa também fica na Rua das Palmeiras, só que perto de uma rua que concentra muitos casos suspeitos), já que eu cheguei a matar alguns mosquitos na casa dela – completa Lidiane, que retornará ao médico apenas caso seja necessário.

A queixa dela é a mesma de moradores que vivem na Rua dos Ipês. Lá, o número de casos suspeitos de chikungunya é maior. São 60 casas, 30 para cada lado da rua, segundo o presidente da Associação de Moradores da Cidade Alegria, Edu Almeida. Em um dos trechos dela, o jornal BEIRA-RIO teve a oportunidade de entrevistar a mulher do montador Luiz Guilherme Oliveira.

Ele se encontra internado no Hospital Samer desde a última sexta-feira, dia 12, após a piora nos sintomas apresentados na quarta-feira (dia 10). “Ele começou com muita dor no corpo e nas juntas, mal estar e febre alta. Fui ao hospital levá-lo pra fazer exames diariamente, e na sexta ele ficou internado”, conta a dona de casa Gisele Viana da Silva.

A exemplo de Lidiane, a família ainda não teve uma resposta dos exames sobre o que pode ter provocado os sintomas em Luiz Guilherme. “Os médicos de lá dizem apenas que há uma oscilação no número de plaquetas, mas o diagnóstico pode sair ainda essa semana. Eles também estão esperando pra ver se essas plaquetas se normalizam para que meu marido possa receber alta. Enquanto isso, ele está fazendo até fisioterapia por causa do inchaço nas articulações dos pés e das mãos”, acredita Gisele.

Além de Luiz Guilherme, todas as casas onde os moradores foram entrevistados relataram os mesmos sintomas. “Na quarta passada (dia 10), tive que ficar na UPA em observação, pois tive diarreia, febre, náusea, dores nas juntas, e pés e mãos inchados. Meu marido e meu filho também tiveram os mesmos sintomas, só que fizemos os exames, e não voltamos depois quando foi pedido novamente. Só que a gente não sabe se é dengue ou chikungunya, pois só pediram hemograma e não o teste de dengue”, reclama a dona de casa Alzira Dias.

FALTA DE AGENTES DE SAÚDE DO CCZ
O presidente da associação faz críticas à retirada dos profissionais do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) no mês passado que fazia o controle do combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue e da chikungunya, além do zikavírus.

— Hoje, a minha briga é para que o pessoal do CCZ retorne para cá e venha aqui passando de casa em casa aqui no bairro, pra poderem verificar a origem dos focos do mosquito vetor das três doenças. Somente depois que apareceram casos suspeitos é que começaram a passar com o carro fumacê e a visitar os criadouros – justificou Edu.

Ele conta que alguns locais têm servido de criadouro do mosquito, entre eles o terreno de um antigo supermercado, onde foi encontrado um foco, e até mesmo uma casa fechada na Rua das Acácias.

DOIS CASOS DE DENGUE E DOIS DE CHIKUNGUNYA
No último dia 5, a Prefeitura de Resende divulgou que não há casos confirmados de dengue no município. Segundo a Secretaria de Saúde, em comparação ao ano de 2015, quando foram registrados mais de 8,6 mil casos confirmados da doença e cinco mortes, este ano, até a data de publicação dessa informação a prefeitura preferiu apenas falar dos casos analisados de janeiro”. Na ocasião, foram 19 casos suspeitos da doença, mas nenhum confirmado.

A atual administração municipal associa esse número a “uma intensa mobilização da atual gestão”, e “pela primeira vez, desde então, o município alcançou uma marca expressiva”. Mas os dados mais recentes do município envolvendo arboviroses (grupo de doenças virais no qual se insere essas doenças, além do zikavírus e da febre amarela), de 16 de abril, mostram outra realidade: em fevereiro e abril foram confirmados dois novos casos de dengue, ambos no distrito de Engenheiro Passos. Já no bairro Cidade Alegria ainda não foram confirmados casos da doença este ano. São mais de 10 casos aguardando resultados.

O bairro tem também seis casos, aguardando resultado, de chikungunya. Os dois casos confirmados são de fevereiro, um no Centro e outro no Jardim do Sol. O bairro foi o que também mais teve casos notificados para dengue e chikungunya em todo o ano de 2019.

Em relação ao zikavírus e a febre amarela, não houve caso confirmado. A primeira, que chamou a atenção no país por causar prejuízos às gestantes, que geraram bebês com microcefalia, teve cinco casos descartados em Resende. A última, que registrou surto em 2018, com sete casos confirmados no município, teve este ano três casos descartados.

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