Governo de Resende paga aluguel do restaurante popular sem funcionar

Em novembro de 2016, o então prefeito eleito de Resende, Diogo Balieiro Diniz, falou em reabrir o Restaurante Cidadão que havia fechado dois meses antes. Citou seu programa de governo enfatizando a importância da segurança alimentar e nutricional para trabalhadores e pessoas de baixa renda do município. Na época, conforme a propaganda do próprio prefeito, (foto acima), ele se comprometeu a “lutar pela reabertura do restaurante popular” que tinha administração do governo do estado. O discurso do prefeito eleito causou surpresa, porque 20 dias antes, o governador Pezão havia anunciado o pacote de medidas e cortes do estado e incluía a revisão e extinção do programa Restaurante Cidadão. Mas mesmo assim, o prefeito eleito fez propaganda falando de possível reabertura.

Em janeiro, Balieiro Diniz tomou posse e não falou mais no assunto, mas apesar de anunciar economia renovou, em julho, o aluguel do galpão que sediava o restaurante no bairro Jardim Tropical, entrada da cidade por 12 meses no valor de R$ 99 mil ou seja, mais de R$ 8 mil mensais para ficar fechado. No governo Rechuan, enquanto funcionava o restaurante eram pagos R$ 14 mil mensais e apesar de reduzido o valor, não encontra-se justificativa para manter esta despesa com recurso público. O aluguel do galpão que fica na rua Leonel Joaquim Serra Filho, nº 209 foi assumido pelo município em 2015, quando o governo do estado já demonstrava dificuldades em manter o programa.

Quinze meses depois de fechado, o restaurante popular só apresenta vantagem para a empresa proprietária que continua recebendo o aluguel dos cofres públicos, a Alambari Empreendimentos e Participações Ltda. Essa semana, uma reportagem da TV local mostrou um suposto ladrão saindo do prédio que, fechado e sem segurança, ficou vulnerável, mas o jornal BEIRA-RIO apurou e conseguiu imagens que, há um mês, o local foi invadido, ficou com o portão aberto um dia e foram furtados objetos e fiação. Moradores do bairro comunicaram a prefeitura e a Guarda Municipal esteve no local colocando novo cadeado. Os vidros do prédio começam a ser quebrados, cresce o mato e tem acúmulo de água da chuva podendo virar criadouro do mosquito Aedes aegypti. O Restaurante Cidadão Vereador Francisco Quirino inaugurado em 2010 servia em média entre mil e mil e quinhentas refeições diárias atendendo a população mais carente.

Abaixo, algumas das fotos que mostram a situação de abandono do prédio que tem aluguel de R$ 8 mil mensais.

 

 

 

O BEIRA-RIO solicitou informações sobre o Programa à Superintendência de Segurança Alimentar e Renda da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social, mas não conseguimos retorno. Também enviamos à Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Resende para que pudessem justificar porque estão pagando o aluguel sem usar o espaço e se foi feito registro na Delegacia do furto ocorrido, mas o governo municipal não respondeu.

Moradores do bairro Jardim Tropical se mostram preocupados com o abandono do prédio: “Se alugou com intenção de fazer um depósito porque passados seis meses continua isso aí abandonado? – questiona uma moradora do bairro que pediu para não ser identificada. “Isso aí sem segurança é mais um perigo para o bairro, ainda mais nesse canto aí que todo dia tem gente usando drogas e todo mundo sabe disso”, falou outro morador, que igualmente disse não querer se identificar. O contrato renovado diz que o local deveria estar sendo usado como depósito administrativo, mas depois de cinco meses e R$ 40 mil pagos de aluguel não há previsão de ocupação do prédio, apesar do anuncio que será um almoxarifado da saúde. Atualmente o almoxarifado da Saúde funciona em outro galpão alugado, no bairro Nova Liberdade, vizinho ao Hospital de Emergência e à Prefeitura.

A ECONOMIA DO GOVERNO DE RESENDE NÃO PASSA PELOS ALUGUÉIS

Em fevereiro, o prefeito em mais uma propaganda do governo, gravou um vídeo mostrando outro galpão, o da rua Dalva Menandro no bairro Comercial (foto ao lado). Disse na época, que era um absurdo manter galpões com sucata e que iria economizar e vender todo o material do local. Chegou afirmar que o material, patrimônio do município, era “uma verdadeira coleção de quinquilharias”. O vídeo ainda dizia que o prefeito determinou a desocupação desses locais, revisão do contrato e que todo material fosse leiloado. Passados 10 meses, o depósito continua com o mesmo material acumulado. A reportagem do BEIRA-RIO foi esta semana ao galpão e verificou, em seu interior, pastas de arquivo morto da saúde e equipamentos e objetos a serem leiloados, tal qual por ocasião da gravação do vídeo. Só que desta vez, o local estava trancado e sem funcionário, como existia no governo anterior. O atual governo renovou, em maio, o contrato também deste galpão com a MTS Empreendimento e Participações Ltda e paga R$ 9,2 mil mensais.

Veja o vídeo da prefeitura divulgado em fevereiro:

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