Trabalhadores de Resende gritam: “Ah que covardia… o fim da aposentadoria!”

Mesmo protestando contra o Governo Federal, professores estaduais também relembraram luta contra o Estado, que segue votando na Alerj leis que prejudicam trabalhadores
Mesmo protestando contra o Governo Federal, professores estaduais também relembraram luta contra o Estado, que segue votando na Alerj leis que os educadores alegam ser prejudiciais aos servidores públicos

Terminou por volta de 12h45 desta quarta-feira, dia 15, a manifestação contra a Reforma da Previdência realizada em Resende. O movimento – também realizado em outras cidades brasileiras – teve a participação de um pequeno grupo formado por professores das redes estadual e municipal de ensino, liderados pelo Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (Sepe) e por mais da metade dos funcionários do Centro de Distribuição da agência dos Correios do Centro de Resende.

Ainda que lutem por reivindicações próprias, as duas classes de trabalhadores se reuniram no Calçadão de Campos Elíseos desde às 10h, mas a caminhada aconteceu somente por volta das 11h30. O grupo passou pelas ruas Nilo Peçanha (próximo à Praça do Trenzinho), Coronel Brasiel, Avenida Presidente Vargas, Rua Alfredo Whately, Calçadão, Ponte Velha e Praça da Concórdia, em frente aos Correios. Na passeata, foram gritadas palavras de ordem como “É mentira! É indecência! Que tem rombo na previdência! (representantes do Sepe, assim como políticos de oposição, defendem que a justificativa de rombo apresentada pelo governo para a reforma é falsa)” e “Ah que covardia! O fim da aposentadoria!”.

A mobilização chegou a ganhar a adesão de alguns estudantes da Rede Estadual de Ensino, alguns deles liberados mais cedo das aulas devido à adesão parcial dos professores. Ainda assim, as escolas da região funcionaram normalmente, assim como a única agência dos Correios do município. Durante a caminhada, os manifestantes chegaram a fazer algumas paradas (duas no Calçadão, uma na Alfredo Whately e outra na Praça da Concórdia) para se pronunciarem à população que caminhava nesses locais.

– Trabalhadores e trabalhadoras de Resende! Nós estamos paralisados em solidariedade, na luta contra a Reforma da Previdência! O governo mente, não tem rombo na previdência! Querem acabar com os nossos direitos para fazer mulheres e homens trabalharem até os 65 anos de idade, reduzir os valores da aposentadoria, acabar com o reajuste pelo salário mínimo, acabar com a aposentadoria do trabalhador rural. Nós estamos aqui hoje para alertar, para pedir, que você, trabalhador e trabalhadora, faça o seu papel de lutar com a gente e não permitir que esse governo continue acabando com os nossos direitos. Se o governo insistir, vai ter Greve Geral! Vamos à luta companheiros e companheiras! – pronunciava o diretor do Sepe Itatiaia, Adriano Santos, que participou da mobilização. Os manifestantes repetiam as palavras ditas por Adriano.

PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO
As manifestações promovidas por sindicatos, centrais sindicais e entidades de trabalhadores de diferentes classes, que acontecem nesta quarta no país, são contrárias às reformas que o governo do presidente Michel Temer (PMDB) quer promover na previdência, que segundo o Sepe, “visam retirar direitos fundamentais do trabalhador brasileiro conquistados a duras penas ao longo das últimas décadas”.

Dentre as mudanças estão o estabelecimento da idade mínima para se aposentar aos 65 anos, a contribuição mínima de 25 anos para se aposentar e a idade para aposentadoria das mulheres que se igualará a dos homens. Ainda de acordo com o Sepe, além da reforma previdenciária, a mobilização acontece também contra a reforma trabalhista, que “abre caminho para uma maior precarização das relações de trabalho, com o aprofundamento da terceirização, rebaixamento salarial, deterioração das condições de trabalho e aumento da jornada de trabalho”.

OUTRAS REIVINDICAÇÕES
Os trabalhadores presentes à manifestação também aproveitaram o momento para defender reivindicações de suas categorias. Os professores da Rede Estadual de Ensino (além de outros funcionários estaduais) sofrem para receber em dia os pagamentos salariais e o décimo-terceiro, e ainda lutam contra as votações promovidas na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), apelidadas por eles de “pacote de maldades” por tirar os benefícios dos trabalhadores.

Já os educadores da Rede Municipal brigam contra o não cumprimento das pautas prioritárias pelo atual prefeito, Diogo Balieiro (PSD), que durante a campanha teria prometido negociás-las com a classe e agora se nega a receber os professores. Dentre as reivindicações eles pedem o reajuste salarial, que deixou de ser concedido em 2014.

E os carteiros reclamam da falta de novas contratações na agência dos Correios, que além de todos os bairros de Resende, também atende aos municípios de Itatiaia e Porto Real, aumentando ainda mais a demanda dos funcionários. Essa reivindicação resultou na greve de quatro dias realizada pelos funcionários (de 30 de janeiro a 2 de fevereiro deste ano).

– Não estamos dando conta do recado, esperamos que a população entenda que essa falta de funcionários nos Correios é que está provocando atrasos nas entregas das correspondências. Não fizemos greve por causa de dinheiro. Por isso pedimos o apoio da população, pois só assim podemos ter nossas reivindicações atendidas – completa o líder dos carteiros presentes a manifestação Huaskar Lucena Zaidan Granja.

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