Audiência pública da Servatis com pouca presença e sem debate

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Carlito (à direita) esclareceu origem de mau cheiro citado por moradores de bairros vizinhos à fábrica, mas o público pouco debateu sobre assuntos relacionados a Servatis

Um assunto que poderia ter obtido um maior debate em virtude de sua repercussão há quase oito anos acabou deixando a desejar. Com público reduzido e formado basicamente em sua maioria por representantes de associações de moradores das Barras I, II e III, e bairros vizinhos, e funcionários da fábrica Servatis, foi realizada uma audiência pública para falar de assuntos relacionados à empresa, que em 2008 teve sua imagem abalada pelo vazamento do produto Endosulfan (um organoclorado usado na produção de pesticidas e inseticidas, proibido em dezembro de 2009 de ser usado no estado do Rio de Janeiro) nas águas do rios Paraíba do Sul e Pirapitinga, e mais recentemente em virtude do mau cheiro sentido pelos moradores desses bairros.

A audiência, que foi proposta pelos vereadores Olímpio (PCdoB), membro da Comissão Permanente de Turismo, Defesa do Meio Ambiente e Assuntos Rurais, e Tivo (PP), primeiro secretário da Mesa diretora, foi realizada na noite de quarta-feira, dia 17, no Plenário da Câmara Municipal, e foram convocados a prestar esclarecimentos o diretor da Servatis, Carlito Marques de Almeida; o representante do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), Domingos Andrade Baumgratz; e o presidente da Agência Municipal do Meio Ambiente de Resende (Amar), Wilson Moura.

No convite enviado a moradores, funcionários da fábrica e imprensa, estava previsto que a audiência pública destacaria três pontos, sendo que o mais lembrado deles foi a explicação dada pelo diretor da Servatis aos presentes sobre o que realmente provocava o cheiro que eventualmente incomoda os moradores de bairros vizinhos à empresa e sobre os efeitos na saúde. “Moro no Campo Belo há 65 anos, e sempre que o mau cheiro chega, ele acaba provocando náusea e irritação nos olhos, quando chove então, fica pior ainda”, desabafa a manicure Vera Ribeiro, única pessoa a realmente opinar sobre a situação enfrentada eventualmente pelos moradores.

O diretor da Servatis aproveitou para responder a crítica da moradora. “Esse mau cheiro que chega até o bairro costuma ser provocado pelo vento quando ele sopra na região, por isso nós medimos a direção dele através de nossos equipamentos. Se o vento não estiver soprando em seu bairro, o cheiro não vem da nossa fábrica. Mas de qualquer forma, deixamos um telefone de contato à disposição dos moradores para maiores esclarecimentos”, diz Carlito, utilizando um slide com dados coletados com a direção dos ventos durante dois anos.

Ele diz que a empresa costuma usar o mesmo produto utilizado nas empresas de produção dos botijões de gás de cozinha (em menor quantidade, seu odor ajuda a identificar quando o gás está vazando, uma vez que este último não tem cheiro e pode provocar acidentes), com o nome de mercaptana (ou polissulfeto), mas que apesar dos incômodos, garantiu que o produto é inofensivo à saúde da população.

Já em relação ao Termo de Ajuste de Conduta (TAC) firmado em setembro de 2013 entre a fábrica e o Poder Público (MPRJ, e órgãos públicos de meio ambiente) após o acidente ocorrido com o produto Endosulfan, o assunto nem chegou a ser tão discutido, se restringindo apenas a pergunta de um participante para saber se a empresa havia abolido o produto. O diretor, durante sua apresentação, relembrou a atual situação em relação ao acidente do produto. “Inicialmente se havia uma estimativa de que a natureza levaria uns 10 anos ou mais para que os rios ficassem livres do Endosulfan, porém temos realizados relatórios mensais, bimestrais e trimestrais apontando que atualmente não há qualquer vestígio do Endosulfan nas águas dos rios. Hoje não usamos mais o produto depois que foi proibido”, completa.

Além disso, o evento, que começou por volta das 19 horas e terminou perto das 21 horas, ficou restrito à apresentação feita por Carlito sobre a empresa, que conta atualmente com pouco mais de 150 pessoas trabalhando, sendo 10 delas estagiárias de nível superior e sua política de relacionamento com a empresa e a comunidade, além de como é feito a segurança e a defesa do Meio Ambiente junto aos órgãos públicos, através de slides.

A empresa, localizada na Rodovia Presidente Dutra, trabalha com a industrialização de agroquímicos e química fina (produzindo inseticidas, fungicidas, fertilizantes e ativadores), mas também presta serviços ambientais, tais como, tratamento de esgotos (citado na apresentação de Carlito) e começou a operar em 2005, resultado da aquisição do parque industrial da antiga Basf, que a adquiriu em 2001 ainda com o nome de Cyanamid Química do Brasil Ltda.

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