Secretário de Saúde explica sobre H1N1 na Câmara

camaraO secretário municipal de Saúde, Daniel Brito Pereira, tirou dúvidas sobre a gripe H1N1 na noite desta terça-feira, dia 12, durante a sessão ordinária da Câmara Municipal de Resende. Ele fez um pronunciamento sobre a situação do vírus no município, ainda sem saber da confirmação da terceira morte em decorrência da doença, e depois respondeu a perguntas feitas por vereadores e por munícipes que assistiam à sessão.

Ele tentou explicar a diferença entre uma gripe comum, uma gripe causada pelo vírus H1N1 e o resfriado.

– O vírus circula há muito tempo na cidade e a particularidade da época são as mudanças climáticas. Começa a esfriar e as pessoas se aglomeram e os vírus se propagam. A grande diferença é que o vírus H1N1 se propaga mais rápido que o de uma gripe comum, mas a mortalidade dos dois é igual. O que não pode é confundir gripe com resfriado. A gripe é mais aguda, com mialgia intensa (dor no corpo), febre alta, calafrios, a pessoa fica de cama mesmo, diferente do resfriado que mesmo com dores de garganta fortes não chegam a causar esses sintomas de forma tão intensa. Só que a pessoa vai à unidade de saúde com resfriado e o vírus está lá, e a pessoa corre o risco de pegar – alertou.

Sobre as mortes e casos suspeitos de H1N1 em Resende, ele atualizou os dados, mas se preocupou em destacar que todas as mortes são de pessoas consideradas pertencentes a grupos de risco.

– Óbitos ocorreram sim, mas em São Paulo 70% deles estavam ligados ao grupo de risco. Aqui, as duas mortes confirmadas também eram de pessoas do grupo de risco. Uma das vítimas era obesa, fazia uso de corticoides, tinha Lúpus e a outra era muito magra, estava grávida e não fazia pré-natal. Temos 13 casos notificados, os quais tiveram material colhido para pesquisa do vírus, e três óbitos: dois foram confirmados e um é o do Alexandre, mas já soube que ele era diabético e asmático e não sei se tomou a vacina no ano passado – detalhou, antes de saber que o homem seria a  terceira confirmação.

O secretário antecipou que não sabe se a quantidade de vacinas será suficiente para a demanda e, por isso, a prioridade na estratégia de prevenção é vacinar munícipes que fazem parte do grupo de risco. Sobre o tratamento, a quantidade de medicamentos é pequena e por isso são priorizados os casos mais graves e com internação.

– O remédio Tamiflu Oseltamivir vem do estado em quantidades muito pequenas, por isso a indicação é só hospitalar. Tem que tomar nas primeiras 48 horas para fazer efeito e depois disso só aplicamos nos casos mais graves, sendo prioridade as gestantes. Sobre a vacina o Ministério da Saúde não mandou a listagem e a não vai entrar nenhum outro grupo que não esteja previsto no calendário de vacinação. Quem quiser tem que ir ao médico e ele vai fazer a solicitação. Vão antecipar a vacinação para o dia 23 – a previsão era que ela fosse feita a partir do dia 30 -, mas não sei se vamos ter vacina para antecipar para todos, porque elas vêm em lotes, não é tudo de uma vez. Mesmo assim espero que a gente tenha o máximo de adesão possível, porque no ano passado teve gente que “correu” da vacina – detalhou.

O primeiro vereador a fazer perguntas foi Francisco Stênio (PP), que perguntou se assim que a pessoa tomar a vacina ela estará imunizada, mas o secretário explicou que demoram 40 dias para a vacina fazer efeito. O vereador Pedro Paulo Florenzano (PP) destacou a importância de se divulgarem os sintomas diferentes entre gripe e resfriado em todos os veículos de comunicação da cidade. O vereador Irâni Ângelo (PRP), que também é médico da rede municipal de Saúde, revelou a preocupação sobre a capacidade do município em atender todos os pacientes e Brito explicou que a prefeitura já tem cadastro da maior parte das pessoas consideradas grupos de risco e que se necessário há convênios com a Santa Casa e um hospital particular para uso do CTI.

O vereador Davi de Jesus (PMDB) perguntou sobre a quantidade de vacinas e o que fazer em caso de surto da doença e o secretário respondeu que são cerca de R$ 20 mil vacinas e que em caso de epidemia os casos mais graves serão priorizados, como já é feito. A presidente da Câmara em exercício, vereadora Soraia Balieiro (PSB), informou que percentualmente, com base na população, Resende tem mais mortes que São Paulo e que por isso deveria ser priorizada a nível nacional e entregou ofício ao secretário para que ele encaminhe à Secretaria Estadual de Saúde e ao Ministério da Saúde um pedido de antecipação da vacinação. O vereador Célio Caloca (PMDB) perguntou se é verdade que a gripe mata em dois dias e por que o município não está antecipando a vacinação com o que sobrou de 2015. Brito confirmou a primeira informação e esclareceu que a vacina de 2015 não é eficaz para o vírus deste ano e que por isso é necessária a vacina distribuída em 2016.

Durante o encontro, Zilmara Campos, irmã de uma das vítimas fatais da doença em Resende, fez um desabafo sobre o preconceito sofrido após acompanhar a irmã no hospital e, apesar de elogiar o atendimendo dado à irmã durante toda a internação no Hospital de Emergência, criticou a assistência recebida pela família após a confirmação da causa da morte e a falta de orientação sobre como deveriam proceder para verificar se estavam contaminados.

– Peço um apoio melhor aos familiares. deveriam chegar, falar conosco, conversar até para estar alertando sobre a doença, mas não aconteceu, não consegui o laudo, sofri muito. Deveriam falar como é a contaminação, porque as pessoas não queriam me cumprimentar por saberem que fiquei com ela, senti muita discriminação – desabafou Zilmara Campos.

O secretário lembrou que, para se proteger,  as pessoas devem evitar aglomerações, locais fechados, proteger a boca ao espirrar para não contaminar outras pessoas, lavar bem as mãos com água e sabão, fazer todas as refeições e se manterem hidratadas. A contaminação se dá pelos fluidos das pessoas, então é necessário atentar para esta questão e dar atenção à higiene.  Serão considerado doentes crônicos e terão priridade na vacina os que sofrem de diabetes, lúpus, usam corticóides e neoplasias, possuem doenças malignas, fazem tratamento com quimioterapia, crianças de até cinco anos e gestantes.

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