Concursos cheios de problemas em Resende

Os concursos públicos da Prefeitura de Resende anunciados e realizados em 2016 estão cheios de problemas. Anunciados como uma instrução do Ministério Público Estadual (MPE-RJ), os concursos teriam seus candidatos aprovados utilizados para preencher vagas atualmente ocupadas por contratos temporários e cargos comissionados. No entanto, candidatos dos dois primeiros editais lançados relataram problemas na aplicação das provas – fazendo com que três delas chegassem a ser canceladas -, e provas dos próximos editais já lançados também começaram a apresentar problemas.

Um dos primeiros problemas apareceu com a divulgação do Edital do processo seletivo para 175 vagas de Agente Comunitário de Saúde. Entre os requisitos para assumir a vaga, além do certificado de conclusão do Ensino Fundamental, era exigido que o candidato morasse na área em que vai trabalhar. No entanto, quando um concurso público é aberto, ele não pode privilegiar ou discriminar candidatos, e este requisito limita a participação a moradores de bairros de Resende.

“Tem que averiguar, muita gente reclamando. E a respeito das vagas para Agente Comunitário? Muita gente fez a inscrição, pagou e perdeu dinheiro. Pois no edital consta que só pode concorrer se for morador do bairro da vaga pretendida. Bom se está no edital tudo bem (ou não?!?), mas achei um absurdo o sistema não fazer algum tipo de bloqueio. Aceitaram inscrições de tudo quanto é lugar e a pessoa se passar não vai poder assumir o cargo”, denunciou uma internauta, através das redes sociais.

Além disso, o três editais lançados tiveram uma série de retificações. O do processo seletivo de agentes comunitários teve três, sendo duas delas referentes ao número da lei municipal que iria reger as condições de trabalho e uma sobre a pontuação mínima necessária para o candidato ser considerado classificado. Os outros dois editais lançados também tiveram retificações. O 001/2015 teve mudanças nos requisitos necessários para os candidatos a professor de Educação Especial, aumentou a carga horária semanal de 20h para 24h para algumas categorias de médico e de 20h para 40h para os médicos que atuariam em PSFs, incluiu a especialidade de geriatra, pediu especialização ou residência médica na área em que o candidato atuaria como especialista e para os médicos auditores do SUS também pediu especialização na área administrativa.

Uma segunda retificação no edital 001 também alterou a redação de alguns parágrafos, tornando-a mais clara, pediu especialização para os cargos de Supervisor Pedagógico e Educacional e cortou atribuições dos candidatos a Docente I. Uma terceira retificação alterou o prazo para inscrições e alterou o Plano Nacional de Educação (PNE) que seria cobrado e uma quarta retificação também alterou a pontuação mínima necessária para o candidato ser classificado. Esta última também foi uma das retificações do edital 002/2015, que também teve o horário da prova reduzido em uma hora e ampliou o prazo de inscrições.

Durante a aplicação da prova, a pouca quantidade de questões técnicas de cada área em meio a muitas questões administrativas das secretarias gerou desconfiança nos candidatos.

“Fiz o concurso para médico perito. Gostaria de saber quem elaborou essa prova. Das 20 questões específicas, seis eram de medicina. O resto de administração e assistência social. Tenho 22 anos de experiência em Perícia Médica no Governo do Estado e 33 anos de experiência em Medicina do Trabalho. E acho que não passo na prova, prova essa que em nada avaliou o conhecimento médico”, desabafou uma candidata, também pelas redes sociais.

E não foi apenas na área de saúde que houve problemas, como relatou uma professora de História.

– Em minha prova específica havia apenas umas quatro questões de História, as outras 16 eram todas sobre Pedagogia, Legislação, especialmente sobre o Fundeb e o Plano Nacional de Educação, que deve estar sendo trabalhado na secretaria municipal de Educação. Isso pode favorecer quem já trabalha na secretaria e está tendo contato com estes assuntos. Fora que em uma prova sobre um município do estado do Rio de Janeiro, o edital pedia informações sobre a História do Pará e, claro, não caiu nada sobre o assunto – disse a candidata.

Algumas provas foram aplicadas no município de Barra Mansa e as voltadas para os cargos de Orientador Educacional, Supervisor Pedagógico e Supervisor Educacional chegaram com atraso de uma hora a uma das escolas em que a prova estava sendo aplicada. Devido às reclamações, a IBEG, empresa organizadora do concurso assumiu ter tido problema no transporte dos malotes que iam para uma escola de Barra Mansa e as provas para os três cargos foram canceladas, ainda sem data para nova aplicação.

Mas, segundo denúncias feitas ao jornal BEIRA-RIO, as provas cujos editais foram lançados na última semana também devem ter problemas. Isso porque os procuradores comissionados que trabalham na Prefeitura de Resende ajudaram a elaborar a licitação de contratação do certame e provavelmente selecionar os conteúdos cobrados para o cargo de Procurador Jurídico. Só que muitos deles também pretendem se inscrever no concurso, o que poderia levar a um favorecimento destes candidatos, já que tiveram contato com o que ia ser cobrado antes de o edital ser oficialmente publicado.

A Prefeitura de Resende e a Diretoria do Ibeg foram procurados para explicar os questionamentos de alguns candidatos e problemas apresentados durante o concurso, mas não haviam se pronunciado até o fechamento desta edição.

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