Amizade: vamos ter muitas

Amizade: vamos ter muitas e cada uma delas com sua jeito próprio de acontecer. Cada um de nós é capaz de citar alguns amigos que nos são caros e preciosos. Ao elenca-los podemos observar que cada uma dessas amizades chegou de forma especial e tem uma forma própria de existir.

Algumas pessoas chegam quando temos muito pouca idade e nos acompanham como testemunhas oculares, de fato e de direito da nossa construção pessoal, podendo contribuir para que nossa memória seja reavivada.

Outros chegam para o happy hour. Aqueles amigos leves, alto astral, sempre com uma palavra animadora e o conselho que nos fortalece e impulsiona. Alguns chegam para os favores da vida. Quebram nossos muitos galhos, organizam as coisas, resolvem tudo e sem eles estaremos de pés e mãos atadas. E o que dizer dos confidentes? Não são todos, é fato, um privilégio de poucos.

Existem os amigos que aparecem de uma hora para outra, em geral quando mais precisamos, e nos surpreendem ao proporcionar as mais belas experiências de suporte e conforto da alma. Surgem justamente quando essa alma está rota e esfarrapada. Esses amigos costuram, remendam, chuleiam e bordam nossas cicatrizes com ponto de cruz ou ponto paris. Outros, sabemos, são limitados em suas ações e em algumas vezes nos decepcionam quando deles precisamos. Entretanto, se a amizade for verdadeira, vamos continuar querendo bem e vamos perdoar esse episódio que não saiu conforme o esperado. Se não conseguirmos, devemos questionar a importância da pessoa em nossa vida e se nutrimos realmente alguma amizade por esse ser que, como nós, sofre de imperfeição.

Uma amizade deve ser sempre uma via de mão dupla, onde as pessoas se comprometem com o coração e procuram ler no amigo aquilo que eles mais precisam. Contudo, o modo de sentir vai ser sempre particular, único, singular. Isso pode gerar algum ciúmes por parte dos desavisados. Mas se procurarmos esse entendimento, vamos guardar esse sentimento ruim em uma caixinha e perder a chave para sempre.

Alguns amigos nos devotam mais amizade do que damos em troca. Da mesma forma, o contrário.

É importante, entretanto, termos em mente que os amigos são sempre perdoados se amizade for sincera e vier da alma. Que não é preciso estar junto todo dia e nem cobrar essa presença. Aliás, amizade que cobra e se deixa cobrar não é amizade. Amigo que é amigo entende ausências, faltas, pecados e eventuais maus humores. Perdoa fraquezas e momentos ruins. Diz o que precisa dizer e nos defende quando merecemos. Entende que toda amizade é construída por seres humanos e, que por ser humana, é falha, é falta, é lacunar.

Amigo pode ser aquele que a gente quase nunca vê, mas quando isso acontece é como se nunca tivesse se separado de nós. É um reconhecimento imediato, um encontro de almas, um colar de corações que nos envolve e nos suportam em um mundo árido e , de certa forma, injusto.

Quem tem um amigo para abraçar sabe que é sempre acolhedor e caloroso o ouvir do coração do outro no mesmo compasso do seu, sintonia perfeita, saudade sem fim!

Amizade é coisa cara, conquista eterna e manutenção periódica. É uma tatuagem forjada e desenhada em nós com penas de carinho e alegrias sem fim!

Ângela Alhanati
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Livre pensadora exercendo seu direito à reflexão