Nessa semana comemora-se o DIA INTERNACIONAL DA MULHER

Nessa semana comemora-se o DIA INTERNACIONAL DA MULHER.

Coisa que poucos sabem é o porquê do dia e também que temos um dia nacional, 30 de abril. A história aponta, como evento originário, um incêndio em uma fábrica têxtil de Nova York em 1911. Em represália, trancaram cerca de 130 operárias e incendiaram o local. Elas morreram carbonizadas. Já o dia nacional foi instituído por lei e ocorre no dia do nascimento de Jerônyma Mesquita, líder feminista (ela nasceu em 1880 e a lei é de 1980).

Enfim, eis a breve explicação para quem exige flores e bombons, além de outros mimos, mas não se preocupa com o porquê das coisas.

Recebi muitas homenagens e manifestações, mas declinei; não me acho merecedora.

Não sou o tipo de mulher mártir, que merece homenagem ou mesmo ser reverenciada pelo simples fato de que me considero uma mulher fora da curva. Sou branca, classe média, bem nascida. Meus pais fizeram questão que eu estudasse e tivesse independência financeira. A isso, meu pai justificava: ” Filha minha nunca vai ouvir desaforo de marido e só vai ter os filhos que puder prover. Se amor não se obriga, dinheiro não se precisa.” Eu achava o máximo seu discurso libertador e progressista!

Estudei o que quis e o que não quis. Ganho meu dinheiro e tenho meu patrimônio. Viajei sozinha com a mochila nas costas por lugares que a maioria só se arrisca em excursão e olhe lá. Em muitos desses lugares dirigi by my self e sem GPS, somente com um mapa no banco do carona. Nunca fui estuprada e nem recebi assédio que me violentasse ou marcasse a alma.Não fui mutilada e nem tive meus sonhos de liberdade ceifados. Nunca apanhei de homem, nunca fui espancada. Nunca fui humilhada por ser mulher e nem tive a dignidade retalhada. Sou mãe e trabalhadora, sem precisar lutar demais por isso.

Rompi tratados, traí os ritos. Quebrei a lança, lancei no espaço. Me casei com quem quis, me separei, namorei e me casei novamente muito consciente da escolha, abertamente apaixonada por um homem que me respeita, valoriza, apoia e me incentiva em todos os sentidos, principalmente a ser fiel à minha identidade e independência.

Não me considero embotada e tenho poucas amarras. Por exemplo, posso perfeitamente convidar um amigo para jantar sem me preocupar com o que as pessoas vão pensar de mim, pois o que elas pensam não é um problema meu. Mesmo! Tenho isso muito bem resolvido.

Exerço minhas escolhas, pude e continuo podendo escolher. E pago pelas consequências responsavelmente. Não sou vítima e nunca fui ultrajada.

Portanto, não mereço reverências ou homenagens. A vida foi fácil para mim e me contemplou absurdamente. Mas talvez seja o cimento que me construiu que me fez solidária e sensível, talvez seja o que me faz olhar para tantas mulheres que precisam e muito de um pouco do tanto que tive. Para essas bravas mulheres, tenazes e lutadoras, resistentes e persistentes, é que destino todos os olhares e homenagens desse dia 08 e de todos os dias do ano!

Ângela Alhanati
contato@angelaalhanati.com.br
Livre pensadora exercendo seu direito à reflexão

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