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ACORDO DO CLIMA: AGORA VAI?

Cientistas afirmam que há 95% de certeza quanto a ação do homem sobre as mudanças climáticas. Alterações do clima sempre existiram, mas agora, segundo esses cientistas, a interferência humana está acelerando essas alterações. Poluição atmosférica mata, são cerca de dois milhões de mortos por ano, segundo a Organização Mundial de Saúde.

Enquanto existir petróleo, vamos respirar fumaça, mesmo com a melhoria da tecnologia usada na fabricação de motores considerados menos poluentes. Mas quem garante que esses motores são efetivamente menos poluidores? Se fossem, uma das gigantes da indústria automobilística não teria necessidade de alterar o software que mede a carga de poluição lançada na atmosfera pelos seus “modernos e eficazes” motores. Não foi exatamente isso que fez a Volkswagen? A conferência de Paris decretou o início do fim da era do Petróleo.

Não precisamos de conferências mundiais para começar a agir para melhorar a situação das mudanças climáticas. Temos dever de casa para fazer, basta vontade e competência. Reflorestar o que foi desmatado, e que hoje está abandonado, é o primeiro a ser feito. Mais florestas significam mais chuvas regulares e menos ar poluído. Isso passa pelo poder municipal e pela mobilização da sociedade.

O Vale do Paraíba, desde a sua ocupação original, vem sendo vítima da mono cultura econômica. Já foi a do café e hoje está sob o jugo da nômade e instável indústria automobilística. Nossos dirigentes políticos, principalmente prefeitos e governadores, consideram mais prioritário plantar fábricas do que florestas. E fazem isso de forma ditatorial, sem ouvir a sociedade civil, adulterando as vocações naturais dos municípios. A Rede Médias Cidades (ReMeCi), em pesquisas realizadas por onze universidades, retrata bem os efeitos danosos dessa equivocada política que hoje vigora na antes bucólica e aprazível Região das Agulhas Negras.

Por analogia, vemos o Rio Paraíba, e demais rios brasileiros, como uma conta bancária conjunta, onde os correntistas (municípios) não se conhecem, não se falam, sacam sem avisar aos demais e nada depositam (investimentos em proteção ambiental). Resultado: a conta está zerada, e em algumas épocas do ano fica no negativo (volume morto).

A crise hídrica que enfrentamos não será resolvida apenas com a ajuda de São Pedro. Mesmo com a ajuda divina, vamos ter que fazer a nossa parte. Chuvas ocorrem com mais regularidade onde existem florestas. O Brasil assumiu no encontro de Paris compromissos de recuperação de áreas degradadas, e isso passa, entre outros, pela plantação de florestas.

Infelizmente, pela nossa cultura do curto prazo, do realizar sem planejamento, do iniciar e concluir dentro de um mesmo mandato, políticos não são sensíveis às ações de longa duração. Plantar florestas significa recuperar o solo, produzir, plantar e acompanhar o crescimento de milhões de mudas, entre outras ações, e auferir os lucros decorrentes da venda de produtos e serviços ambientais. Os investimentos necessários serão expressivos, gerando milhares de empregos sustentáveis, melhorando o desempenho da economia regional. Estamos tendo a oportunidade de começar a exercitar a tão decantada e tão pouco praticada economia verde.

Podemos transformar o Vale do Paraíba, através das técnicas do consórcio agricultura, pecuária e floresta, em um dos maiores celeiros do país. Isso significa aumentar a capacidade de seqüestro de gases de efeito estufa, melhorar a proteção do solo, produzir alimentos mais próximos dos principais centros de consumo, reduzir as emissões decorrentes da diminuição da quantidade e do tempo das viagens de transporte de alimentos, inserir o país na economia da floresta em pé, gerando milhares de empregos, e elevar e melhorar a qualidade do nosso PIB (Produto Interno Bruto).

A economia da floresta em pé, de onde são extraídos princípios ativos, fármacos e essências para a produção de cosméticos e alimentos, entre outros produtos e serviços, movimentou, apenas em 2014, R$ 20,8 bilhões em regeneração florestal e extrativismo, segundo o IBGE. De acordo com a Bioamazônia, uma rede de laboratórios de pesquisa, o nosso mercado de biotecnologia é da ordem de US$ 500 bilhões por ano.

Um dos compromissos assumidos na conferência de Paris é injetar na economia dos países pobres e em desenvolvimento US$ 100 bilhões por ano. Por que, então, não começar desde já a elaborar os projetos? Por que, então, não criamos um Consórcio Regional das Agulhas Negras para elaborarmos, em conjunto com todos os municípios da região, os nossos planos de ação? Se ficarmos na dependência dos nossos prefeitos e vereadores nada acontecerá. Eles não têm tempo. O tempo deles é usado para articulações, reeleições, nomeações, e promoções pessoais. Portanto, cidadãos conscientes de Resende, Itatiaia, Porto Real e Quatis, mãos a obra. Enquanto isso, vale relembrar Caetano Veloso, em Sampa:

“Do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas
Da força da grana que ergue e destrói coisas belas
Da feia fumaça que sobe, apagando as estrelas
Eu vejo surgir teus poetas de campos, espaços
Tuas oficinas de florestas, teus deuses da chuva”

Eliel de Assis Queiroz/Instituto Agulhas Negras (INAN)

2016: MAIS UM ANO DA EDUCAÇÃO

Interessante seria lembrar nosso público leitor que estamos a iniciar um ano de larga importância para nosso país. Sim, porque neste 2016 temos bons passos a serem dados no Sistema Nacional de Educação, previsto na Constituição Federal, em seu artigo 214, e na Lei 13.005/2014 (Artigo 13), que institui o PNE (Plano Nacional de Ensino).

No cumprimento dos objetivos deste Plano, a participação da sociedade como um todos é de tão grande importância que o próprio MEC (Ministério da Educação) estabeleceu o chamado Plano de Mobilização Social pela Educação, com a intenção de que a família e a comunidade possam se envolver na posição de atores do processo e não apenas como plateia, participando, assim, das soluções de que tem pressa o nossa sistema de ensino, sobretudo o ensino público.

Para que se tenha uma ideia do quão pragmático é o PNE, ele contextualiza vinte metas a serem cumpridas no período de sua vigência – 2014 a 2024 – , partindo do príncípio de que precisamos, através de um esforço contínuo, eliminar o foço das históricas desigualdades sociais, que têm seu principal pilar nas diferenças da educação básica oferecida a cada um dos segmentos da sociedade. Nesse sentido, nós, resendenses, a sociedade como um todo, precisamos nos debruçar em um esforço de cooperação com os profissionais da educação, para que possamos melhorar nossos dados no IDEB. Essa sigla significa Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, índice este estabelecido pelo MEC e que reúne “em um só indicador dois conceitos igualmente importantes para a qualidade da educação”: a taxa de reprovação dos alunos e resultados das provas de português e matemática. No IDEB, nossos índices, os de Resende, particularmente, podem ser melhorados e para isso precisamos tomar como exemplos municípios que conseguem bons resultad
os, apesar de enfrentarem dificuldades imensamente maiores do que as nossas. Este é o caso de Pedra Branca, no agreste do estado do Ceará, que alcança índices bem superiores aos nossos. Por que será? Mágica, feitiçaria, ou pé no chão?

O PNE parte do princípio de que não se faz educação de qualidade com profissionais mal pagos, pois, como em qualquer outra atividade profissional, são da maior importância o entusiasmo e a paixão, mas só se paga conta no fim do mês com dinheiro. Assim, na sua Meta 17, o PNE se lança em apoio ao professor e estabelece o objetivo de “equiparar seu rendimento médio ao dos (as) demais profissionais com escolaridade equivalente”.

Para que, não só a Meta 17, mas todo o PNE se efetive com realidade, é preciso que toda a sociedade se mobilize, inclusive junto às lideranças de associações de bairro e vereadores, fazendo gestão para que eles nos representem junto ao poder executivo municipal, levando à frente nossos desejos e apreensões no tocante à educação, principalmente de crianças e adolescentes, antes que os descaminhos da vida os leve ao desânimo e aos desvios em relação à honradez e à efetiva cidadania.

Professor D’Almeida

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