Quem pensa? Fácil entender a maioria dos vereadores verborrágicos: fiam-se na imunidade e são desprovidos não apenas de inteligência, mas principalmente de ética!

Boa parte dos vereadores de Resende estão no colo do prefeito José Rechuan Junior. Na verdade é mais fácil encontrar vereador no pátio da prefeitura durante a semana, do que nos gabinetes trabalhando em prol da população, seja em projetos, seja em fiscalização, atribuições que deveriam nortear o papel de representante dos chamados edis. Quem nos dera, estes vereadores de Resende se comportassem de fato como edis, preocupados com o bem público, sua funcionalidade e atendimento ao coletivo.

Alguns – verdade seja dita, que não se pode generalizar – usam o espaço legislativo para discursar contra pessoas e empresas não públicas. Abusam da imunidade porque lhes falta ética. Do contrário, teriam assuntos de interesse coletivo e, não apenas, agirem como se vê nas sessões, como bebês chorões, cheios de mimimi, expressão usada comumente pelo vereador Pedra, (PDT). Usam a Casa de Rui Barbosa que já morreu 10 vezes se revirando na tumba – é tumba, não zumba – para tratar de contendas pessoais, desqualificar e ameaçar as pessoas, além de mentirem para si próprios, porque o público ou boa parte dele, já os conhecem.

Um comportamento tão apequenado que não deixa dúvida que se valem do escudo da inviolabilidade para ultrapassar o limite do decoro parlamentar. Mas claro, que nem um outro vereador, mesmo os que não compartilham deste comportamento criaria corpo independente para denunciar aqueles que se comportam e até causam inveja aos biltres. E assim, seguirão por mais um ano e tentarão voltar com suas estratégias domésticas e falaciosas, que pode até dar certo durante algum tempo, mas depois do que temos assistido sobre a situação de Resende e como este governo deixará a cidade, muito dificilmente conseguirão manter-se incólumes aos questionamentos do eleitor.

Alguns poucos vereadores conseguiram manter-se longe da política rasa e individualista, e um ou outro se destacou por não rezar de joelhos diante da cartilha do Executivo, ainda que muitas vezes, com medo do isolamento, tenham se omitido. Resende corre o risco de ficar falida; dívidas já tem e muitas, serviços de quinta categoria foi um presente de grego que Rechuan e os contratos milionários os proporcionaram e ainda proporcionarão até 2016, porque a sanha megalomaníaca de querer fazer coisas que custam milhões ao invés de de cumprirem o básico como ter remédios nos postos, exames e médicos para atendimento, reajustar salário do servidor ou criar vagas para crianças que precisam de creches passam como ações secundárias e quando fazem ainda despencam.

E os vereadores são coniventes com este estado de coisas quando simplesmente não levaram adiante o dossiê Cruz, quando não investigam outras denúncias de obras, quando não abriram uma CPI para apurar a denúncia de propina feita por um empresário da construção civil, quando criam uma lei para ficar com a sobra dos recursos legislativos ao invés de devolverem aos cofres públicos para preencher as necessidades da população. Quando gastam mais de 9 milhões numa obra como a da Câmara Municipal com uma série de irregularidades como denunciadas pelo advogado Nilo Sérgio Gomes, uma obra de quatro anos; quando dão de ombros ao dinheiro desperdiçado na construção de uma creche; quando permitem o desmando do prefeito em tantas outras ações. A lista é grande e a irresponsabilidade desses vereadores também.

O mimimi é livre e dá e passa, principalmente se a falta de compromisso com o coletivo é a máxima de quem usa o dinheiro público e o tempo legislativo para desqualificar os que criticam a postura ou melhor, a falta de postura e ética da maioria desses homens “públicos”.

“Meu papel – mas até este é um termo demasiado pomposo – é mostrar às pessoas que elas são muito mais livres do que imaginam, que elas têm por verdadeiros, por evidentes, certos termos que foram fabricados num momento particular da história, e que essa pretensa evidência pode ser criticada e destruída. Mudar alguma coisa no espírito das pessoas, é este o papel do intelectual”. Eu completo: do intelectual, do jornalista, do militante das causas sociais e públicas e principalmente, de quem não tem rabo preso. Foucault é sempre uma boa leitura e referência.

Ana Lúcia

editora do jornal BEIRA-RIO

analucia@jornalbeirario.com.br

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