QUEM PENSA? Vamos plantar maracujá!

Ia me arriscar a escrever algumas linhas sobre gastos públicos com chefes de estado e a vinda do Papa Francisco ao Brasil, mas penso que este assunto já está sendo tratado com muito mais propriedade por tantos especialistas em gastos públicos e alguns, chamam a atenção para a especificidade dos custos destes chefes e também, porque não quero cometer o erro da grande mídia que prefere destacar a batedeira da Dilma, que aliás, é um modelo muito bonito e está nas novelas globais, resolvi escrever algumas linhas sobre outro assunto. Aproveitando a linha humanística do Papa com formação jesuíta, pensei também em comentar sobre a tentativa dos médicos brasileiros em atrasar a contratação de profissionais dessa área para o interior do país. Essa história de se inscreverem no programa lançado pelo governo federal só para atrasar a seleção de médicos estrangeiros realmente é um espanto. Quanto altruísmo, não? Mas deixa os “médicos” pra lá…ou melhor, mais ou menos, porque o artigo vai falar de um deles.

Isso mesmo, o médico-prefeito ou prefeito-médico, como queira, José Rechuan Júnior, prefeito da cidade de Resende que nas últimas semanas tem protagonizado momentos e ações que têm deixado seu eleitorado boquiaberto, muito mais pela falta de habilidade e trato político da coisa do que pelo que se anuncia de possíveis irregularidade e até denúncias de corrupção. Do contrário, o prefeito Rechuan não teria, segundo fontes do Gabinete, tido um acesso de fúria determinando a exoneração da então secretária de Educação Rosaly Azevedo porque ela cumpriu a lei e deu acesso aos documentos originais a um vereador (Francisco Stênio, PDT) que investiga obras em unidades escolares. E o fez, da pior maneira possível (leia matéria na página 02).

Resolvi então escrever sobre a quantas anda o comportamento instável, irritadiço e impulsivo do prefeito Rechuan depois que vi com meus próprios olhos, a inquietude denotando falta de controle de Rechuan, numa audiência que tive com o prefeito no dia 15 representando o ComSocial. Falta controle emocional ao prefeito, que na minha opinião, nem deveria ter recebido o Comitê pela Transparência naquele dia. Justifico: a falta de polidez e diplomacia que não faltariam, por exemplo, num Eduardo Meohas e num Noel de Carvalho, ainda que estivessem no olho do furacão, nem bateram à porta do gabinete naquele dia. Quando li nas redes sociais que o prefeito exonerou a maestrina do coral da terceira idade e que o apoio à participação do grupo em eventos está ameaçado (leia nota na página 02) tive certeza que Rechuan, mais uma vez, é o assunto da semana deste espaço.

Vou contar o que vi e o que percebi: eu e o presidente do ComSocial, Eliel de Assis Queiroz chegamos antes do horário e aguardamos por quase meia hora na sala do café, bem, o que pra mim não foi tão ruim assim, já que uma das coisas agradáveis da prefeitura é o café do gabinete, sempre muito bom, mas voltando ao que interessa, fomos chamados pelo próprio prefeito que até tentou uma expressão afável ao abrir a porta e em seguida cumprimentar os que entraram na sala, além do Eliel e de mim, estavam também o controlador Ludemar Pereira, o secretário de Turismo que acumula a Ouvidoria, Antônio Leão, e o procurador Alexandre Diniz. Todos acomodados à mesa, Eliel inicia sua fala. Não sei porque não filmei, só agora isso me ocorreu, porque o semblante do prefeito que tentava, eu disse tentava, ser impassível e demonstrar audiência foi se transformando numa expressão nitidamente de repulsa, que em outras palavras só faltavam gritar e pedir que deixássemos aquela sala, mas claro que o prefeito não chegaria a gritar conosco, como dizem, que nos últimos tempos tem alterado e muito a voz com os mais próximos, lá mesmo, naquela sala.

Contam os mais letrados, que um psiquiatra famoso disse: “Tudo o que nos irrita nos outros pode nos levar a uma compreensão sobre nós mesmos”, já um filósofo grego teria dito: “Qualquer pessoa capaz de te irritar se torna teu mestre; ela consegue te irritar somente quando você se permite ser perturbado por ela”. Não sei se eles estão corretos quanto a esta análise, mas sei que o comportamento do prefeito foi realmente preocupante, ele teve tiques nervosos, coisa que nunca vi antes no prefeito Rechuan: abria a boca como se estivesse fazendo aqueles exercícios de articulação, sabe? Muito esquisito, fora aquela inquietação tradicional de mexer muita sobre a cadeira e, ainda que na sua fala, tenha tentado demonstrar atenção ao assunto saímos de lá sem ouvirmos prazos para implementação do que fomos solicitar (transparência ativa), mas ouvimos do prefeito que o governo quer avançar e que vai aderir ao Programa Brasil Transparente, um programa que a Controladoria geral da União está oferecendo a custo zero para os municípios adotarem o mais rápido possível a transparência ativa mais rapidamente, além de capacitação aos agentes públicos. E como, acreditamos que palavra de prefeito é palavra de prefeito, saímos de lá querendo crer que realmente logo esta adesão seja uma realidade, porque até aquele momento não era: ali só tinha o termo assinado pelo prefeito, mas não homologado pela CGU.

Fiquei até em dúvida sobre esta palavra do prefeito, já que no dia seguinte, um release do governo foi enviado para a mídia afirmando “Resende adere ao programa Brasil Transparente”. Quem diz que o município aderiu é a CGU e não um formulário impresso pela internet e assinado (este é apenas um passo do processo), logo a notícia podia ser: “o governo inicia processo de adesão…” ou coisa parecida. Alguns podem achar que é preciosismo da minha parte, mas não é não. Quem já viu muito lançamento de pedra fundamental sabe o que estou afirmando. Mas quero crer que foi só o marketing antecipado do governo preocupado em tentar minimizar as críticas da falta de transparência, críticas, aliás, muito pertinentes.

A preocupação com as expressões e flagrante irritação do prefeito ganharam relevância para mim, na quarta-feira, dia 17, quando o ComSocial foi recebido na Procuradoria do Ministério Público no Rio pelo subprocurador-geral Ertulei Matos e pela promotora coordenadora da Tutela Coletiva no estado, Patrícia Villela. Fico imaginando que aqueles agentes públicos recebem visitas e solicitações diariamente de todo o estado do Rio de Janeiro e por mais de duas horas, sem qualquer expressão de “acabou o tempo” fomos atendidos com muita deferência e atenção. Costumo dizer que às vezes não é nem tanto o “quê”, mas o “como” que denotam se seu tempo está ou não sendo bem empregado. No Ministério Público fomos falar sobre a necessidade urgente de atendimento às solicitações que o governo municipal tem se negado a prestar, assim como um apoio à promotora Vanessa dos Santos, já que a demanda no município tem crescido muito. Vamos torcer, da mesma maneira, como estamos torcendo e colaborando para que a atenção do MP e mesmo a pouca atenção do prefeito Rechuan se concretizem em ações para um município mais transparentes e que o controle social ainda que para alguns seja um incômodo, seja uma realidade em todos os cantos da cidade de Resende.

E vamos que vamos….

Ana Lúcia
Editora do jornal BEIRA-RIO
analucia@jornalbeirario.com.br

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