QUEM PENSA? Queres ajuda, Rechuan?

Primeiro quadrimestre do ano e o prefeito baixa um decreto para “reduzir e otimizar” custos. Toma medidas, inclusive de redução de atendimento ao público e ignora necessidades dos servidores, principalmente aqueles que estudam e mães que precisam pegar seus filhos nas escolas ou creches, pois com o novo horário (12 às 18h) muitas famílias, até agora, não sabem como vão fazer para conciliar esse horário de almoço e final da tarde que prejudica e muito aqueles que têm compromissos assumidos.

Nas considerações do prefeito Rechuan ele diz que vários repasses dos governos federal e estadual estão sendo suspenso, mas não diz quais. O governo com seu jeito personalista de ser tenta sair de vítima quando na verdade sempre foi o vilão do mau uso do dinheiro público da cidade de Resende. Já provou que não tem planejamento, que atua sob resultados de pesquisas eleitorais, mostrou-se elitista e insensível às causas sociais e despreza, quando não resolve cooptar, as representações comunitárias e movimentos populares. Qualquer gestor menos umbigo teria promovido audiências públicas com servidores e população e os diversos segmentos, desde o ano passado, quando a Controladoria do município sinalizava um estrangulamento nas contas.

Nada do que está ocorrendo hoje é novidade. As prestações de contas ao longo do ano passado já demonstravam o sufoco e perigo inclusive da falência do município. Cheguei a ouvir do secretário de Finanças, Renato Viegas que tudo estava sob controle e o que se ouvia era alarde de irresponsáveis. Irresponsável é esse governo, o secretário e o prefeito que autorizam obras milionárias e deixa faltar Omeprazol na Farmácia. Irresponsável é ter um depósito de carros velhos, sob a administração da prefeitura, virando criadouro do mosquito da Dengue e contribuindo para a epidemia que se alastrou no município. Irresponsável é um prefeito cassado, administrando sob liminar que responde às demandas da população muitas vezes dando de ombros, quando não com o deboche da claque formada pelos cargos comissionados. Uma verdadeira afronta!

Deu ruim para o prefeito reeleito com mais de 60% dos votos válidos. Confundiu tudo e perdeu a chance de realmente contribuir para um município do potencial da cidade de Resende. Desde final de 2010, ainda no primeiro mandato, que o BEIRA-RIO, vem alertando para os acordos e negociações políticas que resultariam nisso aí. Denunciamos diversos escândalos, e o risco levado às pastas da Administração: do meio ambiente, da educação, da saúde, dos serviços públicos e das concessões. Uma violência em escala progressiva tirando a vida de gente muito jovem e ainda assim, uma empáfia completamente dissonante do que exige a vida de um homem público comprometido com seus eleitores e com responsabilidade para todos.

Rechuan certamente deixará uma história escrita: “o futuro apenas começou” e era só isso mesmo “apenas”. “Aqui a gente se vive”, faltou completar a frase com adjetivos ou substantivos que definissem como se vive. E por fim, “Resende pra frente” e essa frente é assustadora. A tentativa de impregnar prédios públicos com uma marca de modernidade se tornou símbolo da pessoalidade e portanto, do descumprimento de um princípio inerente ao homem público. Rechuan e as dezenas de processos que acumula, inclusive o da cassação de seu mandato é a prova da falta de publicidade, não aquela propaganda de TV, mas do que diz respeito ao que é público, caráter do que é feito em público. Neste mesmo processos e várias investigações nota-se flagrantemente o desrespeito às leis, logo, o princípio da legalidade aqui também vai para o espaço com uma frequência assustadora. As medidas do decreto já deixam claro que o governo não soube administrar, portanto eficiência não teve. Pois bem, o outro princípio constitucional que deveria ser cumprido é o da moralidade. Este, prefiro não tecer comentários. Na verdade, dispensa comentários.

Ou seja, Rechuan precisa de ajuda, precisa do que, apesar das oportunidades, não conseguiu construir: um governo forte pela legitimidade conquistada e não pelos acordos com Legislativo e outros setores. Rechuan está refém, poque assim permitiu, do que ele mesmo construiu: uma ambição desmedida e deserta das prioridades do povo. O maior exemplo foi admitir a epidemia de dengue no município, mas não decretar situação de emergência, por mera performance política, pois do contrário poderia ter obtido recursos necessários para combater a epidemia. É no mínimo antagônico, para não afirmar irresponsável, baixar decreto de redução de custos e não solicitar apoio para a dengue.

Rechuan definitivamente precisa de ajuda, até porque “Deus ama os pecadores, mas abomina o pecado”. E esse pecado pode arrastar a cidade inteira para o buraco. A pergunta que não quer calar: será que Rechuan quer ajuda?

Ana Lúcia
editora do jornal BEIRA-RIO
analucia@jornalbeirario.com.br

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