QUEM PENSA? A bunda da Paola Oliveira!

A atriz Paola Oliveira e sua linda bunda, ops, para os mais românticos leiam bumbum, ou ainda, para os mais puritanos tá valendo nádegas, mas peço licença para continuar a escrever bunda e, vamos combinar, uma senhora bunda, causou desde sua aparição na série “Felizes para sempre?” uma discussão na mídia e redes sociais sobre a aparência feminina (mais uma). A série, um remake de “Quem ama não mata”, de Euclydes Marinho guarda as devidas diferenças, afinal passaram-se três décadas; tem um enredo denso e de importante discussão que acabou se perdendo na beleza plástica de Paola. Inclusive a própria atuação da moça privilegiada e de genética invejável ficou secundária. Para ela, parece que renderá um bom dinheiro: estão falando em R$ 1 milhão o valor que ela teria pedido para aceitar ser a musa de um camarote no Carnaval do Rio de Janeiro, mas para a proposta do autor da séria, penso, não foi um bom negócio.

As temáticas que envolvem os casais e o talento precioso do elenco praticamente não ganharam espaço entre o público e na mídia. Banalizaram-se. Corrupção, traição, sexo, dinheiro, poder, amor, vida viraram coadjuvantes, já que a mídia jogou e o público aderiu a uma cena de bela bunda da personagem Danny Bond. Sugestivo o sobrenome. O assunto me remeteu a um outro relacionado, que é a falta de controle dos pais sobre o que os filhos sem idade apropriada assistem na televisão. Fico assustada ao saber que crianças de 12, 11 anos ou até menores assistem a série comentada neste artigo. A bunda é o menor dos problemas, o que me assusta são os diálogos e cenas de violência que os pais ignoram ter efeito sobre seus filhos. A sexualidade, e não a bunda, invade o mundo infantil de maneira virulenta e com a conivência dos pais ou responsáveis.

Algumas mães e pais chegam a acreditar que é muito normal a pequena filha de quatro anos pintar as unhas e usar batom ou a filha de 8 anos já alisar cabelos e fazer sobrancelhas, além de usar roupas que marcam e valorizam o pequeno corpo como se adultas fossem. Muitos desses mesmos pais num outro determinado momento não entendem como seus filhos pré-adolescentes engravidam ou apresentam comportamentos precoces. Ora, se a criança é aplaudida e arranca risos quando faz a dancinha sensual mexendo os quadris, empinando o bumbum e colocando o indicador na boquinha ou cantando os funks sexuais, às vezes pornográficos, e isso é considerado engraçado, como evitar alguns poucos anos depois uma prioridade cujos valores se resumem ao sexo, bundas e BBBs?

Lembro quando o governo tentou alimentar as escolas com um material sobre sexualidade e foi muito criticado porque queria adotar uma ação pedagógica sobre o tema; a opinião pública foi contra, havia um mal-estar e a rejeição à ação, porém parece que não há preocupação com a “educação” midiática que distorce o processo de conhecimento e vivência sexual. É verdade que não existem fórmulas para criar filhos tão pouco é possível saber se todos os valores que você acredita e que passará para seus filhos são os melhores. São para você, naquele momento e cada um sempre tenta fazer o seu melhor. Ser chata ao dizer não diariamente para os filhos que querem assistir novelas e outros programas inadequados, assim como tirar 10 ou 15 minutos para se deitar e ler um pouco para os filhos incentivando-o a continuar sozinho pode parecer muito mais trabalhoso do que deixar pra lá, ou seja, fica o filho entre seus brinquedos com os ouvidos atentos ao que se passa na TV quando não assiste cenas de sexo, de xingamentos ou violência. Podemos mudar isso, mas antes precisamos compreender que estamos equivocados. E será que queremos isso? Será que temos tempo para pensar assim? Ou estamos tão preocupados em olhar e comentar a bunda da Paola Oliveira que, não só a história de Euclydes Marinho, mas todo o resto tem posição secundária?

Ana Lúcia
editora do jornal BEIRA-RIO
analucia@jornalbeirario.com.br

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