QUEM PENSA? Hora do xeque-mate!

Meia-noite e eu parada na minha janela da cozinha, fumando minha cigarrilha, às vezes, fumo uma em homenagem aos caboclos e as ciganas esperando quem sabe uma inspiração ou um alento para entender como o mundo gira. Confesso que cheguei a conclusão que é uma bobagem querer entender o mundo, então me limito a ficar refletindo sobre como eu posso me manter distante daquilo que repulso.

E entendo que a melhor maneira de me manter longe do que considero pernicioso, venal, criminoso é cada vez mais ter informação de como essas pessoas agem e o que as motiva. Na janela olhando o céu encoberto, o silêncio da madrugada, alguns carros na Praça da Concórdia parando para aquecer o mercado da prostituição, ouvindo os gritos quero-queros do outro lado do Paraíba com seus “gritos” inconfundíveis e fiquei pensando porquê enquanto alguns contemplam outros destroem; enquanto algumas pessoas apreciam o silêncio, ao longe, e às vezes bem perto de maneira ensurdecedora, é impossível não ouvir aqueles sons nos carros que mais parecem trio elétricos, e que aliás, Resende está infestada deles, outras pessoas preferem o tumulto doentio; enquanto algumas pessoas de forma voluntária se dedicam a terceiros, os que ganham pra isso ainda metem a mão em dinheiro público.

Nesses pensamentos resolvi sentar e escrever este artigo, mas fiquei meio perplexa com a falta de limites dos agentes públicos com tudo que temos escutado nos últimos tempos, seja no país, está aí a Operação Lava-jato mostrando a cara do Brasil, seja na cidade em que moramos e no caso em tela, na cidade de Resende. Perplexa resolvi orar e dormir e deixar para acabar de escrever o artigo no dia seguinte. Com a cabeça talvez mais aliviada, de tantos pensamentos e muitos desagradáveis, e na tentativa de poder me concentrar para escrever menos comprometida com minha indignação, estas linhas que seguem talvez consigam expressar o que ainda não entendo sobre a ganância humana.

Pois bem, quando acima citei que existem pessoas profissionais em tratar a coisa pública da maneira mais vil, desprezível mesmo por completo desapego ao respeito e à moralidade e também por acreditarem que o poder, e tudo que ele traz junto, é possível calar, dominar, e/ou até eliminar as vozes contrárias me refiro em especial ao governo de Resende e ao risco de levar o município para o buraco afundado em dívidas, mas ainda assim numa tentativa de ampliar estas dívidas com empréstimos bancários para o povo pagar.

Me refiro ao governo do prefeito cassado José Rechuan que não teve o menor senso de responsabilidade ao receber as denúncias do perigo e das fraudes que ocorriam na construção da creche do bairro Morada do Contorno. Um crime, cujo desfecho, graças a uma marquise que caiu não será pior para aquelas crianças tão pequenas e indefesas que lá estavam, assim como para os profissionais que circulavam naquele barril de cimento de cabeça pra baixo.

O governo tem mostrado seu lado mais sombrio, mais assustador e pior, expressa completo descontrole. Secretários não têm apenas autonomia gerencial, criaram feudos em seus espaços, alguns competem entre si e não consideram o prefeito líder, apenas o rei. Sabe o rei de um jogo de xadrez? Pois é… rei, mas sem mobilidade. A blindagem funciona até certo ponto. O ponto? É quando as outras peças andam de maneira equivocada e aí… pimba! Fora do jogo, cada peão ou cada eminência fora do jogo é a abertura para o xeque-mate.

Já percebo, ainda que timidamente é verdade, um ajuntamento de empresários indignados com o estado de coisas que continuam acontecendo no município, não que seja surpresa para eles, mas há o perigo do desmonte e aí todos correm risco, até mesmo aqueles que vinham ganhando até agora. Os mais experientes começam a perceber que na falta de freio pode não sobrar nada na pancada, principalmente se o motorista não tiver mais o controle. É por aí. Metáforas à parte. O fato é que Resende está quebrando com a conivência dos vereadores, o prefeito resiste às medidas que ele acredita ainda o mantém no poder como a manutenção da máquina inchada de cargos comissionados, boa parte sem trabalhar, mas ganhando às nossas custas, outra parte só puxando o saco e alguns o dia inteiro nas redes sociais criando fatos positivos para o governo numa eterna prática de marketing político.

Os resendenses pecaram ao reeleger Rechuan, apostaram alto e mergulharam num perigoso estado letárgico. Muita gente ganhando direta ou indiretamente do governo e o governo com o discurso de que a arrecadação caiu. Não foi só a arrecadação que caiu, mas este assunto merece ser tratado em outro artigo. Agora, o que também começo a perceber é muita gente despertando do coma pós-reeleição e olhando em volta e percebendo que máquinas nas ruas e obras que já impressionaram muito, aliás, mostrar obra é tática de muitos políticos, como por exemplo do ex-prefeito de São Paulo, Paulo Maluf, que ficou conhecido pelo mote “rouba, mas faz”. Quem lembra?

Hoje, já sabemos que o “faz” não era verdadeiro. Na verdade, era só um “faz de contas”.

Ana Lúcia
editora do jornal BEIRA-RIO
analucia@jornalbeirario.com.br

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