Prezada Editora,
No dia 14 de março, foi inaugurada a IBR-LAM – Laminação de Metais Ltda (IBRAME), que produzirá inicialmente 70 mil toneladas de cobre por ano de vergalhões, podendo chegar a 100 mil. Estarão presentes autoridades como o Vice-Presidente da República, Michel Temer, o Governador Sérgio Cabral, o Vice-Governador, Luiz Fernando de Souza, o Prefeito Ypê entre outros.
O Secretário Denilson Sampaio afirma que “desde o início, a empresa se mostrou parceira da Prefeitura e da comunidade, o que auxiliará a administração municipal na realização de projetos importantes para a cidade”, pois pretende doar à Prefeitura, um terreno para a construção de um deck para observação de pássaros e um centro de capacitação.
O governo também afirma que a empresa utilizará “um sistema industrial desenvolvido e aperfeiçoado na Itália, e que permitirá que a fabricação não emita resíduos poluidores na atmosfera. Vinte por cento do total investido na implantação da fábrica foi utilizado para garantir este padrão internacional de produção.”
Então devemos ficar todos contentes, pois o “nosso querido governo” cuida do nosso bem estar e do desenvolvimento de Itatiaia. Será?
Como dizem os “antigos (digo isso, por que em geral, essas autoridades detestam tudo que não se pareça com a tal “modernidade” que defendem), sábios em sua experiência, devemos ficar com nosso “desconfiômetro sempre ligado” quando se trata de propaganda de governo. A realidade é sempre muito diferente do que eles divulgam.
O governo diz que a empresa é PARCEIRA, que AUXILIARÁ a administração e a comunidade DOANDO deck para observação de pássaros, centro de capacitação, que NÃO POLUIRÁ por que utilizará um sistema industrial de padrão internacional. Como assim? Quem auxilia, quem ajuda quem? Não será o contrário? Devemos ficar satisfeitos e ter como principal assunto qual BBB irá para o paredão?
Sobre a questão da a poluição, já observamos o início da destruição das turfeiras, condição essencial para a preservação de diversas espécies e especialmente dos pássaros que as utilizam para recarregarem suas energias em sua viagem migratória. A estrada construída, com uma rapidez “nunca antes vista na história de Itatiaia” já destruiu parte de uma delas, o que certamente deve ter também ocorrido na construção dos “galpões em frente a Hyundai e a P & G. Quem acompanhou/acompanha a lutados bravos resendenses para a preservação das lagoas e turfeiras por ocasião da construção da Nissan, sabe do que estou falando.
Houve estudo de impacto ambiental?
“NÃO DEVEMOS FICAR NA PROPAGANDA DO DESENVOLVIMENTISMO” deputado Marcelo Freixo
Antes, devo esclarecer que não sou contrário à vinda de indústrias, mas é óbvio que temos que estar atentos para os limites e impacto socioambiental que isso provoca.
Outro aspecto é a propaganda do governo nos passando a ideia de que essas empresas e empresários são muito generosos, desapegados sempre dispostos a ajudar nossa querida cidade. Não é bem assim, ou melhor, é exatamente o contrário.
Durante o debate sobre o projeto para a instalação da Jaguar Land Rover realizado na sessões da ALERJ (Assembleia Legislativa do Estado), em dezembro de 2013, o deputado Marcelo Freixo fez pronunciamentos muito esclarecedores sobre esse tema. Quem ainda não assistiu os vídeos deve conferir.
www.youtube.com/watch?v=MdbOQEFPAGs
www.youtube.com/watch?v=L_0cO_WdMOg
Veja alguns itens “pacote de bondades” dos governos Cabral/Pezão para os empresários destacados pelo deputado:
– DOAÇÃO de terreno pela Codin (Companhia de Desenvolvimento industrial do Estado do Rio de Janeiro) que, se confirmado, equivale a três estádios do Maracanã, que depois poderá ser VENDIDO em todo ou em parte pela empresa. Essa é a mesma “empresa” que retirou várias famílias agricultoras de São João da Barra;
– Dispensa de garantia de pagamento de empréstimo;
– Não teve estudo de impacto ambiental;
– “Serão os empregos mais caros do planeta”: investimento de 750 milhões de reais gerando 400 empregos ao custo de 1,87 milhões cada.
Mas para ficar ainda melhor para os empresários, ainda existe a tão badalada LEI MUNICIPAL PRODEMI, aprovada em junho de 2009, que tanto as “nossas autoridades” se enchem de orgulho para dizer que é a principal responsável para o “boom econômico” da cidade e o diferencial sobre as nossas cidades vizinhas “concorrentes’.
É outro “pacote de bondades” do governo Ypê que garante:
– Isenção sobre diversas taxas como localização e verificação, expedição de alvará, taxa fiscalização de concessão, de aprovação de projetos e ampliação de indústria, isenção de ITBI entre outros.
– Isenção de IPTU podendo chegar a 50%, 80% e até 95%;
– Leasing Imobiliário Locação: subsidio (ajuda, socorro, auxílio, apoio monetário governamental) que tendo como base o valor adicionado pela empresa e o incremento do ICMS, a prefeitura pode devolver às empresas 75% do incremento e até 100% do subsídio. A Prefeitura de Itatiaia devolvendo até mesmo o que houve de arrecadação.
Esse governo “Dilma/Cabral/Pezão/Ypê é ou não é uma “mãe” para os empresários?
Muito se debate sobre a Bolsa Família: sua importância para tirar famílias da situação de miséria, sobre a dependência e comodismo que acaba gerando em muitas famílias, sobre a conveniência eleitoral para os governos que tem um projeto oficial de doação, de compra de votos disfarçado, etc. Mas isso é assunto para outra ocasião.
O que eu quero chamar atenção da é a “BOLSA FAMÍLIA” dos EMPRESÁRIOS, esta sim, que transfere bilhões de reais públicos para encher os bolsos dos ricos. Se fizermos uma comparação sobre os valores destinados a uma e outra “bolsa” veremos a grande disparidade existente.
Quer dizer, o Prefeito Ypê concede isenção de IPTU para as empresas enquanto aumentou em mais de 100% para os trabalhadores dessa cidade? Devolve para esses empresários o pouco que a Prefeitura conseguiu arrecadar?
Isso é um “PROJETO DE PROGRESSO, DESENVOLVIMENTO OU SAQUEAMENTO DO DINHEIRO PÚBLICO PARA O CAPITAL PRIVADO?”
“Itatiaia é a cidade do futuro?” Mas qual futuro? E Itatiaia “sua vocação turística”? Qualidade de vida?
Quando falamos ou sonhamos com o futuro é natural relacionar com coisas boas que queremos, de melhoria de nossa qualidade de vida…
Será que o presente garantirá isso?
Continua…
Prof. Adriano
PSOL ITATIAIA
Senhora Editora,
Nesta última terça, 17, tivemos mais um confronto da sociedade civil de Resende contra os interesses em transformar a CACHOEIRA DA FUMAÇA em hidroelétrica. Lutamos contra isso há quase trinta anos e sabemos que esta não foi a última batalha. Outras virão. Na reunião realizada na sede da Agência do Vale do Paraíba (AGEVAP) vivemos um fato inusitado: a sociedade civil, o poder executivo e uma representante do legislativo, remando todos na mesma direção, ou seja: contra a construção da hidroelétrica no Rio Preto.
A única representante do legislativo presente à reunião tem ligações afetivas com a região da Fumaça, o que não tira o seu mérito. Há outros vereadores que também têm esta ligação e nem apareceram. Político sem mandato, só havia o Dr. Julianelli. Mesmo considerando o brilhantismo das argumentações de todos os membros do Conselho do Meio Ambiente de Resende, lá presentes, não tenho como não destacar a presença do Dr. Julianelli.
O Dr. Julianelli cumpriu um brilhante mandato como vereador de Resende, sendo uma voz quase solitária contra os desmandos do atual governo municipal. Agora, mesmo sem mandato, a sua luta por uma Resende decente continua. Vejo-o participando do Comitê Pela Transparência. Vejo-o nas reuniões do Conselho do Meio Ambiente de Resende, entre outros. Onde há um ato ou fato relevante para o interesse de Resende, lá está o Dr. Julianelli. Que bom seria que todos, ou pelo menos alguns dos nossos atuais dirigentes políticos, que recebem salário para isso, tivessem o mesmo desempenho e a mesma dedicação do Dr. Julianelli para com o seu município. Parabéns, Dr. Julianelli.
Eliel de Assis Queiroz
Presidente do Comitê Pela Transparência de Resende

