Ao menos uma vez por mês, há aproximadamente um ano, é possível ver voluntários recolhendo o lixo na beira rio, em Resende. O trabalho acontece mensalmente, sempre nas manhãs de domingo. Eles são coordenados por um homem de olhos puxados e, chegando mais perto do grupo, é possível ver que alguns falam português, outros japonês e mesmo assim eles se entendem.
– Começamos em abril. Eu fazia a mesma atividade no Japão e trouxe de lá as pinças e sacos. Começamos em quatro pessoas e hoje já somos mais de 20 – comemorou o chefe do grupo, o japonês Tomohiko Takeuchi, que trabalha na área de logística em uma montadora de automóveis da cidade.
Um dos primeiros integrar o grupo que fazia a coleta, o engenheiro Kazuki Okada, explicou que como não há uma data específica para fazer o trabalho, os encontros são marcados através de uma página no Facebook. Ele também trabalha na montadora e já conhecia o trabalho de Takeuchi no Japão.
– Às vezes fazemos a limpeza uma vez a cada duas semanas. Aqui tem bastante lixo. Marcamos pelo Facebook e hoje já tem mais de 20 pessoas – reforçou o engenheiro, enquanto pegava com a pinça um papel de bala que alguém havia jogado no calçadão.
O trabalho chamou atenção inicialmente dos próprios resendenses, que acabaram aderindo à causa.
– A gente viu o japonês, que é o coordenador do projeto, fazendo e viemos também ajudar. Ele empresta as ferramentas, a gente marca aqui e pega. Ninguém fala japonês, mas na hora a gente se entende – disse a psicóloga Cíntia Gastão, uma das voluntárias do grupo, que também tem engenheiros ambientais e estudantes.
No final do trabalho, todas as latas, garrafas e papeis que foram catados e colocados nos sacos de lixo são encaminhados para uma cooperativa de reciclagem da cidade para que eles o separem e façam a destinação adequada. Eles também sempre tiram uma fotografia para comemorar que o trabalho do dia foi concluído.
Hipocrisia total, eles destruíram a lagoa das turfas e agora posam de bonzinho catando garrafinhas na beira rio. Vou fingir que não sei de nada.