QUEM PENSA? Sem torcida contra. Mas que precisa moralizar, ah, isso precisa!

Comecei a escrever este artigo no início da madrugada de quinta-feira, dia 29. E portanto, muito desatualizada das notícias que ocorreram até este momento, de sua leitura. Afinal, esse louco fluxo de informação nesses tempos de tecnologias tão velozes e imprecisas, mas velozes, repito, estamos sempre desatualizados. Já me conformei e me adaptei e agora, começo a relaxar, porque não darei, e nem quero dar, conta desse volume de tantas e novas notícias. Não, não estou desistindo de ser jornalista. Apenas compreendendo que não posso competir com todos esses bytes e torcendo para que a imprecisão de algumas notícias veiculadas por aí (ou plantadas, como queiram) ainda me reserve alguns anos de atuação, já que tento seguir o caminho oposto.
Difícil jornalista manter-se em silêncio por muito tempo sobre um assunto. Quem tem experiência no assunto entende bem o que estou dizendo, e hoje, tentados pelo volume e velocidade que estas informações surgem, levar uma barriga (jargão jornalístico usado para quem perde uma informação) já não significa incompetência, mas algumas vezes, precaução e outras vezes, até a ampliação do fato.
Os veículos de comunicação que assumem, seriamente, um papel de colaborador na transformação dos processos sócio-políticos se posicionam e mostram sua linha política e sua linha de comunicação. O BEIRA-RIO caminha para os 17 anos de existência e tem se mostrado ao longo desses anos numa única posição: a da preservação dos direitos e da plena cidadania. Difícil!!! Nunca foi fácil, mas o que mais me chama a atenção é como buscam especular e/ou adjetivar o que, declaradamente, já mostrou a sua cara. Algumas pessoas têm muita dificuldade de entender que não é preciso ter cargos em governos, ser amigo do poder, desfrutar de privilégios ou se locupletar do alheio para ter uma participação nessa ágora das decisões de uma comunidade. Faço esse comentário sobre o BEIRA-RIO, porque, mesmo depois, de muitos anos, ainda encontro quem pense que a posição do jornal, e a minha são para obter alguma vantagem em governo. O JBR já viu os governos de Augusto Leivas, Eduardo Meohas (duas vezes), Silvio de  Carvalho, José Rechuan (uma vez já foi e com possibilidade de um segundo mandato) e continua do mesmo lado. Fazendo as mesmas críticas, cobrando políticas públicas e alinhado com prioridades sociais que parecem passar despercebidas pelos gestores.
Não tem torcida contra. O que fazemos é integrar o jogo contribuindo para efetivamente se exercite a cidadania, a partir do conhecimento, da informação e da transparência das questões públicas. Mas aos ouvidos dos prefeitos isso soa como adverso, contrário, oposição, pois são abduzidos para o centro do poder, onde o espaço é de apenas um metro quadrado e lá, já tem espelho em dois terços da área. Fazer o quê?
Fico observando o exemplo de Resende, que agora, como outras cidades da região, vive um momento de ingovernabilidade por conta de uma ameaça concreta de cassação do mandato do prefeito José Rechuan Junior (PP). Como disse no início deste artigo, talvez até já, quem sabe, com uma decisão, mas que essa missivista ainda não pode confirmar, seja lá qual for o resultado, do entendimento do juiz Hindenburg Brasil sobre um dos processos eleitorais contra Rechuan. Sim. Um dos. No plural mesmo. Alguns foram considerados improcedentes, mas outros ainda carecem de apreciação final do magistrado: uns com diligências, outros com vistas ao Ministério Público, outros aguardando pronúncia dos acusados e por aí vai. O fato é que não à toa as pessoas foram para as ruas pedindo ética, moralização na política e essa voz ecoa nesses novos tempos de que os abusos econômicos e o desrespeito pelo cidadão ainda marcam a conduta de muitos políticos. Independente do resultado, temos cada vez mais a certeza que o homem público precisa se conscientizar de sua responsabilidade e que apesar de muitos, demonstrarem em suas ações, o contrário, está na hora de tomarem vergonha na cara e entender que um cargo eletivo não é um cheque em branco, mas apenas uma delegação de representação, aliás muito bem remunerada para os padrões brasileiros.
Por essas e outras que, pessoalmente, tenho abraçado algumas causas em Resende, não apenas pelo interesse jornalístico, mas por entender, que esses políticos daqui já foram longe demais. Foi assim e ainda é no caso da Lagoa da Turfeira, e em outras tantas questões públicas. Atualmente, tenho debatido sobre essa vaidade do governo Rechuan em priorizar a plástica, o invólucro, personalizar as obras públicas e mais recentemente a ideia fixa de instalar uma passarela sem qualquer necessidade no centro da cidade e pagar por ela R$ 750 mil. Que loucura é essa?
A passarela-enfeite além de competir com um patrimônio do município (a Ponte Velha) aparenta ser muito mais um percurso de esforço do que de segurança, até porque, o local não apresenta qualquer estatística que indique perigo de travessia, atropelamentos ou coisa que o valha. Um dinheiro que poderia ser empregado, por exemplo, no treinamento de servidores, aquisição de equipamentos para os postos de saúde, reforma nos departamentos da prefeitura para melhorar as condições de trabalho dos servidores e melhor atender o público ou mesmo colocar uma passarela num local, onde realmente haja necessidade ou mais ainda, com esse dinheiro poderiam ser construídas, pelo menos 20 casas populares, 20 famílias poderiam ter seu teto. Mas imagina, se o governo tem olhos para quem não tem casa, quando a tentação de deixar sua marca cega o homem que deveria ser refém das necessidades do povo que o elegeu.
No Brasil todo temos exemplos muito tristes de gestores egoístas, vaidosos, narcisistas, insensíveis às causas sociais e que usam o povo para galgar um ponto mais alto na vida pública e não medem esforços e às vezes, vidas para isso. Ouço algumas pessoas falarem que o modelo Maluf ainda dá muito certo: aquele que “rouba mas faz”, aquele que impressiona pelo que aparece e não pelo que salva. Contam que o povo ainda se interessa pelos políticos que são bons de propaganda e nada humanistas. Sei lá. Penso diferente. Não quero crer que esses políticos, com exceção do Maluf, é claro, tenham vida longa na política se seguirem essas máximas. Maluf, quero crer é um exemplar em extinção, ainda que muitos discípulos devaneadores estejam espalhados aqui e acolá. Hoje as coisas estão mudadas, assim como o fluxo de informação que me referi lá em cima, e se os homens públicos não percebem pela responsabilidade que têm, perceberão pela pancada que mais cedo ou mais tarde virá. Eles estão desatualizados, não apenas das informações, mas sobretudo, dos princípios éticos e de respeito ao cidadão e à preservação dos direitos do povo. Por isso, que muita gente duvida da justiça dos homens e se agarra na Justiça Divina. Acredito que, quem acredita na Justiça Divina, não duvidará da justiça dos homens.
Ana Lúcia
Editora do jornal BEIRA-RIO
analucia@jornalbeirario.com.br

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