QUEM PENSA?

Resende vai implodir!

Quem diria que romper com a hegemonia que dominou a política de Resende há alguns anos se tornaria numa nova corrente tão mais forte e prejudicial quanto a anterior? Costumo, em minhas rasas análises políticas, atribuir ao ex-prefeito Eduardo Meohas o feito pelo rompimento com esta hegemonia primária e realmente estou convencida de que naquele momento, Resende precisava oxigenar as ações políticas e estabelecer novas diretrizes públicas, que até então faziam parte apenas dos discursos. É bem verdade, que não foi tudo isso que aconteceu, mas alguns avanços sociais – inclusive pelo caos que a cidade apresentava – são inegáveis. Claro, que muita gente não reconhece, porque os beneficiários, são ainda hoje, gente invisível ou para melhor entendimento, os pobres, os carentes os que não frequentam o Calçadão aos sábados ou tomam chopp nos points da cidade.

Mas infelizmente, esse rompimento não fez escola. Tanto que o segundo governo do Meohas já foi capenga, mas capengou não apenas por falta de planejamento e visão política, mas pelo entendimento de perpetuação de poder e, que, para isso depende de outras pessoas ou grupos. E aí mora o perigo. São muitas pessoas acreditando que podem – e fazendo por onde – substituir o prefeito, por exemplo, continuar o legado ou reinado, como queiram. Esse tempo de supremacia faz escola e desperta o interesse dos discípulos, que claro, querem e às vezes, até precisam se tornar mestres, pois nunca fizeram nada de concreto na vida: são os náufragos da incompetência profissional que ao se especializarem na política julgam-se entendedores de tudo, sem nunca terem alcançado sucesso em qualquer das partes.

Mas deixemos os incompetentes na disputa do poder e analisemos a cidade de Resende que caminha para uma implosão anunciada. Essa sim está acima dos interesses declaradamente mesquinhos e eleitoreiros que convivemos e que precisamos despertar para evitar o pior. Muitas pessoas têm me dito que pensam em deixar a cidade nos próximos anos e começam a se organizar para isso. Veja como as coisas acontecem: você, se não morrer antes, se organiza, para deixar a cidade que nasceu ou escolheu para morar porque prevê o caos. O caos anunciado é confirmado nas não-ações governamentais, na morosidade da Justiça, nos poucos recursos humanos do Ministério Público, no engessamento da Administração Pública e acima de tudo, na apatia, na inércia da população. E claro, que a tudo isso se junta, o fantasma (fantasma?) da corrupção que ronda nossas cabeças.

Mas e o caos? Onde está, você, mais otimista, pode estar perguntando. Precisa enumerar? Então vamos tentar trazer só alguns indícios do que em breve Resende amargará e pagará muito caro: o trânsito não teve soluções efetivas, só mudou o sofá de lugar. E isso, por mais que o governo Rechuan não admite, deve tê-lo atingido em cheio, afinal foi muita vaidade exposta e uma certeza de esse nó visível seria resolvido. Não foi. Está pior e ficará ainda mais. Até que o governo amadureça e entenda que trânsito não é brincadeira de arquiteto ou atendimento a pequenos grupos como se vê a todos os instantes. Do contrário, o que falar, por exemplo daquela entrada na estrada Antônio Esteves para o Condomínio Limeira? Ou da abertura, recente, na Praça da Concórdia que só atenderá ônibus de fretamento. Sim. Primeiro foi o ponto de ônibus urbano retirado do local, para que os ônibus de fretamento pudessem parar mais tranquilamente, e agora, um “contorno” atenderá mais esses ônibus, que antes, eram obrigados a seguir pela ave
nida Kenedy para um retorno ou mesmo arriscarem fazê-lo no local de forma irregular e com várias manobras. Ou seja, o tráfego é pensado à prestação, por demandas. Não existe no governo de Resende competência para resolver este problema que se avoluma. E não precisa fazer esforço para que alguém concorde com isso. Porque está nas ruas. Quem dirige sabe o que estou falado. Há, atualmente uma promessa de reduzir os espaços dos carros para criar ciclovias. Alguém viu aí os estudos que comprovam que esta solução tem boas chances de sucesso para reduzir o caos que já vivemos? Ciclovias, no mundo inteiro têm se apresentado como eficientes, mas acompanham outras medidas e não simplesmente mudar o sofá do lugar ou pintar as faixas.

O trânsito por si só, em Resende, já é um TNT prontinho, que o próprio governo está se encarregando de colocar nos pontos estratégicos. E o que falar, na minha opinião, do explosivo mais caro que boa parte da população de Resende insiste em conviver? As drogas associadas à corrupção policial hoje representam um peso considerável para esta implosão anunciada. Tanto fizeram para que Resende tivesse um Batalhão da Polícia Militar e ele veio, com ele, também vieram todas as mazelas que há mais de 200 anos se arrastam nesta instituição que luta internamente para acompanhar a evolução do mundo e o seu papel. Boa parte desta questão tem relação direta com o poder político, o interesse do município em participar mais ativamente e não apenas de reuniões, cujas fotografias circulam na mídia para dizer que “apóiam” as forças policiais.

Resende hoje está dominada pelas facções criminosas. Não é exagero meu. E lamento profundamente constatar o que a maioria prefere minimizar. Não podia ser diferente, né? Tem que aparentar que tudo está sob controle. Não está! Resende continua se apresentando como uma das cidades mais violentas do estado e do país. Jovens são mortos ou feridos na guerra das facções. Só este ano são 21 mortos. 21 MORTOS MINHA GENTE! Brinquedo não! E quase 30 tentativas de homicídio e algumas na cara de quem quiser ver. Tá ou não dominado?!

Mais? Pior que tem. E esta relacionada às benesses que o governo municipal tem feito às empresas que aqui querem se instalar. São tantos os benefícios que daqui a pouco inventam uma taxa de “fique empresário” para o povo pagar é claro. A quem interessa esse boom desenvolvimentista? Tem gente que ainda acredita que a chegada de tantas empresas só significa vantagem: emprego, dinheiro circulando no comércio, mas todo mundo sabe – não admite, é verdade, mas sabe – que a história não é bem assim. Violência, prostituição e cultura negligenciada, quando não sepultada são os resultados negativos. E sinceramente? Na balança dos prós e contras, gostaria que Resende parasse agora com este tal desenvolvimento em nome de qualidade de vida, respeito ao cidadão e contribuinte que construíram e mantém esta cidade. Porque não se engane a conta continuará sendo paga pelo cidadão, por isso que as empresas recebem todos os incentivos e ficam isentas de impostos por muitos anos. Em troca, alguns empregos. Ao contrário, do meu colega Laís Amaral que, bem lembrou Detroit, que depois do boom automobilístico foi completamente destruída, mas ainda assim se diz otimista e garante que o governo está trabalhando para evitar o caos; até posso entender os motivos que levam Laís Amaral a ser tão otimista, não posso comungar da mesma opinião. Não porque não queira, mas para começar, pelo que citei acima. E por relembrar o caso que o colega trouxe: o mesmo desenvolvimento que “construiu” a cidade americana de Detroit também a destruiu. Para quem sonha com o eldorado e insiste no ufanismo recomendo o ensaio fotográfico, acessando o link bit.ly/VFmss.

Existem outros explosivos que ganham mais poder de fogo a cada dia em Resende, mas se conseguirmos refletir um pouco sobre os que estão neste artigo já terá valido a pena ter escrito.

Estou mais convencida, a cada dia, que será apenas o controle social, ou seja, a sociedade organizada e cobrando do Poder Público que teremos algumas chances de minimizar o que se anuncia para este município. Notem que não estou falando de intenções político-partidárias ou do desejo do prefeito Rechuan se perpetuar no poder – que até é legítimo, ele assim querer – o que interessa não é o que ele e o grupo que ainda o referencia, querem, mas o que vamos permitir. Longe de ser fatalista. Muito pelo contrário. Este artigo é uma reação ao que se apresenta. Faço minha parte e continuarei fazendo.

Ana Lúcia
editora do jornal BEIRA-RIO
analucia@jornalbeirario.com.br

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One thought on “QUEM PENSA?

  1. Resende precisa urgente de grande investimento em transito,pois a cada dia chega mais carros circulando nas ruas,nossa economia baseada na produção automotiva, o governo criou IPI reduzido mesmo as montadoras colocando esse IPI no bolso a toda hora aumenta

    a frota de automóveis.Quem quiser trasito tranquilo deve mudar São José do Barreiro, Arapeí ou qualquer outra cidade pequena, quanto as drogas e os delinquentes já vai encontrá-los lá tirando a paz dos moradores e produtores rurais.

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