QUEM PENSA? Resende parou!

Já são oito meses de reeleição e a sensação e clima político em Resende causam certa estranheza. É como se a cidade não tivesse absolutamente nada a se fazer. Até serviços como varrição das ruas vemos pessoas tão idosas e tão devagar que fica a dúvida em que condições trabalhistas estas pessoas estão se expondo a poeira, lixo e trânsito nas ruas da cidade. Esse dias parei na Praça Oliveira Botelho e fiquei observando um senhor que aparentava mais de 70 anos, com seus óculos escuros e seu boné, sem luvas e uma vassoura juntava em câmera lenta as folhinhas no meio-fio. Tive vontade de pegá-lo e levá-lo para tomar um café e ouvir causos dos pretos-velhos. Um senhor daquela idade deveria estar sendo protegido pelo município e não varrendo ruas.

Minha visão foi humanista e não crítica do serviço de baixa qualidade, que também é uma realidade. É só passar por várias ruas depois de varridas que encontramos um lixo aqui outro acolá deixado até mesmo quando estão sendo recolhido com a pá. Já vi senhoras com dificuldades de levantar a pá para colocar o lixo dentro da caçamba e quando precisam pegar os sacos?  Agora pergunto, a prefeitura fiscaliza essas empresas e solicita a regularização trabalhista desse povo? Pode rir. Sabemos que não. Sabemos que a maioria das empresas de limpeza têm – por que será? – muita complacência dos administradores, dizem que até em alguns casos há uma relação quase de sentimento pessoal. Claro que o interesse pessoal é o de bem servir ao povo. Não é?

Pois bem, nem a varrição da cidade que anda quase parando, nem qualquer outro serviço ou obra impressionam – ou pra quem preferir, surpreendem – como em 2009, primeiro ano do prefeito José Rechuan. Dessa vez, não tem antecessor ruim; o antecessor é ele mesmo que foi reeleito com o discurso de que Resende não podia parar, mas parou.

O prefeito ganhou as eleições, mas continua ganhando ações na Justiça, continua com os bens bloqueados em dois processos e pelo andar da carruagem e das contratações sem licitação que vem realizando vai ganhar mais questionamentos. Os questionamentos na Justiça ou solicitações de investigações, ao contrário, do que querem fazer acreditar, os asseclas e os que precisam desesperadamente de um cargo comissionado, representam sim ameaças a governabilidade. Rechuan já não é visto nas ruas como antes. Seus discursos estão encolhidos. E o pior, anda se consumindo se tomou a decisão certa em antecipar seu apoio a Cabral em 2014, porque infelizmente, o município ao reeleger Rechuan, perdeu o prefeito.

Explico: a reeleição em município tem dessas coisas. Tenho ouvido com certa frequência: “O que houve com o Rechuan. A cidade parou, né?” E quando respondo, afirmo: é a reeleição. Outras vezes, prefiro só ouvir e fazer cara de interrogação, assim consigo perceber que a pessoa que pergunta tem a resposta, mas prefere que outra pessoa responda, quase como uma forma de se mostrar inocente. Eleitor tem dessas coisas. O eleitor de Resende tem memória curta, do contrário lembraria o que foi o segundo mandato de Eduardo Meohas, mas isso é passado, voltemos ao presente e a mais recente função do prefeito Rechuan: ele é presidente do Consórcio Intermunicipal de Segurança com Cidadania do Médio Paraíba. Nome comprido. O que faz? Não me perguntem porque não sei. Na manhã do dia 6, foi o evento de implantação do Gabinete de Gestão Integrada Regional (GGIR) envolvendo outros municípios da região. A violência na cidade não será interrompida por gabinete algum ou qualquer outra medida, mas poderá ser minimizada por ações de
políticas públicas municipais preventivas que não vemos. Pra mim, essa conversa de consórcio é só pra tirar dinheiro dos programas federais. Ação que é bom… só de Polícia, de cacete, de prisão, de aumento de efetivo. De visão meramente de repressão e não prevenção.

As facções criminosas estão na frente de qualquer Gestão Integrada. Alguém tem dúvida disso?

Pois bem, o prefeito pega uma função com nome comprido e garboso e os tiros comem solto na zona do medo semanalmente. A evasão escolar de adolescentes semialfabetizados é uma realidade que o município não consegue minimizar; não existem empregos ou formação que atraia esse público jovem que a cada dia encontra na droga seu maior lazer. O governo resolveu acreditar que toda a solução está numa escola técnica, mas como se os jovens não sabem nem ler ou escrever? E essa responsabilidade é de quem? É do município.

Interessante ter ações integradas com outros municípios, mas para quê efetivamente? De novo, serão as ações de Polícia e não aquelas singulares de cada município. E assim, Rechuan segue chegando ao fim da metade do primeiro ano de sua reeleição com problemas cada vez maiores e preocupações cada vez mais distantes da real necessidade da população.

O Centro Histórico de Resende está desaparecendo. Alguns proprietários de casarios antigos estão deixando os imóveis apodrecerem, outros sem condições também estão vendo a deterioração agravada pelos ônibus e caminhões que passam nas ruas da parte antiga da cidade, que logo será a parte fantasma, tamanho é o abandono. Só não e pior, porque a igreja Matriz funciona na praça Oliveira Botelho, do contrário, o lugar já estaria sepultado. A própria prefeitura aluga imóvel naquele local, o antigo asilo, e lá instala diversos serviços sem promover uma reforma que seja, no lugar. As obras recém-inauguradas, a maioria no ano eleitoral, ou seja, ano passado, já apresentam problemas estruturais, de infiltração e de flagrante desrespeito ao dinheiro público, sem falar em outras que não saíram do lugar, apesar dos quatro anos de governo: a creche do Contorno (leia na página 03) que o diga.

O governo perdeu o encanto e o slogan “Resende Surpreende” vira piada a cada ônibus  da São Miguel que quebra ou não aparece no horário, na cobrança absurda de esgoto que a concessionária Águas das Agulhas Negras mantém, na inércia e tentativa de mostrar serviço dos vereadores da cidade (esses é melhor nem comentar neste artigo, não que mereçam espaço privilegiado, mas para definir o papel que andam desempenhando (ou não desempenhando) não dá no espaço desta semana. O governo Rechuan ficou com cara vermelha na história da Lagoa da Turfeira (leia a matéria na página 12) e perdeu credibilidade junto à Nissan. As ações de cordialidade ou aparente “parceria” são todas protocolares depois do papelão que o município fez a montadora passar, seja pela Turfeira, seja pela retirada de terra para o aterramento da área que envolveu diretamente a Agência de Meio Ambiente gerando inclusive um processo que tem gente que afirma pode até dar cadeia.

Algumas obras aqui e acolá, em horário de preferência de muito fluxo de carros e pedestres nas ruas, são vistas e usadas ainda numa lógica às avessas e tenta convencer o munícipe que muito está se fazendo pela cidade.

O governo Rechuan ainda tem muitos “aliados” todos garantidos enquanto os serviços forem contratados ou os cargos comissionados ganhando. O governo Rechuan tem mais de cinco mil funcionários, um peso absurdo no orçamento municipal e continua sem qualquer planejamento para gerar receita própria. Se amanhã, por exemplo, os governos estadual e federal não mandarem dinheiro, a cidade vai ver a porca torcer o rabo.

Fico eu aqui, como sempre, na torcida, que os governos acertem. Sem esperança, sou sincera, mas sem torcer contra. Só não faço parte dos que batem palmas ou que usam as mãos para outros fins como por exemplo, aquela imagem dos macaquinhos que tapam os olhos, os ouvidos e a boca.

Ana Lúcia
editora do jornal BEIRA-RIO
analucia@jornalbeirario.com.br

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