Entidades repudiam novo decreto que flexibiliza reabertura de comércio em Resende

Conselho Municipal de Saúde se manifestou contra decisão de Balieiro (Foto: Reprodução)

Nesta sexta-feira, dia 29, várias entidades de Resende se posicionaram contra o novo decreto do prefeito Diogo Balieiro (DEM), assinado no último dia 27. O decreto, que prevê o aumento da flexibilização das medidas do distanciamento social, com manutenção de horários e dias de abertura de parte do comércio e shopping centers, além da reabertura de locais como igrejas, academias e parques, foi duramente criticado por partidos (PT, PCdoB e Psol), movimentos sociais (União Brasileira de Mulheres – UBM) e associações (Associação dos Professores Municipais de Resende – APMR e Comitê pela Transparência e Controle Social de Resende – ComSocial).

Através de nota, as seis entidades destacam o número assustador de mortes e internações, tanto em Resende quanto em todo o Brasil. Segundo dados atualizados desta sexta-feira, são mais de 25 mil pessoas mortas em todo o país em decorrência do novo coronavírus (Covid-19), sendo que em Resende 12 pessoas perderam a vida (fora os casos subnotificados). Os grupos ainda defendem que o isolamento social “é a medida mais eficaz para conter e achatar a curva de contágio, evitando uma superlotação nos hospitais, o que provocaria um verdadeiro descontrole e caos” e que a gestão pública deveria “incentivar a atitude de isolamento dando condições e esclarecimentos para os cidadãos adquirirem os benefícios financeiros federais”.

– As novas medidas de retomada das atividades devem priorizar a vida de cada pessoa na cidade, desde as crianças até as mais idosas. A pressão dos interesses de grupos econômicos não pode se sobrepor à defesa da vida. Prevenção é o melhor caminho. Essa retomada deve ser feita em diálogo com a sociedade e com pareceres técnicos de especialistas na área sanitária. O poder público deve, incansavelmente, desenvolver trabalho de conscientização da população para que se desloquem ao comércio e outros locais somente se for extremamente necessário.

A nota também critica uma cena que vem se repetindo em Resende (assim como no Brasil todo): a desumanidade com aqueles que se aglomeram em imensas filas na Caixa Econômica Federal para receber os benefícios de R$ 600. E também repudia a atitude dos parlamentares municipais, que segundo as entidades, há uma “ausência de uma Câmara de Vereadores propositiva, combativa e com compromisso real com a população, sobretudo com a parte mais pobre”.

– Nenhum projeto é colocado em discussão. Nossos vereadores não fiscalizam as ações governamentais, não cobram transparência e ainda alguns aproveitam junto ao prefeito para aparecerem de forma oportunista nas medidas adotadas, como por exemplo, na distribuição de cestas básicas. Não há projetos concretos para população carente e nem para pequenas empresas que sofrem com esta crise agravada pela pandemia e falta de habilidade da administração pública. Há de se destacar que antes da pandemia já havia no Brasil 13 milhões de desempregados – destaca a nota.

A presidente do ComSocial, Ana Lúcia Corrêa, também se pronunciou na fanpage do comitê, nas redes sociais. Ela critica a falta de planejamento do município para o enfrentamento à pandemia.

– Prefeito Diogo Balieiro afirma no seu último decreto que a situação epidemiológica referente a Covid-19 está controlada em Resende. Esse considerando aumenta a responsabilidade do prefeito que transmite, em plena ascensão de casos no estado, uma falsa segurança aos munícipes. Libera mais serviços e espaços coletivos. E anuncia a ampliaçao do número de leitos que vai custar R$ 5,5 milhões. Se vai ampliar é pq sabemos não há controle e queremos que amplie mesmo, mas não há sincronia nas ações. Até agora não apresentou um plano de recuperação pós-pandemia e muito menos estamos assistindo medidas para mitigar o impacto econômico na cidade – citou Ana, lembrando o alerta dos sanitaristas para o impacto que o inverno traz no sistema de saúde.

O Conselho Muncipal de Saúde divulgou uma carta aberta no mesmo dia. No documento, o conselho diz que “acompanhando as medidas municipais de flexibilização da abertura do comércio e do retorno gradual das atividades prestadores de serviços e considerando o aumento do número de casos confirmados de Covid-19, as baixas temperaturas ambientais que invariavelmente resultam no agravamento de complicações respiratórias, vem através desta carta manifestar profunda preocupação com a população resendense, que diante da normalidade cotidiana, pode interpretar que a situação de saúde instalada relativa à pandemia está controlada e vir a descuidar das medidas prevenção da transmissão viral”.

INTERNAUTA DEFENDE REABERTURA, MAS CRITICA POPULAÇÃO
Nas redes sociais, uma internauta publicou um post no grupo Bom Dia Resende defendendo o retorno dos trabalhadores às atividades. “Sempre li muitos argumentos negativos e positivos sobre a quarentena em inúmeros grupos, inclusive por aqui. Sim, precisamos retornar às atividades. Foi preciso flexibilizar a reabertura do comércio e impor regras importantes para que todos pudessem correr atrás do prejuízo se preocupando com o próximo. Nessa hora a empatia tinha que se fazer presente sim! Quantas pessoas vocês conhecem e que precisam do dinheiro conquistado em trabalho autônomo para ajudar no sustento familiar?”, acrescenta.

Em seguida ela destaca a imagem do post (uma montagem mostrando aglomerações e a angústia de um profissional da saúde) e se demonstra preocupada com a desobediência às regras de distanciamento social pela população (principal motivo pelo qual as entidades vem alertando para que não haja reabertura do comércio não essencial e locais de aglomeração).

– Agora vai a questão necessidade, que é o mostra a imagem. Será que todos estão saindo de casa por que precisam sair? Se tem que resolver alguma coisa na rua, no calçadão ou shopping, anote pra ser resolvido de uma só vez ou simplesmente verifique a necessidade. Flexibilização exige de cada um o cuidado mais que redobrado, exige também consciência não só consigo mesmo, mas principalmente com os que trabalham incansavelmente na linha de frente nesse momento tão preocupante – finaliza a internauta.

Foto: Reprodução/Redes Sociais

Você pode gostar

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O limite de tempo está esgotado. Recarregue CAPTCHA.