Presença de pombos preocupam mães de alunos de Ciep no bairro Toyota

O retorno às aulas do ano de 2020 começou com muita preocupação para duas mães e uma avó de alunos que estudam no Ciep 347, no bairro Toyota, em Resende. Há três anos, elas denunciam a proliferação e a invasão de pombos no interior da escola. E até o momento pouca coisa foi feita para inibir a presença das aves, consideradas nocivas à saúde.

– A direção da escola já está ciente do problema. As diretoras falaram que fazem análise da água de seis em seis meses e que já providenciariam as telas. Mas já começaram as aulas e até agora nada – explica a dona de casa Mônica Cristina Nunes de Carvalho da Silveira, mãe de um aluno de 8 anos.

Ela conta que tem observado os animais desde o ano passado nas dependências da escola, tanto no telhado quanto nas salas de aula e no refeitório, versão confirmada por outra mãe. “Nosso problema maior agora é o pombo (mesmo com a presença de urubus no local), ele entra no refeitório junto com os alunos, e pode transmitir doenças”, respondeu a dona de casa Juliana Lopes Santos.

Ainda que elas não conheçam nenhum caso de alunos ou funcionários diagnosticados com doenças contraídas por causa da presença das aves, Juliana revela que o vereador Odair Ozório (PSD) – que vem acompanhando as reclamações das mães – contou às mães que perdeu um colega com uma doença contraída das fezes do pombo. No entanto, ela está preocupada com as crises de asma com as quais uma das filhas, de 10 anos, tem sofrido (ela também tem outra filha de 8 anos).

– No ano passado, a minha filha de 10 anos teve asma pela primeira vez. O quadro se agravou na época e ela precisou ficar uns seis dias no balão de oxigênio, meses mais tarde tive que correr pra UPA outra vez com o mesmo problema. Ela fez exames, e estamos aguardando o resultado pra saber o porquê dessas crises.

Juliana reclama do atendimento que a direção vem dando aos pais quando questionam sobre o problema dos pombos e a demora em colocar a tela. “O pessoal barra a gente do portão da escola pra fora quando vamos pra questionar sobre isso. Depois, a diretora deu a desculpa de que a tela não poderia ser colocada pelo município porque o prédio ‘é tombado e pertence ao estado'”, desabafa a dona de casa. Ela diz que acompanha o problema há três anos e nunca se chega a uma solução. “O secretário na ocasião (Mário Rodrigues, ex-secretário do Governo Rechuan) disse na época que não podia fazer nada”, ressalta.

A dona de casa Fátima Gomes da Silva – avó de dois alunos, um de 12 anos e outra de 10 anos – conta ter flagrado as aves entrarem dentro do refeitório. “Quando eu fui a escola pra buscar meus netos, achei um grupo de pombos que havia entrado para o refeitório, aí pedi a direção pra tomar providências e duas pessoas retiraram os bichos lá de dentro. Além disso, eles costumam fazer ninhos dentro dos aparelhos de ar condicionado”.

Elas também recordam que em uma das salas de aula (onde estudam os filhos e neta de 8 anos das entrevistadas) foi encontrado um pombo morto em estado de decomposição atrás do armário. “Em novembro do ano passado, nossos filhos tiveram que estudar com um mau cheiro de carniça que vinha detrás do armário onde a professora guarda os seus materiais e aí acabaram descobrindo que o corpo de um pombo havia sido encontrado atrás desse móvel”, completa Juliana.

Já a dona de casa Mônica destaca que o vereador Odair Ozório vem acompanhando o caso e que recebeu dele um áudio na semana passada (dia 6 deste mês), respondendo parte dos questionamentos sobre a colocação das telas.

Segundo o áudio, Ozório explica que esteve no dia 5 na sede da Secretaria de Educação, foi informado que a empresa que está responsável pela realização do serviço não conseguiu comprar a tela para colocar nas janelas, mas que estaria tomando providências, e confirmou a mesma informação dada às mães de que a água consumida no local passa por uma análise a cada seis meses.

A equipe do jornal BEIRA-RIO entrou em contato com a Secretaria de Educação de Resende solicitando informações sobre as medidas a serem tomadas pra colocar a tela e inibir a entrada dos pombos, mas não obteve resposta até o momento.

PERIGO PARA A SAÚDE
Segundo dados do Ministério da Educação, os pombos são aves que vivem com facilidade nas cidades, morando em edificações onde costumam fazer seus ninhos em telhados, forros, caixas de ar condicionado, torres de igrejas e marquises, mas causam prejuízos por danificar as estruturas dos prédios. Como não costuma ter predadores, a população desses animais cresce muito rápido e o aumento de sua quantidade tornou-se um grave problema de saúde, pois, podem causar várias doenças graves que podem levar à morte ou deixar sequela, entre elas se destacam:

– salmonelose: doença infecciosa provocada por bactérias. A contaminação ao homem ocorre pela ingestão de alimentos contaminados com fezes animais;

– criptococose: doença provocada por fungos que vivem no solo, em frutas secas e cereais e nas árvores; e isolado nos excrementos de aves, principalmente pombos;

– histoplasmose: doença provocada por fungos que se proliferam nas fezes de aves e morcegos. A contaminação ao homem ocorre pela inalação dos esporos (células reprodutoras do fungo);

– ornitose: doença infecciosa provocada por bactérias. A contaminação ao homem ocorre pelo contato com aves portadoras da bactéria ou com seus dejetos;

– meningite: inflamação das membranas que envolvem o encéfalo e a medula espinhal.

Entre as medidas de controle desses animais estão umedecer as fezes dos pombos com desinfetante antes de varrê-las; utilizar luvas e máscara ou pano úmido para cobrir o nariz e a boca ao fazer a limpeza do local onde estão as fezes; vedar buracos ou vãos entre paredes, telhados e forros e colocar telas em varandas, janelas e caixas de ar condicionado e principalmente nunca alimentar os pombos.

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