Defensores dos animais reclamam de descaso com gatos envenenados em Resende

Defensores reclamam do descaso do poder público com o controle populacional dos animais

Na manhã do último sábado, dia 11, um grupo de defensores dos animais de Resende (que inclui as ONGs SOS 4 Patas, Amigos dos Vira Latas e Esperança dos Anjos) estiveram em frente a sede da agência do Sine, no bairro Campos Elíseos, em Resende, para chamar a atenção da população para o drama dos gatos de rua que costumam ficar no interior do Sine e outros imóveis vizinhos, situados a Rua Gulhot Rodrigues, através de uma manifestação. Segundo os organizadores, durante as festas de Natal e Ano Novo, no mês de dezembro do ano passado, os felinos do local voltaram a ser vítimas de crueldade.

– Há um ano e meio, envenenaram uns 15 gatos aqui nas redondezas, e agora retomaram a matança dos animais aqui perto do Sine. Sempre tivemos autorização para alimentar os animais que vivem nas ruas, especialmente em outro ponto daqui da calçada, próximo à futura sede de uma funerária. Entre domingo e segunda-feira (da semana que antecedeu o Ano Novo, entre 29 e 30 de dezembro do ano passado), a quantidade desses gatos diminuiu e aí encontramos vários deles mortos com sinais de envenenamento – explica uma das voluntárias participantes do evento.

Durante a manifestação realizada por volta das 11 horas, a diretora da ONG Amigos dos Vira-Latas, Sandra Nascimento, se pronunciou a respeito do caso. Para ela, a Prefeitura de Resende não vem cumprindo com a realização do controle populacional adequado dos animais de rua. “A gente faz um trabalho com os animais de rua há muitos anos. A gente tenta os alimentar à noite porque eles existem. Não adianta fingir que eles não existem, e pedir pra não alimentá-los porque assim eles vão para outros lugares. Vão sair pra quê? Pra morrer de fome? Já que eles existem por negligência de outras gestões anteriores do poder público na cidade, que não fizeram o controle populacional desses animais através da castração, nosso dever é cuidar deles”.

Ainda de acordo com ela, o descaso com os animais de rua faz com que estes sejam vítimas daqueles que querem fazer tal controle populacional por meios ilegais e cruéis a cães e gatos. “Muita gente daqui, seja do comércio local ou moradores acabam incomodados com esses animais, especialmente porque eles precisam fazer suas necessidades fisiológicas, e aí esse pessoal se acha no direito de fazer o controle populacional através de substâncias como o chumbinho (veneno muito utilizado para o controle de animais nocivos), que tem a venda proibida por lei aqui em nosso país. Infelizmente temos casas de venda de produtos pra animais que também vende esse produto”, lamenta.

Ela e outros defensores acreditam que o chumbinho esteja sendo utilizado para envenenar os animais, já que há poucos anos o proprietário de uma loja em Resende foi autuado por vender chumbinho e responde pelo crime em liberdade. A descoberta aconteceu poucos meses depois que outra protetora dos animais perdeu um cachorro de 2 anos que criava em sua casa. Um exame de autópsia solicitado por ela apontou a causa da morte do animal.

– Meu cachorro foi envenenado com chumbinho, pois mandei coletar todo o material do corpo dele pra fazer necrópsia no laboratório de uma universidade (da Universidade do Estado de São Paulo – Unesp, em Botucatu, no interior paulista), que constatou a presença desse material. Não sei quem fez isso com o meu cachorro, mas o que queremos é combater a venda ilegal do chumbinho aqui na cidade – diz a diretora da SOS 4 Patas, Alba Bento.

A equipe do jornal BEIRA-RIO teve acesso ao Registro de Ocorrência (RO) realizado na 89ª DP em setembro de 2015. O chuumbinho teve sua venda em lojas proibida oficialmente no Brasil em 2012, e em todo o país em 2017.

Mesmo com a morte de muitos gatos, sede do Sine ainda abriga sobreviventes do envenenamento

DESRESPEITO À LEI MUNICIPAL
Os protetores relatam que por várias vezes, em diferentes gestões do município, relataram a Prefeitura de Resende e ao Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) sobre o caso dos animais abandonados, não apenas nas proximidades do Sine, como em outros lugares de Resende, mas que sempre foram ignorados. Para eles, isso caracteriza um desrespeito a Lei aprovada no município há quatro anos (Lei 3187, de 14 de julho de 2015, que “Dispõe sobre a criação do Programa Municipal de Incentivo Fiscal de Apoio ao Bem Estar Animal e dá outras providências”), que prevê medidas como a castração, a criação de canis e gatis, e também a realização de feiras de adoção dos animais.

O descaso denunciado pelos protetores não se limita somente ao envenenamento dos cães e gatos. A aposentada Zilda Aparecida Leopoldina, conhecida por alimentar cães de rua com ração comprada através do dinheiro arrecadado com reciclagem de lixo, denunciou a falta de atendimento do CCZ a um dos animais encontrado com problemas de saúde. “Levei no ano passado um cachorro de rua que sofria com um tumor venéreo ao Centro de Controle de Zoonoses, e deixei lá pra que o mesmo fosse medicado e depois destinado a adoção. Na noite do mesmo dia que o levei, o encontrei na mesma rua onde se encontrava e ele voltou da mesma maneira que saiu dali. Reclamei lá no CCZ e a desculpa que deram era de que o caso dele não tinha cura e que era preferível deixá-lo daquele jeito. Mas o levei em uma clínica particular de um bairro aqui perto (no Montese) e lá ele foi tratado e ficou curado”.

Outra resposta que os protetores alegam ter recebido de funcionários que trabalham no CCZ sobre o não atendimento dos pedidos de resgate e atendimento aos animais é de que o local só estaria funcionando de dia. Zilda revelou que entrou na justiça contra o órgão público. O jornal entrou em contato com a Prefeitura de Resende, e até o momento ainda não obteve resposta.

A Polícia Civil de Resende (89ª DP) colocou à disposição da população o telefone para receber qualquer tipo de denúncia anônima de maus tratos contra os animais. O número é (24) 97401-1015, e o denunciante não precisa se identificar.

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