Cabeça d’água: especialista sugere ampliação de projeto preventivo do PNI

Para Douglas, projeto de prevenção a banhistas pode ser ampliado para a região

As altas temperaturas deste verão faz com que todos os anos Itatiaia receba turistas e moradores de municípios vizinhos em sua região de balneário para um banho nos rios e cachoeiras. O problema é que junto com o calor da estação existem os perigos provocados pela chuva, que cai de forma mais frequente nesta época, entre eles o de uma cabeça d’água, registrada no último domingo, dia 20, resultando na morte de dois banhistas na localidade do Paraíso Perdido.

Esta semana, o jornal BEIRA-RIO entrevista o voluntário e especialista em Logística de Desastres, Douglas Sant’Anna, destaque do jornal há três anos, após o trabalho realizado e prol dos moradores que sofreram com o desastre ambiental de Mariana/MG em 2015. Ele cita a diferença entre a cabeça d’água e a tromba d’água, já que ambas são constantemente confundidas.

– A tromba d’água é um vórtice colunar (tornado), que acontece tanto na água salgada quanto na água doce, provocando chuva forte que cai localizada em um determinado ponto, provocando enchente na cabeceira de um rio. Já a cabeça d’água acontece depois de uma chuva forte que aumenta o nível do rio rapidamente provocando enxurrada por conta do fluxo de água – esclarece Douglas.

Ele ressalta que é importante que haja alertas de segurança nesses locais, uma vez que é comum a despreocupação dos banhistas com o perigo de uma cabeça d’água. “Normalmente as pessoas buscam se banhar em ribeirões e/ou cachoeiras para se divertirem, relaxarem e refrescar, e em sua maioria vão em grupos de famílias ou amigos, assim se distraindo. Por isso são importantes as sinalizações e os sistemas de emergência, para orientar e alertar caso estejam em risco”.

O voluntário destaca a necessidade de transformar os moradores dessas localidades em multiplicadores de medidas preventivas, como forma de ajudar inclusive tanto aqueles que visitam o local pela primeira vez quanto os visitantes que não se preocupam com os riscos. “Para ambos (os tipos de visitante), verificamos a extrema necessidade de medidas preventivas, para os moradores, inclusive, para que eles sejam multiplicadores”.

Ainda que não tenha atualmente acesso aos planos municipais de prevenção na Região das Agulhas Negras, Douglas acredita que outras ações poderiam ser incluídas nas medidas de prevenção de ocorrências e desastres, como a implantação de ações de monitoramento dos rios mais frequentados por banhistas, sirenes fixas ou móveis, sinalizações, rota de fugas e pontos de encontros bem notórios para todos, além de acompanhamento por profissionais de segurança através de rondas, inibindo possíveis problemas e auxiliando desinformados.

– Também acredito ser válido um mapeamento dos pontos indicados para os banhistas com sua classificação de risco, e este material exposto à sociedade de forma que possam saber onde são os locais apropriados para banhos e as suas devidas informações de prevenção e emergência.

Ele acredita que todas as medidas deveriam passar por uma análise mais apurada e uma maior integração junto aos órgãos locais, além de sugerir a ampliação em parceria com os municípios de um projeto divulgado pelo Parque Nacional do Itatiaia (PNI) em 2014 na imprensa, mostrando como é o trabalho preventivo realizado nas dependências do parque.

Placas de segurança ficam muito distantes umas das outras, segundo frequentadores

VOLUNTÁRIO RECOMENDA SAÍDA IMEDIATA DA ÁGUA
Ainda assim, o voluntário dá as dicas para aqueles que pretendem visitar essa e outras regiões de rios e cachoeiras. Ele aponta que alguns sinais são possíveis de notar em uma situação de cabeça d’água, como mudança na coloração da água (ficando mais barrenta e suja), a presença de galhos e folhas, barulhos provenientes de algo como água, rochas e galhos em colisão e também o aumento do nível e velocidade de escoamento.

– Quando notamos chuva na cabeceira do rio e, sinais dessas mudanças, a recomendação é sair da água o mais rápido possível e procurar locais mais altos e seguros. Antes de ir se banhar em locais como rios, ribeirões, praias ou cachoeiras, é importante tomar, previamente, conhecimento de informações climáticas e de segurança (locais indicados para banhos) e rota de fugas, além de estabelecer um ponto de encontro com os amigos e familiares. Além disso, nunca se banhar em locais ermos e, em caso de chuva, não se arriscar a entrar nas cachoeiras e rios – completa.

Fotos: Reprodução/Redes Sociais

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