Ailton Marques: “O transporte será nossa prioridade número um”

No último dia 29 de julho, Porto Real passou a ter um novo comando. Vice na chapa de Jorge Serfiotis (PMDB), que morreu no dia 30, um dia depois, Ailton Marques (PDT) tomou posse depois de uma determinação da juíza Priscilla Dickie Oddo, da comarca do TJ-RJ de Porto Real-Quatis, que afastou Serfiotis do cargo. Antes vice-prefeito e lotado na pasta de Obras, o jornalista e narrador esportivo Marques abriu mão do cargo de secretário para abraçar uma responsabilidade ainda maior.

Segundo ele, a prioridade número um do município é o transporte público. Ele também reitera que a exemplo de outros municípios, Porto Real também sofre com a queda na arrecadação junto a outras esferas públicas (Estadual e Federal), e que prosseguirá com o trabalho administrativo iniciado por Jorge Serfiotis no início deste ano. Confira abaixo a entrevista do jornal BEIRA-RIO com Ailton Marques, o novo prefeito de Porto Real.

jornal BEIRA-RIO – Em primeiro lugar, quem é o Ailton Marques?

Ailton Marques – Eu sou Ailton Basílio Marques, 47 anos, jornalista, morador de Porto Real, de origem mineira, mas fluminense (de nascimento) e trabalhador.

JBR – O que te levou a compor a chapa com o Serfiotis durante o período eleitoral?

AM – Eu conhecia o trabalho do Serfiotis desde a emancipação (de Porto Real do município de Resende). Ele foi o precursor, um grande lutador, pioneiro e já tínhamos, por mais que tivéssemos disputado eleições de lados opostos, maa eu já sabia do potencial, do carinho e do amor que ele tinha pela cidade de Porto Real. E a aproximação começou em 2010 quando ele me convidou através do filho, Alexandre Serfiotis (PMDB), que na época era o secretário de Saúde, para ser candidato a vereador em um dos partidos que pudessem compor a chapa dele. Eu já tinha recebido à época o convite do PDT, um partido que eu sempre gostei, e aceitei. A gente concorreu a eleição de 2012. Fiquei feliz, fui um dos mais votados, o segundo mais votado. Me elegi vereador. Talvez por um destaque na vereança, ele me convidou para compor a chapa dele como vice-prefeito. Foi um fato que me deixou muito honrado, e aceitei, e então acabamos ganhando a eleição.

JBR – Vocês tinham juntos um programa de governo para o município. O que pretende manter, e o que deverá ser modificado após a sua posse na prefeitura?

AM – Nós montamos um programa de governo juntos, então não tem o porquê de uma mudança tão radical. Não vamos mudar, vamos procurar cumprir o programa que a gente apresentou à população e adaptar, obviamente, de acordo com o momento, com a ocasião, e com a realidade financeira, inclusive, do município. Se a gente fez junto, a gente tem que colocar em prática. Tem que ser junto, infelizmente ele (Jorge Serfiotis) não está mais aqui, mas temos que honrar com o que foi decidido lá atrás. Talvez a gente não vai conseguir tudo, mas a gente vai buscar cumprir.

JBR – Quando os dois assumiram, no início deste ano, como vocês encontraram as finanças da prefeitura? E como estão fazendo para tirar as contas do vermelho atualmente?

AM – Não é um privilégio de Porto Real, au acho que a esmagadora maioria dos municípios brasileiros tiveram problemas financeiros com a queda da arrecadação. Com Porto Real não foi diferente. De fato, a gente teve o dissabor de encontrar a prefeitura com dívida. Mas é um desafio. De sanar esses problemas, esse é um desafio nosso. E eu acho que não me cabe culpar o que passou. A gente precisa resolver o problema daqui pra frente. A partir de 1º de janeiro, o problema passou a ser nosso. Então, nós temos que resolver. A gente lamenta muito porque Porto Real foi uma cidade que mais arrecadou no estado do Rio de Janeiro, uma época em que a economia estava no topo. E infelizmente com o enfraquecimento da economia do país, os municípios enfraqueceram e culminou nessa situação financeira desastrosa de praticamente todos os municípios do Brasil. Tem sido um desafio, como disse na resposta anterior. A gente vai evidentemente buscar sanar, fazer o que é necessário, o essencial. Então a gente vai tomar algumas medidas, o Jorge já estava tomando essas medidas de saneamento, redução de contratos, algumas medidas que a gente tem feito desde o dia 1º de janeiro. É claro que a gente não conseguiu o nosso intento ainda, até porque isso é um processo vagaroso. Então algumas coisas a gente vai ter que cortar porque era desejo dele inclusive. Então a gente já está com esse levantamento quase pronto, foi uma determinação dele. Infelizmente a gente esta terminando após a morte do Jorge, mas o nosso objetivo era entregar antes, não depois. Mas não deu tempo, não conseguimos entregar antes. E vamos colocar em prática, cada secretário teve o seu papel, cada secretário teve que desenvolver um processo. E a gente, a partir desse segundo semestre, deve buscar colocar em prática. A gente vai resolver isso, não com uma varinha de condão, como muita gente pensa que as coisas acontecem por aqui, mas sim com muito trabalho. É o nosso foco.

JBR – E quando o Serfiotis teve de se afastar para tratar da saúde, como ficou o comando na prefeitura antes de sua posse definitiva? Nesse caso, você já havia assumido alguma função que ele exercia como titular no cargo?

AM – O comando no cargo de prefeito sempre foi dele. O prefeito nunca se afastou, ele sempre esteve presente. Mesmo quando não vinha para cá, ele despachava de casa. Ele não ficou mais de 15 dias afastado das suas funções. Depois com a doença e com a internação, no mês de julho, aí sim ele ficou afastado mais de 15 dias e a família enviou um ofício pedindo o afastamento dele. A gente sempre teve um comando, que sempre foi do Jorge Serfiotis, não teve comando de terceiros. E eu exercia também a função de secretário de Obras. Além de vice-prefeito, eu era secretário de Obras. O que coube a minha pasta a gente procurou desenvolver, respeitando o prefeito, a família e a todos. Cuidei da Secretaria de Obras, a gente fez um trabalho de limpeza da cidade, do lixo, entulho e do mato. Estamos aí com alguns projetos, colocamos toda a iluminação do Parque Mariana, colocamos as luzes que eram tão pedidas pela população, fizemos o processo licitatório para o asfaltamento das ruas aqui no Centro, em especial da Avenida B, seguramente uma das vias mais importantes do município hoje. Devemos dar essa ordem de serviço ainda nesta semana. Inclusive tomamos conhecimento hoje (sexta-feira, dia 4) da empresa que vai fazer a pavimentação lá do Parque Mariana, por exemplo, de algumas ruas de lá (com a posse de Ailton como prefeito, Luis Tavares assumiu a pasta).

JBR – Atualmente, qual tem sido o maior problema administrativo para o Executivo resolver dentro da cidade?

AM – O transporte público. É o nosso tendão de aquiles. Temos que resolver com urgência a questão do transporte municipal, é o nosso desejo de rapidamente resolver. A economia não nos proporciona mais oferecer esse serviço gratuito (o transporte dos ônibus gratuitos, apelidados pela população como “De Gracinha”). Esse serviço 0800, oriundo da administração passada, teve o contrato encerrado em setembro. E o que soubemos é que naquele momento a prefeitura não teve mais condições de renovar, e por isso estamos sem o transporte até hoje. Como a gente quer fazer direito, com permissão, estamos encontrando os entraves burocráticos pela frente. Vai ser cobrado o valor da passagem, só não sabemos qual o valor da tarifa. Será um processo licitatório, mas a gente quer oferecer o melhor transporte possível. Já iniciamos a abertura do processo da licitação, agora estamos cumprindo com os trâmites.

JBR – Recentemente, o jornal BEIRA-RIO teve a oportunidade de entrevistar os funcionários de uma empresa terceirizada que prestava serviços para a saúde municipal. Eles contam que estão com dificuldades para receber o que esta empresa deve, já que vários deles foram demitidos. O que está sendo estudado para ser feito junto a essa empresa e regularizar a situação?

AM – Foi feito um novo contrato, uma outra empresa ganhou essa licitação de terceirização da saúde. Foi feito um acordo lá atrás entre empresa, empregados e sindicato, em que os terceirizados receberiam em 10 parcelas. Já receberam três e faltam mais sete para receber. A gente vai procurar evidentemente, honrar com a nossa parte. Nosso principal entrave realmente é a questão que assola o país inteiro que é a queda de recursos, pois Porto Real infelizmente não é mais aquele oásis. Tem suas dificuldades financeiras. Mas o que couber à gente, vamos procurar resolver.

JBR – Com a sua posse, como ficou a relação entre Executivo e Legislativo?

AM – Temos uma relação de independência, a Prefeitura tem o seu papel e a Câmara também. É óbvio que os vereadores são eleitos pelo povo e estão procurando ajudar da maneira deles no desenvolvimento do município. Não temos atrito, e nós como Executivo temos que ser fiscalizados pelos vereadores. E estamos procurando fazer tudo dentro da lei, da ordem, e a Câmara até tem nos ajudado muito, os vereadores estão fazendo o papel deles.

Foto: Arquivo

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