Telegram suspensa temporariamente. Neonazismo pode ser a causa.

Semana passada comentei aqui, a disposição do Ministro da Justiça, Flávio Dino de buscar a regulamentação das plataformas digitais e da Internet para coibir a difusão de fake news e outras barbaridades. No dia 26 passado, a Justiça Federal do Espírito Santo suspendeu o aplicativo Telegram por não atender amplamente a entrega de dados de usuários suspeitos de pertencerem a grupos neonazistas. A Justiça ainda estipulou a multa de 1 milhão de reais por dia pelo não cumprimento da determinação.

A investigação sobre as ligações do jovem que em novembro do ano passado invadiu uma escola em Aracruz (ES), com grupos neonazistas, seria a principal motivação para a Justiça requisitar informações do Telegram. Na ocasião ele matou quatro pessoas e feriu outras tantas. Uma suástica teria sido encontrada, camuflada na roupa que usava.

Independente do imbróglio do caso com a Telegram, e que certamente deverá se estender a outras plataformas a partir de casos distintos, há o fato preocupante e inquietante, que entendo como o principal fator de todas essas ocorrências nas redes, que é o assombroso crescimento de células ou núcleos neonazistas no país.

Diversos trabalhos de pesquisas, entre os quais o da antropóloga Adriana Dias, divulgado no Fantástico tempos atrás, quem viu deve lembrar, dizia que o Brasil possui hoje pelo menos 530 células neonazistas, abrangendo em torno de dez mil pessoas. Um crescimento de 270,6%, de janeiro de 2019 a maio de 2021. Os números de 2022 ainda não foram computados.

Não é mera coincidência o crescimento exponencial da extrema direita no país a partir da posse de Bolsonaro. Seria cansativo reproduzir a quantidade de fatos e atos que associam o ex-presidente a esse campo ideológico. Mas um deles é decisivo: A antropóloga encontrou, por acaso, cartas de Bolsonaro pulicadas em Sites neonazistas, datadas de 2004, segundo matéria do ‘Brasil de fato’.

O jornal O Globo também pulicou matéria mostrando o crescimento de inquéritos policiais associados a manifestações nazistas no país a partir de 2019. Antes eram de 4 a 20 casos por ano e que em 2019 saltaram para 69 ocorrências e em 2020 foram 110 casos. É infantilidade ainda acreditar que o capitão é apenas um idiota, um trapalhão, um corrupto, um ladrão. Ele é bem mais perigoso pelo que representa e não é de hoje que tem seu lado político definido. A gente volta ao assunto.

Você pode gostar

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O limite de tempo está esgotado. Recarregue CAPTCHA.