“Tremendão” se foi: morre o cantor e compositor Erasmo Carlos

Morreu na tarde desta terça-feira, dia 22, o cantor e compositor Erasmo Carlos, também conhecido como Tremendão. Ele se encontrava no Hospital Barra D’Or, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, onde estava internado desde a manhã de segunda-feira, dia 21.

Erasmo tinha 81 anos e vinha há alguns meses tratando uma síndrome edemigênica, doença que ocorre quando há um desequilíbrio bioquímico, dificultando a manutenção dos líquidos dentro dos vasos sanguíneos. Geralmente é causada por doenças cardíacas, renais ou dos próprios vasos. Ele havia recebido alta no início do mês após ficar internado por nove dias no hospital, com um quadro de edema. Ainda assim, a causa da morte não foi informada.

Antigo parceiro de Roberto Carlos desde a adolescência, Erasmo Esteves nasceu no Rio de Janeiro. Adolescente e fã de rock, ele conheceu o amigo em 1958, quando este o procurou atrás da letra de “Hound dog”, hit de Elvis Presley, que iria cantar na televisão. Desde então, Erasmo e Roberto foram (quase) inseparáveis.

Um ano antes, Roberto tinha fundado com Tim Maia (que entregava marmitas na casa de Erasmo – às vezes com alguns pastéis subtraídos), Arlênio Lívio e Wellington Oliveira o grupo The Sputniks, desfeito em pouco tempo por causa de uma briga entre Roberto e Tim.

Com a saída deles, o Sputniks passou a se chamar The Snakes, incluindo Erasmo (que trabalhava como secretário do compositor, radialista e agitador Carlos Imperial – em homenagem a ele e Roberto, por sinal, o cantor adotou o “Carlos” em seu nome artístico).

Erasmo foi tentando a vida como compositor e como cantor do grupo Renato e Seus Blue Caps, até partir para a carreira solo em 1964, gravando “Terror dos namorados”, uma das primeiras parcerias com Roberto.

Ainda em 1964, Erasmo teve seu primeiro grande sucesso, “Festa de arromba”, escrita com Roberto Carlos – assim como “Quero que vá tudo pro inferno”, gravada por Roberto e que se tornou o hino da jovem guarda, o movimento que começou em 1965, quando eles estrearam, na TV Record de São Paulo, juntamente com Wanderléia, o programa dominical de mesmo nome – um sucesso avassalador desde a primeira edição.

Com o fim do programa “Jovem Guarda” Erasmo passou por uma crise, mas logo voltou ao sucesso com a canção existencial “Sentado à beira do caminho” e com o samba-rock “Coqueiro verde”, parcerias com Roberto.

Ao longo dos anos 1970, Erasmo se tornou uma referência para a jovem geração do rock brasileiro, seguiu compondo com Roberto (e foi por ele homenageado na canção Amigo”). Muitas das parcerias foram sucessos com o Rei (“Detalhes”, “Cavalgada”, “Além do horizonte”, “Café da manhã”), outras com o Tremendão (“Filho único”, “Minha superstar”, “Pega na mentira”, “Mesmo que seja eu”) e algumas ainda com outros intérpretes (como é o caso de “Lembranças”, gravada com sucesso pela cantora Katia).

GRAMMY LATINO
Dias antes de morrer, Erasmo foi agraciado com sua última homenagem em vida: o Grammy Latino. O cantor ganhou o troféu de Melhor álbum de rock ou música alternativa em Língua portuguesa. Foi essa, inclusive, a última postagem registrada nas redes sociais.

“É tão importante entender o conceito, quanto ouvir a música. Existem várias formas de amor, e eu preciso de todas. Obrigado a todos que contribuíram para mais essa vitória, esse Grammy é o reconhecimento do nosso trabalho. O ‘Futuro pertence à Jovem Guarda’!”, escreveu o Tremendão.

No álbum, o artista revisita sucessos da era que o lançou ao estrelato, mas cantando músicas que ainda não eram conhecidas em sua voz. O projeto se tornou um xodó do eterno garoto do rock.

Foto: Guto Costa/Divulgação

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