No dia 16 de novembro de 1983, morria no Rio de Janeiro a escritora de novelas Janete Emmer Dias Gomes (foto), conhecida pelo nome artístico de Janete Clair. Por causa de seus sucessivos êxitos no horário das 20h, o mais nobre da Rede Globo, Janete passou a ser conhecida também como “Maga das Oito”, “Dama das Oito”, “Nossa Senhora das Oito” e “Usineira de sonhos”, por Carlos Drummond de Andrade.
Janete Clair nasceu Jenete Stoco Emmer, filha do comerciante libanês Salim Emmer e da costureira de ascendência ítalo-portuguesa Carolina Stocco. Depois de passar uma infância tranquila em Conquista, no Triângulo Mineiro, no Vale do Rio Grande, o talento de Janete para a vida artística começou a despontar quando a família se mudou para Franca, em São Paulo. Na Rádio Herz, a principal emissora da cidade, Janete fazia sucesso interpretando canções em árabe e francês.
Aos 14 anos, precisou interromper temporariamente a vida artística e se dedicou a trabalhar como datilógrafa para ajudar na renda da família. Depois, já na capital paulista, fez estágio num laboratório como bacteriologista e aos vinte anos passou num teste para ser locutora e rádio atriz da Rádio Tupi. Adotou o nome artístico Janete por ser de mais fácil pronúncia, e o sobrenome Clair, foi uma inspiração na música “Clair de Lune” de Claude Debussy por sugestão de Otávio Gabus Mendes. Nessa época, trabalhando na rádio, conheceu e se apaixonou por seu futuro marido, o dramaturgo Dias Gomes.
Nos anos de 1950, já casada e incentivada pelo marido, passou a escrever radionovelas e teve grande sucesso com Perdão, Meu Filho (Rádio Nacional, 1956). Com Dias, Janete teve os filhos Guilherme, Alfredo, Denise e Marcos Plínio, este falecido ainda criança com dois anos e meio, fato que a fez sofrer demasiadamente.
Na década de 1960 iniciou a produção para a televisão, com as telenovelas O Acusador e Paixão Proibida, ambas pela TV Tupi. Depois teve uma temporada em Minas Gerais onde escreveu a novela Estrada do Pecado para a TV Itacolomi, volta ao Rio e adapta A Herança do Ódio, de Oduvaldo Vianna, para a TV Rio.
Em 1967, recebeu a incumbência de alterar a trama da telenovela Anastácia, a Mulher sem Destino, da Rede Globo, para reduzir drasticamente as despesas de produção. Ela, então, inseriu na história um terremoto que matou mais da metade dos personagens e destruiu a maior parte dos cenários. Depois disso, ficou em definitivo na Rede Globo, onde escreveu telenovelas como Sangue e Areia, Passo dos Ventos, Rosa Rebelde e Véu de Noiva.
Nos anos de 1970, escreveu algumas das telenovelas de maior sucesso da história televisiva nacional, como Irmãos Coragem (1970), Selva de Pedra (1972) e Pecado Capital (1975), período este em que passou a ser chamada de “a maga das oito”, por garantir índices de audiência estratosféricos nas telenovelas exibidas neste horário, sendo, em muitas, indiscutivelmente imbatível.
Em 1978, parou o Brasil com a telenovela O Astro, em torno do mistério “Quem matou Salomão Hayala?”, personagem então interpretado por Dionísio Azevedo. Janete Clair se tornou a maior autora popular da história da televisão do Brasil, a única a alcançar 100 pontos de audiência.
Janete morreu precocemente, vitimada por um câncer no intestino, enquanto escrevia a telenovela Eu Prometo, que deixou inacabada. Esta acabou sendo concluída pela colaboradora Glória Perez, que viria a tornar-se reconhecida e respeitada novelista, e pelo seu viúvo Dias Gomes.
Foto da Janete Clair: Reprodução/Internet
Fonte: Wikipédia