INB anuncia afastamento de funcionária denunciada por racismo e transfobia em Resende

Funcionários da fábrica da INB em Resende ficaram ofendidos com atitude racista e transfóbica de colega, e decidiram denunciar o caso ocorrido no último dia 13 (Foto: Arquivo)

Em nota divulgada à imprensa, a Indústrias Nucleares do Brasil (INB) anunciou que afastou temporariamente do cargo a empregada que foi denunciada nesta quinta-feira, dia 29, ao Ministério Público e à Polícia Civil. A chefe da Gerência de Comunicação Institucional da empresa, Cláudia Maria Rangel, é acusada de racismo e transfobia durante a seleção dos novos convocados para trabalhar na Fábrica de Combustível Nuclear de Resende.

O caso foi registrado na 89ª DP (Resende) por parte de empregados das Indústrias Nucleares do Brasil (INB) de Resende, e do Sindicato dos Mineradores de Brumado e Microrregião, que representa a categoria de trabalhadores da empresa. Conforme foi adiantado em uma matéria publicada pela jornalista independente Tania Malheiros em seu blog, na última terça-feira, dia 27, os funcionários já estavam incomodados com as ofensas e denunciaram o ato da colega há cerca de 15 dias à Ouvidoria e ao Conselho de Ética, além da diretoria de finanças e administração.

Segundo a denúncia formalizada no registro de ocorrências da delegacia, no dia 13 de setembro a chefe – em conversa com outra colega do setor de Recursos Humanos enquanto discutiam a convocação de aprovados no último concurso público – teria começado a fazer comentários preconceituosos assim que soube que haveria a contratação do profissional aprovado na vaga destinada a negros e pardos, e que não aceitaria a pessoa na mesma área que ela.

Posteriormente, ao saber que o mesmo profissional declarou ser transgênero após a aprovação no concurso, ela ainda chegou a questionar em voz alta que “além de preto é viado essa p…?”. Além disso, é citado na ocorrência que a mesma funcionária insinuou que o concursado seria demitido após os três meses da experiência exigida aos recém-convocados.

Na reportagem da jornalista, o vice-presidente do Sindicato, Lucas Mendonça, ainda lembrou que na ocasião em que foi feita a denúncia “houve prevaricação no caso”, sendo que até então, o crime de racismo e transfobia vinha sendo mantido em sigilo pela empresa, mas se tornou público entre os empregados, que decidiram, portanto, formalizar a denúncia.

Na ocasião da inscrição para o concurso público, o candidato aprovado para a vaga de analista de comunicação se identificava como do gênero feminino. No entanto, ele comunicou a INB que atualmente adota o nome social de gênero masculino, sendo, portanto, transgênero. A funcionária acusada e denunciada pelas ofensas tem relação próxima com o presidente da INB, Carlos Freire Moreira, e ocupa cargo de chefia na Gerência de Comunicação Institucional desde o ano de 2019 na empresa.

Ainda dentro da nota publicada, a INB informou que o caso está sendo acompanhado de perto pela Diretoria Executiva, que “não coaduna com nenhum ato de discriminação de gênero, identidade sexual, raça e etnia, condição física, classe social, procedência geográfica, estado civil, idade, religião, cultura e convicção política”. E que desde a ocorrência do referido evento, já está sendo conduzida a devida apuração dos fatos pelos órgãos competentes internos. Além do afastamento de Cláudia, foi instaurada sindicância para dar prosseguimento às apurações.

Em relação ao candidato, a empresa reitera que os processos de admissão de concursados estão ocorrendo normalmente, conforme estabelecido no edital do concurso, e o mesmo assumirá o cargo na próxima semana. E ainda reforça “que sempre primou pelo atendimento da legislação relativa às cotas raciais”.

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