No Dia de Hoje – 6 de julho

O jovem Joseph Meister foi o primeiro ser humano vacinado contra a raiva, em 1885 (Foto: Reprodução/Internet)

No dia 6 de julho de 1885, foi imunizado com sucesso o primeiro ser humano com a vacina antirrábica, utilizada contra a raiva, uma doença sem cura e que costuma ser letal em quase 100% dos casos. Na ocasião, Joseph Meister, um menino de apenas nove anos, fora mordido dois dias antes por um cão que tinha a doença. Filho do padeiro Joseph Meister Anthony, como de costume foi a uma cervejaria na vizinha vila de Maisonsgoutte, distante alguns quilômetros de onde vivia, a fim de comprar fermento.

Ao chegar na aldeia foi atacado pelo cão de um taberneiro, Theodore Vonne, que também fora ferido levemente pelo animal; Joseph, contudo, sofreu mais cruelmente – tendo ao todo 14 mordidas em sua perna e braço direito. Ele passou a ser então uma possível cobaia para o cientista Louis Pasteur na descoberta de um tratamento eficaz contra o surto de raiva que atingia a França na ocasião. Em 1852 o governo francês ofereceu uma recompensa a quem indicasse um tratamento.

Em 1880 Pasteur voltou sua atenção para o problema. Auxiliado por cientistas como Émile Roux, Charles Chamberland e Louis Thuillier, em 1881 conseguem isolar o vírus. Efetuam a passagem do agente entre coelhos e, dessecando sua medula espinal e submetendo-os à ação de potassa, conseguem um vírus mais “estável” (com virulência e incubação constantes), e que podia então ser reproduzido em laboratório, de modo a se produzir uma vacina.

No ano de 1884 descrevem para a Academia de Ciências de Paris que, após sucessivas passagens, a virulência diminuía. Passam a usar experimentalmente em animais a vacina que produziram. A 25 de março de 1885 Pasteur escreve a Jules Vercel dizendo que ainda não se atrevera a experimentar a vacina em humanos, aventando mesmo a possibilidade de se contaminar e realizar o experimento em si mesmo.

No entanto,  o jovem Meister, após ser examinado por um médico que tratou das feridas do menino, ante a gravidade e número das lesões, recebeu o diagnóstico de uma possível infecção por raiva. Longe dali, o cão do taberneiro foi autopsiado, sendo encontrados em seu estômago restos de palha, feno e madeira – constatando-se assim que estava realmente raivoso.

Dessa fora, Vonne então, no caminho de volta, para num café onde relata o ocorrido; ali alguns presentes contam ter lido nos jornais sobre os experimentos de Pasteur, inoculando a vacina experimental em cães com sucesso; ele, então, retorna à vila e, procurando os pais do garoto, lhes relata o que soubera.

Vonne, Meister e a mãe foram para Paris, onde encontraram, no dia 6 de julho, o cientista, que recebeu a visita inesperada. Inicialmente, se mostrou relutante em iniciar o tratamento, afirmando que não podia se responsabilizar pelo jovem, já que fizera seus experimentos apenas em animais, mas nunca em seres humanos. Foi quando a mãe então pediu-lhe para que fizesse uma experiência, dizendo que Meister já estava condenado, e que era melhor tentar o único tratamento que havia.

Pasteur queria, antes de iniciar o tratamento – e também porque, não sendo médico, este deveria ser feito por um profissional habilitado – consultar a dois colegas, os doutores Vulpian e Grancher, que concordaram com a situação de morte certa do menino, bem como na realização do tratamento, que tem início naquela mesma noite, pelo médico Grancher.

O tratamento durou até o dia 16, com doses crescentes da vacina sendo aplicada, num total de 21 sessões; exausto, Pasteur foi descansar em sua residência no Jura, recebendo de Gracher relatórios diários sobre o estado de saúde do garoto. A 27 de julho, Meister e sua mãe foram liberados e retornaram para a vila natal. O sucesso daquele experimento pioneiro marcou a primeira vitória contra a raiva em seres humanos na história.

Pasteur observa a primeira aplicação da vacina antirrábica em um ser humano (Foto: Reprodução/Internet)

ATUALMENTE
Há uma série de vacinas disponíveis que são seguras e eficazes e podem ser usadas para prevenir a raiva antes e durante um período de tempo após a exposição ao vírus, como, por exemplo, pela mordida de um cão ou morcego. A imunidade que se desenvolve é de longa duração, depois de um curso completo. As doses são normalmente administradas através de injeção na pele ou no músculo.

Após a exposição a vacinação é normalmente utilizado junto com raiva de imunoglobulinas. Recomenda-se que aqueles que estão em alto risco de exposição serem vacinados antes da exposição potencial. As vacinas são eficazes em humanos e outros animais. Na vacinação de cães é muito eficaz na prevenção da propagação da raiva para os seres humanos.

A vacinação antirrábica pode ser usada com segurança em todos os grupos etários. Cerca de 35 a 45 por cento das pessoas podem desenvolver vermelhidão e dor no local da injeção por um breve período. Cerca de 5 a 15% das pessoas podem ter febre, dores de cabeça ou náuseas. Após a exposição ao vírus da raiva não há contra-indicação para seu uso.

A maioria das vacinas não contêm timerosal. As que são feitas de tecido nervoso são utilizadas em alguns países, principalmente na Ásia e América latina, sendo menos eficazes e com mais efeitos colaterais. Seu uso não é, portanto, recomendado pela Organização Mundial de Saúde. A primeira vacina antirrábica foi seguida por uma versão melhorada em 1908.

Milhões de pessoas em todo o mundo foram vacinadas e estima-se que isso salva mais de 250 mil pessoas por ano. Está na Lista de Medicamentos Essenciais da Organização Mundial de Saúde, os medicamentos mais necessários, eficazes e seguros em um sistema de saúde. O custo bruto em países em desenvolvimento está entre 44 e 78 dólares para um curso de tratamento em 2014. Nos Estados Unidos, o custo do tratamento com a vacina antirrábica é de mais de 750 dólares.

Fonte: Wikipédia

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