Conselho da Petrobras anuncia mais aumento de preços após governo não conceder subsídio

Petrobras reajusta o preço da gasolina nas refinarias neste sábado (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

A partir da meia-noite desta sábado, dia 18, começa a vigorar mais um aumento de preços por parte da Petrobras. O anúncio foi feito pela estatal na manhã desta sexta-feira, dia 17. Os preços da gasolina e do diesel vendidos às distribuidoras sofrerão um novo reajuste, algo que não acontecia com o diesel desde 10 de maio (há 39 dias) e com a gasolina desde 11 de março (há 99 dias). Os preços do GLP não serão alterados.

O preço médio de venda de gasolina para as distribuidoras passará de R$ 3,86 para R$ 4,06 por litro (alta de 5,18%). E o diesel passará de R$ 4,91 para R$ 5,61 por litro (alta de 14,26%). Em nota para divulgar os aumentos, a Petrobras afirmou que tem buscado o equilíbrio dos seus preços com o mercado global, mas sem repasse imediato para os preços internos da volatilidade das cotações internacionais e da taxa de câmbio.

“Esse posicionamento permitiu à Petrobras manter preços de GLP estáveis por até 152 dias; de diesel por até 84 dias; e de gasolina por até 99 dias. Esta prática não é comum a outros fornecedores que atuam no mercado brasileiro que ajustam seus preços com maior frequência, tampouco as maiores empresas internacionais que ajustam seus preços até diariamente”, diz a nota.

No entanto, segundo o blog do colunista Valdo Cruz, em reunião extraordinária nesta quinta-feira, dia 16, o Conselho de Administração da Petrobras deu sinal verde para o aumento de combustível. O blog apurou, durante a reunião convocada pelo presidente do Conselho de Administração da estatal, Márcio Weber, que os conselheiros ligados ao governo tentaram convencer a empresa a segurar o aumento.

Só que a diretoria relatou o teor das conversas realizadas com o governo nos últimos dias, quando a equipe de Bolsonaro não aceitou conceder um subsídio para a estatal e para importadores privados trazerem o diesel mais caro no exterior e vendê-lo no Brasil com um valor mais baixo. Segundo a diretoria disse ao conselho, a única forma de evitar o aumento seria a concessão do subsídio.

O comando da estatal disse que, se segurasse o aumento, teria de importar diesel mais caro e causar prejuízo para a estatal, gerando risco de falta do produto ou ações contra a empresa na Justiça.

O aumento – de acordo com a Agência Brasil – teve repercussão negativa nas redes sociais por parte das autoridades, tanto pelo presidente Jair Bolsonaro, que fez duras críticas à Petrobras pelo novo reajuste, quanto pelo presidente da Câmara, Arthur Lira. “O Governo Federal como acionista é contra qualquer reajuste nos combustíveis, não só pelo exagerado lucro da Petrobras em plena crise mundial, bem como pelo interesse público previsto na Lei das Estatais”, postou o presidente.

Lira também criticou o reajuste anunciado nesta sexta-feira e pediu a renúncia imediata do presidente da Petrobras, José Mauro Ferreira Coelho. “O presidente da Petrobras tem que renunciar imediatamente”, tuitou Lira. “Ele só representa a si mesmo e o que faz deixará um legado de destruição para a empresa, para o país e para o povo. Saia!!!”

O aumento vem poucos dias após a Câmara dos Deputados concluir a votação do Projeto de Lei Complementar (PLP) 18/2022, que limita a aplicação de alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre combustíveis, fixando-a no patamar máximo de 17% a 18%, abaixo dos valores atuais aplicados pelos estados.

A medida tem o objetivo de reduzir o preço dos combustíveis para o consumidor, mas os aumentos da Petrobras podem anular os efeitos dessa desoneração. O texto aguarda sanção presidencial para entrar em vigor.

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