No Dia de Hoje – 17 de junho

Milhares de manifestantes saíram às ruas em São Paulo em pontos como o Largo da Batata e Marginal Pinheiros (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

No dia 17 de junho de 2013, começaram a se intensificar no Brasil inúmeras manifestações, também referenciadas como Levante popular de 2013, Insurreição de 2013, ou Protestos no Brasil em 2013, que foram uma série de mobilizações de massa ocorridas simultaneamente em mais de 500 cidades do Brasil naquele ano. Pode-se caracterizar como a primeira insurreição ou levante popular de proporções realmente nacionais no país, tendo acontecido em todas suas regiões.

Chegaram a contar com até 89% de apoio da população brasileira. Ainda que os maiores atos de rua deste período tenham ocorrido no mês de Junho, com a participação de milhões de pessoas, massivas mobilizações ocorreram também por todo ano, em diversas cidades, tendo um novo ápice no mês de outubro.

Os protestos tiveram como críticas principais o aumento das tarifas de transporte públicos, a violência policial, a falta de investimentos em serviços públicos (como saúde e educação), os gastos com os megaeventos esportivos, o poder dos oligopólios de comunicação, a hegemonia e dominação de partidos políticos sobre os movimentos populares e as falhas da democracia representativa.

Reivindicou principalmente a tarifa zero nos transportes públicos, o fim da violência policial, e maior investimentos em serviços públicos, assim como reivindicações trabalhistas e classistas. Categorias em greve também reivindicaram suas próprias pautas. Sendo uma mobilização de abrangência nacional, cada localidade também adicionou elementos locais, como o fim das Unidades de Policias Pacificadoras (UPP) na capital fluminense após o assassinato de Amarildo Dias de Souza, pedreiro morador da favela da Rocinha.

Em momentos pontuais, algumas pautas difusas também estiveram presentes, em geral levadas por pessoas sem conexão com os movimentos sociais e influenciadas pelos oligopólios de comunicação, como a contrariedade a Pec 37, porém eram minoritárias.

Os métodos e táticas utilizados foram protestos de massa, assembleias populares, mídia alternativa e ciberativismo, autodefesa de massas e Black Bloc, ocupações, greves, barricadas, destruição e incêndio de ônibus, pichações, cartazes e faixas. Houve também depredação e ataque a símbolos do capitalismo e do poder como agências bancárias, grandes lojas, viaturas policiais, assembleias legislativas e centros militares.

Portanto, destacou-se a prática de violência não letal por parte dos manifestantes, rompendo com o monopólio estatal da violência, apesar da caracterização como vandalismo pelos oligopólios de comunicação. Além disso, em 2013 houve o maior número de greves já registrados no Brasil até então, o que somado ao perfil do proletariado marginal a frente das mobilizações, faz com que se caracterize este como um levante proletário. O levante pode ser entendido como “uma tentativa popular de auto-instituição através da ação direta”.

Essas mobilizações foram vitoriosas em sua crítica principal, cancelando o aumento das tarifas de transportes públicos em diversas cidades naquele ano, e também em outra política econômica, a aprovação de uma lei que garantia royalties do petróleo para a saúde e educação públicas. Entretanto, os participantes sofreram uma violenta repressão por parte dos governos estaduais e federal (Partido dos Trabalhadores à época), com tiros de bala letal e armas menos letais (tiros de bala de borracha, bombas de efeito “moral” e lacrimogênio, agressão com cassetete), prisões e detenções arbitrárias, falsos flagrantes, prisões políticas, prisões em massa, infiltração policial e militar, vigilância presencial e pela internet, difamação midiática, inquéritos e processos judiciais. Os anarquistas, autonomistas e marxistas não-institucionais foram considerados os mais perigosos pelo Estado.

O que se iniciou em São Paulo chegou a Resende: manifestações ganharam pautas regionalizadas (Foto: Arquivo)

Nas manifestações, parte da imprensa foi criticada pela falta de cobertura ao vivo dos protestos. Os canais a cabo GloboNews, BandNews TV e Record News foram acusados pela revista Carta Capital de ignorar as manifestações em São Paulo, enquanto exibiam matérias sobre os protestos na Turquia em 2013. O Observatório da Imprensa notou que só após as agressões direcionadas à imprensa que certos grupos midiáticos começaram a “enxergar os excessos da polícia” e divulgar que há vândalos e violência em ambos os lados do conflito.

O repórter da Globo, Caco Barcellos, da equipe do programa Profissão Repórter, foi expulso com as pessoas gritando “a Globo é mentirosa” por um grupo de manifestantes que se concentravam no largo da Batata, zona oeste de São Paulo no dia 17 de junho. Depois do ocorrido, outros jornalistas da emissora não usaram o logotipo nos microfones (a canopla). A revista Veja também foi alvo dos manifestantes durante os protestos.

As manifestações também aconteceram em Resende, onde reivindicações locais como as CPIs da privatização da Águas das Agulhas Negras, do Dossiê Cruz, do Transporte e Lei de Incentivo à Cultura, a redução dos Cargos Comissionados, a melhoria dos serviços de educação e saúde, a reestruturação e capacitação dos conselhos municipais e o Combate aos Crimes Ambientais (Lagoa Turfeira, derramamento de óleo e chorume, entre outros) foram lembradas e registradas pelo jornal BEIRA-RIO.

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