No Dia de Hoje – 5 de abril

Tragédia no Morro do Bumba, em Niterói, teve repercussão nacional (Foto: Vladimir Platonow/Agência Brasil)

No dia 5 de abril de 2010, uma forte chuva atingiu de forma grave e provocou enchentes e deslizamentos em vários pontos do estado do Rio, e em especial no Morro do Bumba, uma comunidade situada no bairro de Viçoso Jardim, em Niterói. O local foi atingido por um deslizamento de terra, onde 267 pessoas morreram – sendo 48 os corpos encontrados – e muitas ficaram desabrigadas.

O morro, cuja área era um lixão desativado desde 1981, passou por um processo de urbanização pouco tempo depois. Em um filme de 1980, de autoria de Ronaldo German, são mostrados os caminhões constantemente trazendo lixo sem nenhum tratamento, o que ocorreu por aproximadamente 15 anos.

Desde sua desativação, na elevação formada pela acumulação de resíduos, foram construídas habitações. Desde o início dos anos 2000, já vinham sendo registrados deslizamentos de terras e desabamentos de casas nessa área instável e contaminada. Todavia, a expansão do assentamento foi tolerada e mesmo estimulada pelo Poder Público municipal, que, em 1996, realizou obras de urbanização sobre terrenos onde nada deveria ser construído. Os riscos para a população eram conhecidos.

Além da instabilidade do terreno, a decomposição do lixo resulta na produção de metano (com risco de explosões) e de chorume – o percolado tóxico. No morro do Bumba, casas, reservatórios de água e lixo compartilhavam o mesmo espaço. No entanto, as casas no Morro do Bumba, soterradas pelos deslizamentos de terra, nem sequer estavam na lista das moradias consideradas em áreas de risco pela prefeitura local.

Segundo o coordenador do grupo de análise de risco tecnológico e ambiental da Coppe/UFRJ, engenheiro Moacyr Duarte, o solo do Morro do Bumba estava saturado e nada seria capaz de evitar o desmoronamento. O especialista recomendou na ocasião a implementação de medidas preventivas, pelo Poder Público – remoção de famílias em áreas de risco, impedimento da ocupação de encostas e recomposição da cobertura vegetal.

A Prefeitura de Niterói pagou e ignorou uma análise encomendada, no ano de 2004, à equipe de geólogos da Universidade Federal Fluminense (UFF), cujo relatório coordenado pelo geólogo Adalberto da Silva chamava atenção para o Morro do Bumba.

Segundo o oceanógrafo David Zee, professor da Universidade Gama Filho e UERJ, classificou o ocorrido como resultado de mudanças climáticas globais que têm efeitos locais. De acordo com o cientista, o desvio do córrego de Guararapes foi um fator fundamental para a série de deslizamentos. O córrego foi desviado para um desenvolvimento imobiliário privado no pico do morro. Desde então, a água vazando tem sido gradualmente filtrada, colaborando para a erosão do solo.

O geógrafo Marcelo Motta, fazendo de um grupo de trabalho chamado pela prefeitura de Niterói para analisar as causas do deslizamento no Morro do Bumba, afirmou que a presença do lixo foi fundamental para a escala do incidente.

A chuva que originou a tragédia no Bumba começou no final da tarde do dia 5 de abril. Na capital fluminense, os motoristas que saíam do trabalho e tentavam passar por trechos alagados ficavam presos no engarrafamento. Muitos deles foram obrigados a abandonar os carros e procurar abrigo em local seguro. Os bombeiros chegaram a usar botes salva-vidas para resgatar pessoas que ficaram presas com o transbordamento do Rio Maracanã.

Muita gente ficou sem condições de ir para casa porque a Avenida Brasil, principal ligação do centro com as zonas norte e oeste do Rio de Janeiro ficou com vários bolsões d’água. O temporal veio acompanhado de uma ventania, que chegou a registrar mais de 70 quilômetros por hora na altura do Forte de Copacabana. Na terça-feira, dia 6, as escolas das redes municipal e estadual, as universidades e a maior parte dos estabelecimentos da rede particular suspenderam as aulas.

Vários órgãos públicos e grandes empresas, públicas e privadas, também pararam as atividades administrativas ou tornaram o ponto facultativo, porque os diversos pontos de alagamento, em todas as áreas da cidade, impediam o deslocamento de funcionários até o trabalho. Na quarta-feira, dia 7, as 22h, um novo deslizamento em Niterói, soterrando cerca de 40 casas. No dia seguinte, por volta das 16h, houve um pequeno deslizamento,soterrando 4 casas no Rio de Janeiro.

Segundo especialistas, foi a pior enchente do estado em 46 anos (a pior anterior tendo sido registrada em 1964). Um índice pluviométrico excessivo, somado à maré alta, teriam sido os responsáveis pela erosão de encostas e pela demora no escoamento das águas.

Já a inundação afetou particularmente a cidade do Rio de Janeiro, com 48 mortes, e nos arredores, notificados nos municípios de Niterói com 105 vítimas mortais, São Gonçalo, 16 mortos, e Nilópolis, Petrópolis, Magé e Engenheiro Paulo de Frontin, com uma morte cada.

Fonte: Wikipédia

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