No Dia de Hoje – 2 de março

Aeronave que caiu com integrantes da banda era idêntico ao Learjet 25D prefixo PT-LSD acima (Foto: Avitya/Reprodução)

No dia 2 de março de 1996, um acidente aéreo fatal ocorrido na Serra da Cantareira pôs fim a vida dos integrantes da banda Mamonas Assassinas. O Learjet 25D prefixo PT-LSD, aeronave na qual estavam os componentes, partiu do Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, em Brasília, com destino ao Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. No entanto, ela chocou-se contra a Serra, matando dois tripulantes e sete passageiros.

A aeronave era registrada sob o prefixo PT-LSD e foi fabricada pela Learjet em 1978. No voo, o avião possuía 6.123 horas de voo, algo considerado regular para o tipo de aeronave, operada pela empresa de taxi aéreo chamada Madri Taxi Aéreo Ltda., que na ocasião estava com seu registro aéreo ativo e operante.

Com sede em Ribeirão Preto/SP, a empresa estava há um ano no mercado na data do incidente; o proprietário da empresa Antônio Nunes Leme Galvão, não foi indiciado, porque o inquérito concluiu que o piloto Jorge Martins estava habilitado para comandar o Learjet 25D, assim isentando o dono da culpa.

A aeronave estava com suas inspeções em dia, a sua inspeção anual foi realizada pelas oficinas da empresa Líder Taxi Aéreo e a última realizada nos últimos seis meses pela empresa Transamérica Taxi Aéreo, ambas empresas regulares, registradas e autorizadas para a realização deste tipo de serviço. Ela possuía capacidade máxima de oito passageiros e capacidade mínima para operação de dois tripulantes, assim possuindo uma capacidade total de carga humana de 10 pessoas.

Bombeiros durante resgate das vítimas, que morreram no local do acidente (Foto: Reprodução/Internet)

O voo decolou do Aeroporto Internacional Presidente Juscelino Kubitschek, em Brasília, com os dois tripulantes e os outros sete passageiros, totalmente abastecida e com algumas bagagens pertencentes à banda que não possuíam peso significativo para a alteração aerodinâmica da aeronave.

O voo transcorreu de forma tranquilo durante grande parte do tempo, a situação meteorológica era razoavelmente boa até a aproximação com Guarulhos, onde o teto de voo era de 1.800 pés (548,64 metros) com 10 km de visibilidade assim complicando a aproximação da aeronave com a pista.

Com a aproximação complexa em Guarulhos, o voo começou a ser orientado integralmente pela equipe de solo na torre de comando do Aeroporto Internacional de São Paulo-Guarulhos. Assim sendo ordenada para um procedimento chamado de “Charlie 2” que é a realização do pouso da aeronave por instrumentos quando considerada insegura a aproximação visual do piloto.  Tanto o operador da torre de Guarulhos quanto o piloto Jorge Luiz eram certificados pelo Departamento de Aviação Civil para este tipo de operação.

Em um momento da operação, o piloto pede autorização ao operador para manter sua velocidade durante o procedimento, o que é autorizado pelo controle da torre. Porém, a alta velocidade da aeronave ocasionou uma desestabilização da aeronave no momento do pouso.

Percebendo a dificuldade do pouso e sua alta aceleração, resolveu realizar uma manobra de arremetida. As manobras de arremetida são convencionais na aviação e na maioria dos aeroportos elas ocorrem para o lado esquerdo da pista para evitar choques com outras aeronaves.

Porém em Guarulhos, sua carta de aproximação determinava que em caso de arremetida, o piloto deveria ir para o lado direito da pista em sentido à Bom Sucesso, assim evitando uma volta à região de serra. Algo que não foi observado pelo piloto que seguiu o procedimento padrão virando para a esquerda.

Durante a arremetida, ocorreu um desencontro entre as informações passadas pelo piloto e pelas informações compreendidas pela torre de comando de Guarulhos, que acabou aprovando a arremetida do mesmo pelo lado esquerdo da pista, provocando o choque da aeronave com a Serra.

Banda formada por Júlio, Sérgio, Dinho, Bento e Samuel (da esquerda pra direita) teve fama meteórica e é lembrada até hoje (Foto: Divulgação)

Horas após a colisão, as equipes de resgate dos bombeiros conseguiram chegar ao local do acidente, um ponto de complicado acesso na Serra da Cantareira, onde encontraram todos os ocupantes da aeronave já mortos.

O enterro, no dia 4 de março de 1996 no cemitério Parque das Primaveras, em Guarulhos, fora acompanhado por mais de 65 mil fãs (em algumas escolas, até mesmo não houve aula por motivo de luto). O enterro também foi transmitido em TV aberta, com canais interrompendo sua programação normal.

Antes do acidente fatal, a banda de rock cômico vivia o auge da fama, após a mudança de nome. Seu som consistia numa mistura de pop rock com influências de gêneros populares, tais como sertanejo, heavy metal, pagode romântico e vira. O único álbum de estúdio gravado pela banda, lançado em junho de 1995, vendeu mais de 1 milhão e 800 mil cópias no Brasil, sendo certificado com disco de diamante comprovado pela Associação Brasileira dos Produtores de Discos (ABPD). A banda continuou influenciando a cena musical nacional e sendo celebrada mesmo décadas após seu fim.

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