No dia 20 de setembro do ano passado, a Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos da Prefeitura de Resende começou a realizar a obra de duplicação do trecho dois da estrada Resende-Riachuelo, que vai desde a entrada do bairro Cidade Alegria até a entrada do bairro Acesso Oeste. Na ocasião, o secretário municipal de Obras e Serviços Públicos, Thomas Elson Landim Pereira, informou que com as movimentações das obras, também estavam previstas retenções e desvios na pista, algo que acontece naturalmente de acordo com a evolução das obras.
– Iniciaremos na próxima semana uma obra que vai modernizar e agregar muito em mobilidade urbana à estrada Resende-Riachuelo. (…) É certo que a estrada terá momentos de retenção e desvios, mas tudo será passageiro e acompanhado pela Guarda Civil Municipal para a segurança da população. Pedimos paciência e desculpas à população pelos eventuais transtornos de retenções na pista, mas o mais importante são os benefícios que ficarão a longo prazo para quem utiliza a estrada – explicou o secretário, na época.
No entanto, os transtornos ocasionados pela realização das obras – que já estão acontecendo na prática – não estão restritos aos fatores previstos pelo secretário. Os eventuais transtornos e retenções na pista citados (congestionamentos), segundo moradores, no caso da rotatória localizada na entrada da Cidade Alegria, estão sendo potencializados por mais um problema que ninguém esperava.
– Alguém sabe dizer para que aquela obra na entrada da Alegria? Pois ficou uma cagada aquilo lá, diminuíram a rotatória, vai dar bem mais trânsito ali, alguém sabe me dizer qual foi a ideia (pensada pelo responsável da obra)? Porque juro que não entendi aquela m…! – questionou um internauta, identificado como Jonatan Lopes.
Após a postagem realizada no dia 3 deste mês por Lopes no grupo Bom Dia Resende, outros internautas também citaram as dificuldades de trafegabilidade no local após a sua construção (que segundo moradores, permitia a passagem de dois carros e hoje permite apenas a passagem de um carro). Com as críticas da população, a ouvidoria acabou informando também na postagem que a empresa executora da obra assumiu o erro na construção da rotatória.
Outra internauta, que mora em um dos bairros da Grande Alegria, passou pela rotatória e fotografou a placa indicativa da obra (com valor estimado em R$ 8 milhões), na entrada da Cidade Alegria. Ela também lamenta a retirada das árvores do local, também criticada por Lopes. “Pelo que aprendi as árvores e a terra (na entrada do bairro) já faziam essa drenagem. Desmatamento nessa entrada e nos Bairros Boa Vista 1, Boa Vista 2 e no Bairro Mirante das Agulhas! Vergonhoso! E vão colocar mais asfalto, que só faz aumentar o calor nas residências e no nosso planeta!”, acrescentou a professora Eliana Correia da Silva, que fez a postagem no Bom Dia Resende.
Quem decidiu abrir o seu negócio nas proximidades da rotatória também sofre, e testemunha as consequências causadas pelo erro de execução da obra. “Nos últimos meses, a gente presenciou por aqui várias batidas de veículos, pois fizeram uma rotatória, que já se encontrava pronta, mas só que hoje (segunda, dia 7) começaram a quebrar o paralelepípedo dela pra fazer tudo de novo”, disse a secretária do estabelecimento, Rafaely Franco.
Rafaely ainda conta que onde passavam dois carros hoje passa apenas um, e isso agrava o problema do congestionamento sempre no horário de pico, por volta das 18 horas. Outro problema relatado por ela é que a necessidade de refazer a rotatória obrigou ao fechamento da rua próxima, forçando os veículos a fazer desvio por outro ponto, fazendo com que alguns motoristas se confundam e entrem na contramão quando trafegam no local.
No caso da oficina, até os transtornos previsíveis são uma dor de cabeça, uma vez que com o período chuvoso todo o barro misturado ao material usado na obra são carregados pela enxurrada e formam um lamaçal em frente a entrada da loja, atrapalhando o atendimento da clientela. “Nesse horário (de pico) é muito difícil fazer a manobra dos carros dos clientes, pois além do congestionamento, o barro colocado nas obras nos atrapalha. Nem mesmo pagando por um serviço a 50 reais para limpar o local tem ajudado. Sem contar que esse problema fez diminuir nossa clientela”, diz o proprietário da loja, Lucas Franco.
DRENAGEM NÃO ACABA TOTALMENTE COM ALAGAMENTO
Segundo o planejamento inicial da prefeitura, as obras de duplicação das pistas de rodagem também previa benefícios ao local, como a criação de acostamento, ciclovia, calçadas e nova iluminação, fora as melhorias na drenagem, que poderiam acabar com os transtornos enfrentados por alguns moradores da Rua dos Coqueiros, que passaram muitos anos convivendo com os constantes alagamentos invadindo suas casas.
Isso, no entanto, não passou de ilusão até a última segunda-feira, com a volta da chuva volumosa que tem caído nos últimos dias, e que no mesmo dia alagou ruas e adentrou várias casas, especialmente em bairros como o Jardim Aliança 2, cujos moradores foram até a prefeitura protestar. As casas dos aposentados Manoel Humberto e Marco Antônio Bastos, que são vizinhos, voltaram a ser inundadas como nos verões anteriores.
– O que posso te dizer é que até ontem (domingo, dia 6) a obra me satisfazia dentro daquilo que era esperado, evitar que nossas casas fossem inundadas. Só que não sei porque, pois não sou especialista na área (de Engenharia) que ontem toda a água vinda lá das ruas de cima pelo manilhamento (trocado durante a obra), ao invés de ir para o canal (da Alegria), acabou voltando de novo para dentro das nossas casas, da minha e também do meu vizinho. Fui verificar o canal onde a água deveria estar escoando e o mesmo estava todo cheio de água por estar obstruído – respondeu Marco Antônio, que agora defende o desassoreamento total do canal.
No caso de Manoel, que havia colocado uma barreira de contenção na porta de casa, a água só invadiu a garagem. Já Marco Antônio, por não poder adotar a medida paliativa por morar com os pais, já idosos e com problemas de locomoção, sofreu mais com o problema.
PREVISÃO DE TÉRMINO PARA NOVEMBRO
A estimativa da prefeitura era de que o trecho contemplado, que possui 1,7 quilômetro de extensão, receberia 39 mil metros quadrados de asfalto, além de 1.670 metros de drenagem. A previsão é que as obras ao longo dos quase dois quilômetros de pista terminem até o próximo mês de novembro. A equipe do jornal BEIRA-RIO entrou em contato com a Prefeitura de Resende, e ainda aguarda um retorno do Executivo sobre o erro da obra.
