No Dia de Hoje – 7 de fevereiro

Em 7 de fevereiro de 1901, nascia em Valença, na região do Médio Paraíba, a cantora Clementina de Jesus, também conhecida como Tina ou Quelé. Durante sua carreira, deixou um grande legado no resgate dos cantos negros tradicionais e na popularização do samba, além de ser vista como um importante elo entre a cultura do Brasil e da África.

Nascida na comunidade do Carambita, bairro da periferia de Valença e tradicional reduto de jongueiros no sul do Rio de Janeiro, Clementina era filha da parteira Amélia de Jesus dos Santos e do capoeira e violeiro Paulo Batista dos Santos. Mudou-se com a família para a capital aos oito anos, radicando-se no bairro de Oswaldo Cruz, tendo estudado em regime semi-interno no Orfanato Santo Antônio, onde desenvolveu crença católica.

Criança, aprendeu com sua mãe rezas em jejê nagô e cantos em dialeto provavelmente iorubá. Destas influências resultam um misticismo sincrético e uma musicalidade marcada pelo samba e cantos tradicionais de escravizados do meio rural. Devota da Igreja de Nossa Senhora da Glória do Outeiro, participava de festas das igrejas da Penha e de São Jorge, cantando canções de romaria.

Ainda jovem participou do grupo de Folia de Reis de João Cartolinha. A partir da década de 1920 entrosou-se nos círculos carnavalescos. Desfilou no bloco Moreninha das Campinas, foi diretora da escola de samba Unidos do Riachuelo, participou de atividades da Mangueira, e acompanhou de perto o surgimento e desenvolvimento da Portela, frequentando desde cedo as rodas de samba da região.

Em 1940, quando já era mãe solteira de Laís, casou-se com Albino Corrêa Bastos da Silva, conhecido como Albino Pé Grande, e com ele mudou para o morro da Mangueira no Rio de Janeiro. Com ele teve uma filha, Olga, nascida em 1943. O casamento duraria até a morte de Albino em 1977.

Trabalhou como doméstica e lavadeira por mais de 20 anos, até ser “descoberta” na Taberna da Glória pelo compositor Hermínio Bello de Carvalho em 1963, que a levou para participar do projeto O Menestrel, apresentando-se com o violinista Turíbio Santos no Teatro Jovem, que foi um grande sucesso. Em 1964 apresentou-se no show Rosa de Ouro, ao lado de Aracy Cortes, Elton Medeiros, Paulinho da Viola e Nelson Sargento, com a direção de Hermínio e Kleber Santos. O show consagrou seu nome, rodou a Bahia e São Paulo e virou dois LPs pela Odeon (1965 e 1967), incluindo, entre outros, o jongo “Benguelê”.

Em 1966 representou o Brasil no Festival de Cannes, na França, e no Festival de Arte Negra, no Senegal, apresentando-se num estádio de futebol, quando recebeu uma ovação entusiasmada do público. No mesmo ano participou de concertos na Aldeia de Arcozelo e na Sala Cecília Meireles, além de lançar o LP solo Clementina de Jesus, com repertório de jongo, corimá, sambas e partido-alto, recuperando a memória da conexão afro-brasileira.

Em 1968, com a produção de Hermínio de Carvalho, registrou o antológico LP Gente da Antiga, ao lado de Pixinguinha e João da Baiana. Em 1979 lançou o LP Clementina e convidados, do qual participaram Candeia, João Bosco, Roberto Ribeiro, Martinho da Vila, Ivone Lara, entre outros. Gravou no total cinco discos solo (dois com o título Clementina de Jesus, Clementina, Cadê Você? e Marinheiro Só) e fez diversas participações, como nos discos Rosa de Ouro, Cantos de Escravos, e Milagre dos Peixes, de Milton Nascimento, em que interpretou a faixa “Escravos de Jó”. Em 1983 foi homenageada com um espetáculo no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, com a participação de Paulinho da Viola, João Nogueira, Elizeth Cardoso e outros nomes do samba. No mesmo ano foi homenageada pela escola de samba Beija-Flor de Nilópolis no enredo A Grande Constelação das Estrelas Negras.

Seus últimos anos de vida foram difíceis. O mundo musical a deixou de lado e ela foi praticamente esquecida. Sua saúde piorava, teve vários AVCs, caiu na pobreza e passou a cantar em churrascarias, mas já começava a esquecer as músicas durante as apresentações. Morreu em função de um último AVC, em 19 de julho de 1987, aos 86 anos. Seu enterro no Cemitério São João Batista teve poucos acompanhantes.

Foto: Reprodução/Internet

Fonte: Wikipédia

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