Moradores de Resende promovem abaixo-assinado contra má qualidade no transporte público

Atendimento de má qualidade da São Miguel atinge toda a população, e empresa deixa muito a desejar para cadeirantes (Foto: Reprodução/Redes Sociais)

Atualizado dia 20, às 10h14

Foi adiada para a próxima quarta-feira, dia 24, das 9 às 12h, a coleta de assinaturas do abaixo-assinado contra o serviço de má qualidade oferecida pela concessionária do transporte público de Resende promovida por um grupo de moradoras do município. Esta  é mais uma arma que a população ganhará na luta contra os problemas apresentados quase que diariamente nos ônibus da São Miguel.

A ação acontecerá no Calçadão de Campos Elíseos. O objetivo é reunir todo esse material, junto com fotos e vídeos dos problemas citados por usuários nas redes sociais e levar ao Ministério Público para solicitar providências, e dentro de 30 dias após a resposta do MP, fazer uma manifestação exigindo qualidade no transporte público.

A iniciativa surgiu através de três moradoras muito atuantes na comunidade. “A iniciativa foi começou comigo porque teve uma pessoa que começou a me passar um monte de informação a respeito da São Miguel, e eu fiquei preocupada com os usuários porque são denúncias muito graves. Fiz até um vídeo, postei na internet falando sobre todas as denúncias e isso começou a repercutir. Foi então que comecei verificar um monte de gente falando mal da São Miguel”, citou a moradora, que aproveitou a ideia de outra colega, que sugeriu o abaixo-assinado.

As duas, com a ajuda de uma terceira moradora, além de organizar o evento, começaram a divulgá-lo nas redes sociais, com a seguinte mensagem:

“É na força do ódio que venho compartilhar aqui minha revolta com esta empresa! É uma covardia o que tá acontecendo em Resende! Quem depende de transporte público fica completamente refém! Moro no Jardim Aliança e tá cada dia mais difícil contar com o serviço! Ônibus caindo aos pedaços, vive quebrando e agora com a volta as aulas só anda lotado e algumas linhas aumentaram o trajeto! Acabou o isolamento social, mas a quantidade de ônibus continuou reduzida! Transporte público é um direito! Não é favor! Tempo é um recurso cada vez mais escasso na vida do trabalhador! Uma hora perdida esperando um ônibus que nunca chega é vida sendo roubada da gente!”, dizia a postagem publicada no Facebook.

A postagem do Facebook ainda tem um link de acesso ao grupo dos organizadores, o “Arrastão Fora São Miguel”, onde a população tem mais um canal para compartilhar postagens com textos e fotos de denúncias de usuários em outras redes sociais e até baixar a cópia do abaixo-assinado e promover as assinaturas entre familiares, vizinhos, colegas de trabalho, e até mesmo nos ônibus.

Reclamações de atrasos em linhas de ônibus têm sido constantes entre os usuários (Foto: Reprodução/Redes Sociais)

Pouco mais de um ano após a decisão do juiz da 1ª Vara Cível da Comarca de Resende, Marvin Ramos Rodrigues Moreira, conceder tutela provisória para que a empresa concessionária do transporte público siga prestando serviços à população pelo prazo de seis meses, podendo o mesmo ser prorrogado, ainda não se sabe quando será realizada a licitação que definirá a empresa que terá a concessão nos próximos 20 anos. Em sua decisão, o magistrado dizia que “a preocupação no momento é com a população de Resende, que merece serviço contínuo, e qualquer decisão em sentido contrário impactará fortemente a economia local”.

Enquanto isso, a população segue reclamando da má qualidade do atendimento da São Miguel, escolhida no início dos anos 2000 para a prestação do serviço. Essas reclamações têm aparecido de forma cada vez mais frequente nas redes sociais, mostrando que a empresa pouco ou nada tem feito para melhorar o atendimento nos meses restantes à espera da licitação.

De acordo com a organizadora do abaixo-assinado entrevistada, as principais queixas de quem precisa do transporte coletivo no seu dia a dia são os ônibus com pneus carecas; o elevador para deficiente físico que não funciona; o cinto de segurança do motorista com defeito; o atraso no horário do ônibus; o ônibus cuja porta da frente não fecha direito e quando chove molha quem estiver na frente; o ônibus que quebra no meio do caminho atrasando a vida da população, entre outras.

CADEIRANTE RASTEJANDO NO CHÃO
Um dos casos mais chocantes da falta de fiscalização e qualidade foi publicado nas redes sociais, no grupo Resende Tretas, no dia 26 de agosto, por uma usuária. No vídeo postado aparece um idoso cadeirante sendo obrigado a se rastejar no chão do ônibus e ser carregado no colo, pois o elevador para deficiente físico não funcionava. Nas imagens feitas na noite provavelmente do dia anterior ao da postagem, o motorista e a cobradora precisam ajudar o idoso a sair do veículo após o elevador para cadeiras de rodas não funcionar. “Vergonhoso essa São Miguel, motorista tem que ajudar os cadeirantes porque os elevadores estão quebrados”, dizia a internauta que publicou a postagem.

Os problemas envolvendo esse grupo de deficientes é antigo, conforme mostra outra postagem publicada há quatro anos, no grupo Bom Dia Resende. Na ocasião, houve a necessidade de se improvisar “nós e gambiarras para cadeirantes”, onde aparece uma idosa cadeirante amarrada por um cinto de segurança que não se ajusta à cadeira da usuária.

Também é muito frequente a quebra dos ônibus no meio dos trajetos, além do abuso financeiro contra o passageiro. “No período de duas semanas, dois ônibus da qual faço uso quebraram, sendo que hoje (dia 27 de outubro) o motorista de um novo ônibus se recusou a liberar passageiros para entrar de forma gratuita no ônibus, sendo assim cobrado a taxa de ônibus duas vezes, causando constrangimento e confusão. Além de colocar a vida em risco de todos os passageiros com ônibus lotado, e veículos sem revisão e péssimo estado de manutenção, ainda querem cobrar a taxa de ônibus duas vezes? Gostaria de uma solução das autoridades e da empresa São Miguel!”, disse indignada uma usuária do serviço.

A equipe do jornal BEIRA-RIO entrou nesta sexta-feira, dia 19, em contato com a gerência da São Miguel, e até o momento aguarda uma resposta da empresa sobre os questionamentos feitos a respeito do atendimento de má qualidade aos usuários.

PARA PARTICIPAR
Os interessados em participar podem se dirigir ao Calçadão na quarta-feira e procurar as organizadoras para preencher o abaixo-assinado com nome completo, RG e CPF. “Quem estiver disposto a ir, tiver disponibilidade de comparecer a gente agradece, inclusive se tiverem alguma dúvida, podem perguntar também no local”, completou a organizadora entrevistada.

Quem quiser se programar antes de sair de casa, pode também clicar aqui para ter acesso ao grupo dos organizadores no WhatsApp, onde a população pode compartilhar postagens com textos e fotos de denúncias de usuários em outras redes sociais e até baixar a cópia do abaixo-assinado e promover as assinaturas entre familiares, vizinhos, colegas de trabalho e nos ônibus. Os interessados em participar podem acessar o chat do grupo também para tirar dúvidas.

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