“A gente quer arrumar o problema dessas pessoas, não o da Praça”

Ocupação de coreto da Praça Oliveira Botelho levou Câmara e entidades a discutirem situação de quem vive de forma improvisada no local

Na tarde da última quarta-feira, dia 11, órgãos e secretarias públicas e entidades da iniciativa privada estiveram reunidos pela terceira vez durante um encontro promovido pela Comissão Permanente da Criança, Adolescente e das Pessoas em Situação de Vulnerabilidade da Câmara de Resende, no plenário do Legislativo. O tema central dos encontros, segundo o presidente da comissão, vereador Professor Wilson (PL), é entender melhor e auxiliar no trabalho feito por essas entidades junto aos moradores em situação de rua e de vulnerabilidade.

O presidente, em entrevista ao jornal BEIRA-RIO, também relembrou como começaram os encontros com as entidades, especialmente às que ficam próximas da Praça Oliveira Botelho, preocupadas com a ação das pessoas que escolheram o coreto do local como moradia, uma vez que várias delas são usuárias de álcool e drogas.

– Toda essa conversa começou por conta disso. Foi por conta dessas pessoas que ficam no coreto, e que a maioria delas, segundo a Assistência Social, não são pessoas que realmente estão em situação de rua, ou seja, tem casa mas estão ali por opção. Um exemplo disso é que o Espaço Z (aberto em julho para oferecer abrigo) não é longe dali, sendo que o que me chamou a atenção é que lá tinha bastante gente lá abrigada, mas que as pessoas do coreto continuaram no mesmo local. Ou seja, elas não usam os recursos do poder público porque estão sem lugar pra morar – diz Wilson.

Criada inicialmente para as necessidades de crianças e adolescentes, ao assumir a presidência da comissão, o vereador ampliou o trabalho e passou também a tratar de assuntos voltados a quem optou por morar nas ruas de Resende. “Havia uma necessidade de ampliar esse trabalho, uma vez que essas pessoas estavam fora do alcance dos trabalhos das comissões do Legislativo, uma vez que muitas são adultas”, cita o presidente, que ainda destaca o papel da comissão nas reuniões.

– A gente, como Legislativo, não tem o poder de isso ou aquilo, mas a obrigação de colocar as entidades para conversar, pois muitas vezes a Guarda Municipal desconhece o trabalho com as pessoas em vulnerabilidade da Secretaria de Assistência Social, que não conhece o da Secretaria de Saúde, que não conhece da Polícia Militar, e assim por diante. Já tivemos relatos do Conselho Tutelar (que participou do evento) em que o órgão se colocou à disposição da Guarda pra ajudar na abordagem dos moradores de rua. A gente, do Legislativo, fica aberto às ideias para possíveis projetos de lei e/ou algumas indicações.

Aliás, na última reunião foi citada a ação do Espaço Z para abrigar essas pessoas em situação de vulnerabilidade nos dias frios registrados no final de julho. “Decidimos também tratar sobre a situação das pessoas que se abrigaram no Espaço Z durante a onda de frio do mês passado, uma vez que o Executivo utilizou o local como abrigo temporário. A ideia foi ouvir as entidades para saber como estão as ações de atendimento a essas pessoas, já que a comissão não está abrangendo apenas as que vivem no coreto”.

Professor Wilson encerra a entrevista criticando a política higienista adotada por governos em várias partes do Brasil como forma de resolver o problema. “Eles (os moradores) são parte do problema, não adianta tirá-los da Praça ou de qualquer outro lugar porque eles vão pra outros lugares. Aqui a gente não quer arrumar o problema da Praça, mas sim dessas pessoas. A gente tem é que tratar delas, e não limpar a Praça, queremos melhorar a vida desses moradores, a política higienista é muito desumana. E é nessas horas que entram as parcerias, para ajudar principalmente a reinseri-los no mercado de trabalho e a tratar a saúde física e mental deles. Não adianta mandar embora!”, completou.

O próximo encontro da comissão e das entidades acontece no dia 22 de setembro. Nesta data, serão apresentadas as soluções que essas entidades podem oferecer para ajudar na mitigação do problema dos moradores em situação de rua e de vulnerabilidade. Além disso outras entidades serão convidadas para o evento.

Além de Professor Wilson, a comissão também conta com outros dois vereadores como membros (Kael, do PSD, e Nelsinho Diniz, do DEM) e mais um como suplente (Zé Antônio, do Patriota). Os três primeiros encontros realizados na Câmara já tiveram as presenças do secretário de Saúde, Tande Vieira; da secretária de Assistência Social, Jaqueline Primo, da Câmara de Dirigentes Lojistas de Resende (CDL), da ONG Evoluir, dos Centros de Atenção Psicossociais do município (CapsAd, CAPSi), Centro Pop, Casa Aberta, Conselho Tutelar, Superintendência de Saúde Mental, Colégios Santa Ângela e Jõao Maia, Pastoral da Criança, Guarda Municipal, Policia Militar e Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti).

Fotos: Divulgação e Arquivo

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