Professora e mãe de jovem autista questiona estrutura do Cemear

Estudos feitos por especialistas apontam que pessoas com o transtorno do espectro autista (TEA) têm algumas limitações, entre elas a intolerância a barulhos. Este é um dos fatores que vem motivando os questionamentos que uma professora e mãe de um jovem autista tem a respeito do Centro Municipal de Atendimento ao Autista de Resende (Cemear), espaço destinado pela Secretaria de Educação do município para o ensino especial de autistas, que funciona na Avenida Padre José Sandrup, no bairro Vila Julieta. No entanto, esta não é a única queixa de Eliana Correia da Silva, mãe de Vitor, de 23 anos.

– No último verão que estavam atendendo meu filho, choveu e ele estava fazendo Educação Física na varanda que estava inundada. O tempo de atendimento é muito remoto por ter uma estrutura de casa sem quintal, o atendimento era uma hora e meia, uma vez por semana – relembra Eliana, em post nas redes sociais.

Segundo ela, a estrutura do local não oferece um espaço para funcionar como um centro educacional para os autistas. Ela cita, inclusive, que viu que um vereador teria “festejado como um troféu” a chegada do Cemear. “Cheguei a acreditar que seria no Tobogã, porém filmei a casa e tirei algumas fotos”, citou Eliana.

Um vídeo (no começo da matéria) feito pela professora mostra a fachada do imóvel onde funciona o Cemear, que é, na verdade, um local que deveria aparentemente funcionar como uma residência comum. O local fica em uma rua de circulação considerável de veículos, inclusive de grande porte, como ônibus e caminhões, e cujo barulho dos motores podem incomodar os usuários.

O jornal BEIRA-RIO também entrevistou Eliana, que confirmou a postagem que fez nas redes sociais. “O (problema mais) grave é o local e o espaço físico. Temos que atravessar a Avenida Padre José Sandrup, onde fica localizado essa casa, um transtorno pelo perigo e o barulho que não é favorável para os autistas. O local nunca foi um Centro Educacional de Atendimento dos autistas de Resende, e é alarmante por não ter estacionamento para desembarque de nossas crianças, adolescentes e adultos para o atendimento”

Ela também confirmou que os alunos possuem o atendimento educacional apenas uma vez na semana, com 40 minutos de Atendimento Educacional Especializado (AEE) e outros 40 minutos de Educação Física, e que o imóvel, por ser uma casa antiga, não é adaptada para os autistas. “Como mãe do Vitor, vejo que nem todos os autistas são atendidos devido ao espaço e às atividades necessárias. A Secretária de Educação sempre está trocando a professora de AEE e assim fica difícil a adaptação e tudo começa do zero, por falta de conhecimento do aluno”.

Antes da chegada do Cemear em Resende, a professora costumava levar o filho para acompanhamento na antiga Clínica SER (atual Centro de Atenção Psicossocial Infanto Juvenil – Capsi). “O Vitor iniciou na Clínica SER com 6 anos, hoje meu filho já esta com 23 anos. Infelizmente não tivemos evolução dentro das leis (os autistas estão amparados na Lei Berenice Piana, de 2012). Não estou agredindo e nem reclamando de nenhum profissional do Cemear. Estou só cobrando um local com acessibilidade, como foi combinado, como uma escola e não uma casa”, completa.

Ela também confirmou que um dos vereadores do município de fato ficou de providenciar um Cemear em outros mandatos, e que o centro – que sempre funcionou em imóveis alugados – já esteve instalado em uma casa alugada no Jardim Brasília, em um Galpão Ferroviário em Campos Elíseos, e atualmente na casa citada por Eliana, o que para ela, não tem estrutura para um centro de educação.

CEMEAR PASSA POR OBRAS
As críticas da professora acontecem em meio ao período em que a Prefeitura de Resende anunciou o início das obras de melhorias na sede do Cemear. As obras do espaço começaram em 7 de junho, e de acordo com a assessoria de comunicação, incluem nova área recreativa coberta e cobertura de proteção no entorno da estrutura predial. A previsão é de que o trabalho, que deve durar aproximadamente dois meses, é executado por uma empresa especializada escolhida por licitação pelo governo municipal.

Ainda segundo a prefeitura, na primeira fase das obras foi demolida a calçada antiga dos fundos da sede, onde será construída a nova área recreativa com cobertura. A mesma está recebendo o serviço de concretagem e abrangerá cerca de 40 metros quadrados. Além disso, será instalada uma estrutura metálica, que sustentará a telha de fibrocimento, que protege contra sol e chuva e possui benefícios quanto ao isolamento acústico. Também está prevista a colocação de cobertura, que medirá aproximadamente 1,20 metro, ao redor da unidade educacional.

O jornal BEIRA-RIO entrou em contato com a Prefeitura de Resende para responder aos questionamentos de Eliana e sobre as obras realizadas desde junho, e segue aguardando um retorno sobre o assunto.

Fotos e vídeo: Reprodução/Redes Sociais e Raimundo Brasil/PMR

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One thought on “Professora e mãe de jovem autista questiona estrutura do Cemear

  1. Já tem quase um ano essa tal obra, nada mudou. As instalações são as mesmas. A casa é alugada, o que causa impedimentos na melhoria da estrutura. Piorou, já que hoje falta diversos profissionais no centro. Os mesmos que hoje atuam lá estão fazendo malabarismo para lidar com a situação. Parabéns Forastieri, pediu mas não fiscalizou nada. Ou seja trabalho nenhum feito. Mais uma vergonha pro município.

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