Conselho tutelar fala dos rolezinhos e concurso do shortinho

Depois da denúncia de um concurso do “shortinho” no bairro Nova Alegria, no dia 28, o Conselho Tutelar de Resende analisa a vulnerabilidade dos jovens no município e chama atenção para esses tipos de eventos envolvendo adolescentes e os outros encontros que ficaram conhecidos como “rolezinhos”, em que jovens consomem bebidas alcoólicas e outros marcam disputas que chegam às agressões físicas.

— Os rolezinhos surgiram em São Paulo como um evento cultural e aqui chamaram pelo mesmo nome esse encontro de grande quantidade de jovens que gerou essa confusão, mas não tem nada a ver com o que aconteceu no dia 28. Eu estava de plantão e uma outra conselheira me ligou dizendo que havia uma denúncia de que estavam realizando um evento com menores, que seria alguém ligado à associação de moradores com histórico de pedofilia,que havia música alta com apologia ao crime, facções contrárias e essa disputa do menor shortinho, que a grade da quadra estava quase caindo porque os meninos estavam olhando – explicou o conselheiro José Henrique Vale Freire.

Ele contou que a denúncia chegou por volta das 15h30 e que às 16h ele já estava no local com outro conselheiro, Thiago Diniz Carvalho, com a Polícia Militar e integrantes da Secretaria Municipal de Ordem Pública, mas uma testemunha que estava no local rebate o horário e diz que a denúncia foi feita por volta das 14h.

— Chegamos às 16h e estava acontecendo um campeonato de futebol, onde já havia uma outra viatura da polícia além da que foi conosco. Muitos já estavam com a mão na parede e havia sim meninas com short, mas não tão curtos como dizia a denúncia. Também não encontramos música alta, apenas alguns carros de participantes do campeonato e o que tinha de música vinha deles – detalhou o conselheiro José Henrique Freire.

Mesmo assim, ele se deparou com jovens menores de idade consumindo bebida alcoólica, mas devido à ausência de um comissário de menores apenas conversou com o dono do bar e relatou o caso ao Ministério Público.

— Em frente à quadra fica um bar e depósito de bebidas e menores estavam saindo de lá com bebidas alcoólicas que já estavam pagas por alguém, mas não sabemos por quem. Falei com eles e com o responsável pelo bar, que até fechou as portas, mas eles não falaram quem tinha pago a bebida. Mandamos um relatório para o Ministério Público, mas até para notificar o dono do bar precisaria de um comissário de menores e não eu – acrescentou.

Ele ainda conversou com um representante da associação de moradores que negou que a associação tivesse realizado e evento e descartou a possibilidade de o evento estar relacionado ao bar que forneceu bebida alcoólica a menores.

– São coisas diferentes. Tinha o torneio de futebol e soube que a namorada de uma pessoa do futebol teve a iniciativa da história do shortinho. Conversei com uma pessoa da associação que falou que era um campeonato de futebol, mas desse concurso nem a associação sabia, não tinha ninguém da associação presente. – acreditou o conselheiro. Moradores do local informaram que o evento “rolou até às 3h com muita bebida, gritaria e pedras sendo jogadas de madrugada nas ruas”.

Eles também comentaram sobre os rolezinhos e que acreditam que os eventos agora estejam mais dispersos pelos bairros. “Naquela proporção e com aquelas denúncias ao conselho tutelar não tem mais. Sabemos que alguns grupos de jovens ainda se encontram em alguns locais pela cidade e estamos monitorando pelas redes sociais, mas não é função do conselho tutelar abordar adolescente na rua, a não ser que esteja em situação de violação de direitos. Então não estamos com nenhuma preparação especial, mas estamos atentos a tudo o que está acontecendo” garante Thiago Diniz.

— Estão acontecendo reuniões com a ordem pública desde aquela época para ver a situação e ofertar para esses jovens, mas não sabemos a situação final. Normalmente somos chamados quando chegam adolescentes sem os pais na delegacia após terem cometido algum ato infracional ou quando dão entrada no Hospital de Emergência alcoolizados. Uma vez ou outra recebemos alguma denúncia, mas para autuar precisaríamos de um comissário da infância.

Apesar da afirmativa dos conselheiros de que não têm como agir, a partir das denúncias podem fazer representações e pedir o apoio do Ministério Público para monitorar áreas que representam perigo às crianças e adolescentes, em especial quando são flagradas com consumo de bebidas, como foi admitido pelos conselheiros, no último dia 28, no bairro que já tem um histórico desses eventos. Em 2014, a PM numa operação, prendeu maiores e deteve adolescentes que consumiam bebidas e drogas no mesmo local em comemoração a um aniversário de uma moradora.

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