Uma reportagem da Folha de São Paulo, publicada nesta sexta-feira, dia 2, destaca que pelo menos 26 mil doses da vacina da AstraZeneca contra a Covid-19 foram aplicadas fora do prazo de validade em 1.532 municípios brasileiros, inclusive em alguns da região do Médio Paraíba. Resende foi o município da região mais afetado pela chegada do lote de oito imunizantes vencidos, importados ou adquiridos por consórcio. Um deles passou da validade no dia 29 de março, e o que venceu há menos tempo estava válido até 4 de junho.
Uma relação de dados do Ministério da Saúde cita que o município das Agulhas Negras aplicou 35 doses da vacina vencida. Dessas, 21 foram na Unidade de Saúde da Família (USF) do Jardim Primavera; nove na USF do Surubi; duas no Centro Municipal de Imunização; uma no Centro da Saúde da Cidade Alegria; uma no posto de saúde do Manejo, e uma na USF do bairro Morada da Barra.
A apuração do jornal inclui o cruzamento de dados do DataSUS e Sala de Apoio à Gestão Estratégica (Sage) a partir do número do lote das vacinas, sendo considerados os dados até 19 de junho. Na região, além de Resende, Barra Mansa (duas doses), Volta Redonda (26) e Barra do Piraí (30) também tiveram doses vencidas sendo aplicadas nos postos. Até o momento, as prefeituras de Resende, Barra Mansa e de Barra do Piraí divulgaram nota se pronunciando sobre a aplicação das doses, sendo que todos negaram ter recebido lotes vencidos. E Volta Redonda defendeu que houve incoerência no registro de dados da matéria.
Barra Mansa informou que a Secretaria de Saúde, através da Coordenação de Imunização, cita que as validades das vacinas “não condizem com a verdade”. Segundo a prefeitura, as doses citadas, com vencimento no dia 14 de abril, foram aplicadas no município no dia 3 de abril, dentro do prazo de validade.
Já Barra do Piraí se mostrou surpresa com a informação veiculada pelo jornal, e informou que o Departamento de Vigilância em Imunização promoveu a checagem e anotações dos lotes apresentados, na tarde desta sexta-feira, e “viu que não existe qualquer dado de lotes vencidos ou aplicados em qualquer morador com códigos e data de validade vencidos”, sendo que “o último frasco desta vacina com o lote citado foi aplicado no dia 04 de março de 21”.
Volta Redonda se pronunciou informando que recebeu o lote em fevereiro deste ano, e que aplicou todas as doses, seguindo a orientação de que a validade dos imunizantes era de 12 semanas. E alega incoerências nos dados, por haver registro de postos com apenas uma dose de vacina vencida, sendo que “frascos têm cinco ou 10 doses”. Mas diz “que os casos detectados pelo município serão convocados individualmente para verificar as cadernetas de vacinação e os possíveis erros de registro”.
A Prefeitura de Resende apurou as informações, mas diz que não foi identificado nenhum caso de lote vencido. O Ministério da Saúde ainda não se pronunciou sobre a matéria da Folha.
COMO SABER SE TOMEI A VACINA VENCIDA?
Ainda segundo o levantamento feito pela Folha no cadastro do Sage, os lotes de vacina vencidos são os seguintes: 4120Z001 (com validade até 29 de março), 4120Z004 (13 de abril), 4120Z005 (14 de abril), CTMAV501 (30 de abril), CTMAV505 (31 de maio), CTMAV506 (31 de maio) e CTMAV520 (31 de maio).
Ao receber o cartão que confirma a aplicação das duas doses da vacina (ou uma, no caso da Janssen), o mesmo apresenta dados como o local e a data da aplicação, o fabricante, o lote e a validade desse lote, conforme a foto ao lado. Caso você esteja entre os vacinados que recebeu as 35 doses com o prazo de validade vencido, a recomendação do Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra Covid-19 é que a pessoa seja revacinada. Ou seja, terá que aguardar 28 dias após o recebimento da dose vencida para receber uma nova primeira dose.
