SFPMR e escola municipal também se mobilizam contra aulas presenciais em Resende

Nesta terça-feira, dia 13, a partir das 16 horas, o Sindicato dos Funcionários Públicos do Município de Resende (SFPMR) realizará uma assembleia virtual, com o objetivo de “deflagrar uma greve geral dos profissionais da educação em defesa da vida e da saúde”. A entidade é mais uma que se pronuncia contra o retorno às aulas presenciais sem a observância de medidas restritivas e vacinação contra a covid-19 em Resende. Neste domingo, dia 11, em carta aos profissionais da educação e a população do município, assinada pelo presidente da entidade, Georvanio Sousa, ele coloca que o sindicato “tem atuado na situação envolvendo o retorno às aulas presenciais”.

– O sindicato esgotou as tentativas de negociações administrativas com o governo, que segue irredutível na posição de obrigar a volta presencial dos profissionais de educação as escolas. Por isso ingressamos com ação judicial com a finalidade de resguardar a saúde e a vida de servidores públicos, alunos e seus familiares, assim como a manutenção do bom atendimento de saúde à população evitando sobrecarga das redes pública e privada. Infelizmente a justiça negou, em duas instâncias, nosso pedido de manutenção das aulas virtuais – lamentou o presidente.

Além disso, o representante do sindicato diz que a Câmara também não se posicionou contra a decisão do executivo, sendo que alguns vereadores defendem publicamente a volta presencial de alunos e professores. A carta do presidente também incentiva os profissionais da educação e os pais de alunos a manter o posicionamento contra o “retorno presencial dos profissionais da educação e alunos em meio a pior fase da pandemia mundial dos últimos 100 anos”. “Não será fácil para nós servidores, mas esperamos o apoio da sociedade. Não mandem seus filhos para escola, apoiem os professores, apoiem nosso sindicato!”

O documento ainda acrescenta a preocupação com o aumento rápido nas mortes por covid-19, com base no levantamento da Secretaria de Saúde local. “Enquanto isso, em 10 dias (de 1º a 10 de abril) Resende sai de uma morte por covid a cada dia para 31 mortes por covid, e com tendência de crescimento de casos e de mortes (números do relatório diário da prefeitura). É absurdo a posição do governo, assim como a dos vereadores, e mais ainda da justiça”, critica Georvanio.

Segundo o boletim de 1º de abril, o número de mortes em Resende chegava a 288 em dados totais, sendo que no dia 10 esse número aumentou consideravelmente para 318 pessoas que perderam a vida para o vírus (30 a mais). No último boletim publicado pela Prefeitura neste domingo, dia 11, foram registradas mais quatro mortes, ampliando esse quadro total para 322 vidas perdidas. Em relação às infecções, o município tinha 9.622 casos confirmados no dia 1º e ultrapassou a marca dos 10 mil infectados antes do dia 10 deste mês. Agora, esse número chega a 10.036 casos.

Quem também se pronunciou contra a manutenção das aulas presenciais foram os profissionais da Escola Municipal Noel de Carvalho, do bairro Liberdade. Em uma carta assinada pelos professores e outros funcionários da instituição endereçada a secretária de Educação, Rosa Frech, e publicada nas redes sociais do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (Sepe), eles comunicam que nos dias 8 e 9 deste mês realizaram “assembleias compostas por docentes e profissionais de educação sobre assuntos pertinentes ao risco epidemiológico na unidade de ensino”.

No texto, também foi citado que “na oportunidade, os docentes colocaram suas angústias referentes à proteção de sua vida, aos riscos graves e iminentes do deslocamento no transporte público, além do contato com crianças e adolescentes que respeitam os protocolos ao entrar na escola, mas que demonstram ampla imaturidade (pertinente da idade) ao pouco se cuidarem quando estão fazendo os seus trajetos de volta às suas casas”.

Os profissionais da escola destacam que no momento mais crítico da pandemia, o número de alunos presenciais subiu de 30% para 60%, totalizando 363 autorizados pelos responsáveis a frequentarem a escola, fato que segundo eles, traz um aumento do movimento de pessoas pelas ruas da cidade (e entre municípios), assim como o uso do transporte público.

– Salientamos que nossa escola já adquiriu uma rotina de trabalho remoto em modelo Home Office, com estratégias que constantemente foram e são (re)discutidas e aperfeiçoadas periodicamente, buscando sempre a excelência na oferta do ensino aos nossos estudantes. Estivemos um ano sem atividades presenciais e não vemos problemas em manter essa rotina, por mais um período, uma vez que estamos preservando a vida de toda comunidade escolar – acrescentam os profissionais.

Os profissionais da escola também repudiam o argumento utilizado pelas autoridades sobre o número de leitos “não constitui um argumento plausível”, pois ninguém quer “ficar doente para utilizá-los”. “Mais uma vez reforçamos: queremos preservar vidas. Os sistemas de saúde mais premiados do mundo advertem que a prevenção é o método mais eficaz para se combater qualquer mal que aflija um povo; trabalhar para aumentar o número de leitos é remediar. Isso não é se preparar para a pandemia”.

A carta se encerra destacando que o grupo de profissionais da escola está “decidido a voltar com as atividades remotas em Home Office a partir de 14 de abril (quarta-feira), preservando, num primeiro momento, as estratégias de trabalho praticadas no ano passado (2020), mas estabelecendo compromisso de rediscuti-las em assembléia escolar a fim de tornar mais profícuo o trabalho pedagógico no contexto atual”.

REUNIÃO ENTRE SEPE E SECRETARIA DE EDUCAÇÃO
Na semana passada, o núcleo do Sepe em Resende divulgou uma nota em que criticava a postura da Secretaria de Educação e da Prefeitura de Resende. Na nota, o órgão pressionava o poder público a cumprir o que foi determinado na audiência de conciliação realizada no Tribunal de Justiça e iniciar um canal de comunicação para reavaliar o retorno das aulas presenciais, além de outras reivindicações por parte dos profissionais da educação.

A divulgação da nota fez com que a Secretaria de Educação agendasse na última sexta-feira, dia 9, uma audiência entre representantes do sindicato estadual e a secretária de Educação, para esta terça-feira, dia 13, na sede da secretaria, a partir das 15h30. Mais tarde, a partir das 19 horas, o Sepe marcou uma reunião virtual com o objetivo de divulgar os resultados dessa reunião.

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