Contribuintes de Resende criticam reajuste de 4,18% na tarifa de água em plena pandemia

Comunicado enviado aos contribuintes (Foto: Reprodução/Redes Sociais)

Atualizado às 15h26

Em plena pandemia do coronavírus, onde muitas pessoas estão perdendo seus empregos e/ou tendo dificuldades para manterem seus trabalhos autônomos, em especial aqueles que trabalham com serviços que exigem presença de público, o aumento na tarifa de água promovido este ano pela concessionária Águas das Agulhas Negras, em Resende, vem gerando muitas críticas nas redes sociais.

Segundo muitos contribuintes, esse aumento é criticado devido a falta da prestação de serviço de qualidade oferecida pela empresa responsável pela concessão de água e esgoto do município. No último dia 27, a cuidadora de idosos Angélica Santos, que costuma participar do grupo Bom Dia Resende, nas redes sociais, reproduziu a postagem com texto e foto de uma amiga questionando o aumento: “Prezados Vereadores e Prefeito de Resende, Vocês acham justo esse “DECRETO” das AGUAS das AGULHAS NEGRAS para o povo, no auge dessa “PANDEMIA” ??? Vereadores e Dr.Prefeito, Vocês concordam com o descaso de termos que pagar por um “TRATAMENTO DE ESGOTO”, que não existe???”

Em entrevista ao jornal BEIRA-RIO, a cuidadora de idosos concorda com a opinião da amiga. “É um absurdo, meu irmão nesse mês a conta de água dele veio quase R$ 450 (fora os R$ 540 da tarifa de luz). Ele mora em três cômodos, não tem máquina de lavar e ainda tem cinco crianças pra cuidar. Desse jeito, se o povo tiver que pagar água e luz vai ficar sem comer. Em tempo de crise, onde as pessoas precisam de ajuda eles metem a mão no bolso da gente com esses aumentos!”, desabafa Angélica, que mora no bairro Cidade Alegria.

Ela também conta que a tarifa de água no condomínio onde mora aumentou. “A água do bloco é um preço X pra todos que moram aqui, mas não está caro, está em torno de R$ 50 mas também aumentou por aqui. Essa água está um roubo!”, explica Angélica, que viu o valor de sua conta saltar para R$ 54.

Para ela, o aumento não tem feito jus à qualidade no atendimento e no abastecimento do condomínio. Há três semanas, os moradores, não apenas os vizinhos de Angélica, mas de vários prédios vizinhos, sofrem com a falta de água. “Precisou até de carro-pipa encher a caixa dos blocos”, completa.

Outra moradora que também vem sofrendo com o aumento da tarifa da água é Priscila Cristina. Ela sofre para manter as despesas de sua casa no bairro Novo Surubi, sem contar com o problemas no abastecimento. “Além de não cair água todos os dias e durante o dia, isso (o aumento da tarifa) aperta um pouco, pois a luz também não está barata. Aqui o problema maior nem é o valor, mas sim a falta de água”, lembra Priscila, que paga R$ 180 somente com a água.

O anúncio do aumento na tarifa da água foi anunciado no último dia 24 pela concessionária, e repassado a alguns contribuintes via comunicado enviado pelo correio. O reajuste de 4,18% já estava previsto para entrar em vigor em janeiro deste ano, sendo que o mesmo valor já está incluído na contas emitidas em fevereiro, com vencimento em março. O reajuste foi determinado através do Decreto Municipal nº 13902, de 10 de fevereiro de 2021. Já a cobrança retroativa ao mês de janeiro será realizada de forma parcelada nas contas com vencimento entre abril e maio deste ano.

O município não foi o único que apostou no aumento das tarifas de água para este ano. O mesmo procedimento está sendo adotado em outras cidades. O valor é considerado alto se comparado a algumas cidades do país, entre elas Limeira, no estado de São Paulo (aumento de 3,8%), e em Joinville, em Santa Catarina (aumento de 2,4%). E vai na contramão de municípios como Cuiabá, no Mato Grosso, e de Campinas, em São Paulo, que decidiram por não aumentar a tarifa este ano. E todos eles com populações superiores a de Resende.

Em nota, a concessionária Águas das Agulhas Negras confirmou que a alteração na tarifa é prevista anualmente, sempre no mês de referência janeiro, conforme o Contrato de Concessão Nº 018/2007, firmado com o município. A empresa também destaca que o valor reajustado busca equacionar os efeitos inflacionários dos principais insumos utilizados pela concessionária, entre eles: energia elétrica, combustível e produto químico, conforme aplicação de fórmula paramétrica apresentada em processo administrativo, que tramitou nos setores e entidades responsáveis, os quais emitiram pareceres confirmatórios e devida aprovação dos números e dados apresentados.

A nota finaliza relembrando que Resende “é a cidade que mais trata esgoto na região Sul Fluminense, com o percentual de cobertura para o tratamento de 72% do esgoto gerado” e que “nos próximos anos, esse índice alcançará 90% com a implantação da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Ipiranga, beneficiando cerca de 55 mil habitantes”.

Você pode gostar

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O limite de tempo está esgotado. Recarregue CAPTCHA.