
Nesta sexta-feira, dia 29, é comemorado o Dia do Orgulho Trans. Essa data é especial e serve de reflexão em relação ao respeito a todos os homens e mulheres trans, entre eles o publicitário José Jéssica Silveira. Atualmente com 26 anos, e no início do processo de transição de sexo, desde criança tinha a certeza de que não era mulher e essa consciência foi amadurencendo na adolescência.
Assessor do deputado estadual Noel de Carvalho (PSDB), ele quer dar visibilidade à causa e tem trabalhado junto ao parlamentar para criar políticas públicas para as pessoas LGBTQIA+. “Ninguém melhor que uma pessoa inserida nesse universo, que sente na pele os problemas relativos à causa, para tratar do assunto. Já conquistamos muito, mas ainda temos muito o que fazer. Essa oportunidade de trabalhar com o Noel está sendo incrível porque ele é uma pessoa de outra geração, mas muito aberta à causa. Uma das nossas bandeiras é a inclusão social”, comemora José.
O próprio deputado revelou que terá uma agenda permanente sobre a causa em sua legislatura. “Não discrimino nem o discriminador. Vou defender o discriminado independente da causa. Ter José em nossa legislatura vai nos ajudar muito a trabalhar essa causa”, avisa o deputado, que diz ser inadmissível que pessoas estejam sendo mortas ou sofrendo ataques homofóbicos (e transfóbicos) devido a sua orientação sexual.
— Não vamos tolerar isso. Não cabe esse tipo de estatística em um país democrático como o Brasil. Qualquer um que tiver uma demanda nesse sentido pode me procurar que eu vou comprar a briga dele, vou procurar saber o que poderemos fazer para resolver o problema – ressaltou.
Mesmo sendo um homem trans, José não se importa de ser chamado de Jéssica. “É o nome que minha avó, que já faleceu e que eu amo muito, escolheu, por isso não quero tirar. Também não tenho memórias ruins dos meus tempos de Jéssica, então não tenho por que deixar de usá-lo”, explica o publicitário.
Ele ainda não trocou os documentos, mas o crachá da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), está o nome José Jéssica.
— Sempre conversei muito com minha família sobre isso e com muito cuidado e respeito porque eles são de outra geração, têm o tempo deles e sempre tive medo de magoá-los. Durante um tempo, fizemos concessões sobre a minha vida, mas quando me formei no magistério, aos 19 anos, passei a viver do jeito que eu queria. Porém, dei a eles opção de continuarem ou não convivendo comigo. Eu já estava pronto para sair de casa e viver minha vida, mas eles me acolheram, conta José, que mora com os pais e tem duas irmãs.
BAIXA PERSPECTIVA DE VIDA
José sabe que essa não é a realidade da maioria das pessoas LGBTQIA+. Segundo relatório da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) de 2020, pelo 13º ano consecutivo o Brasil está na lista dos países que mais matam travestis e transexuais no mundo.
Ainda de acordo com a Antra, ano passado foram registrados 175 assassinatos de travestis e mulheres trans no Brasil. Os dados mostram ainda que 90% da população transexual e travesti têm a prostituição como fonte de renda e que a perspectiva de vida dessas pessoas é de 35 anos enquanto a média de homens e mulheres héteros é de 76 anos.
— Esses dados são tristes e alarmantes. Quero comprar uma casa, ver meus netos e me aposentar. Com uma expectativa de vida de 35 anos tenho só mais nove para viver. No máximo, vou poder planejar comprar um carro e fazer uma viagem pro exterior. Quero trabalhar para que eu e todos as pessoas LGBTQI+ possam fazer planos para o futuro e parem de ser mortas só pela sua orientação sexual. Isso não interfere na vida de ninguém – completa José.
Fonte: Assessoria de Comunicação do deputado Noel de Carvalho


