Pensei em escrever um artigo que me remetesse ao tempo de construção do jornal BEIRA-RIO, afinal essa edição é de aniversário. São 16 anos e uma efervescência própria da adolescência presente nas páginas, nas motivações, no retorno dos leitores, enfim, mas a poesia ácida que impulsiona este semanário desde 1997 se traduz nos resultados de sua própria história, na credibilidade conquistada e no posicionamento a favor das causas públicas. Mas depois pensei, que escrever sobre como as pessoas se equivocam ao falar de jornalismo seria também interessante, pois é muito comum, quando o assunto publicado ir contra os grupos de poder, parte dos leitores cobrarem por exemplo, imparcialidade. Como se isso existisse. Um jornal pode ser independente – o BEIRA-RIO é – mas nunca imparcial.
A imparcialidade tão solicitada sempre foi um discurso dos meios de massa, inclusive para fazer com que o público não sintetizasse a intensidade, superficialidade e tendência da difusão das informações. Nada é imparcial, ninguém é imparcial. As pessoas se posicionam, as pessoas dirigem negócios, negócios têm linhas de posicionamento, logo tomam partido, se posicionam e claro, não são imparciais.
Continuo ouvindo muita gente falando em parcialidade como se isso fosse o bastião do jornalismo. Não é. E tenho muito orgulho de falar que o BEIRA-RIO ao longo desses anos sempre se posicionou e sempre se manteve numa única linha. O BEIRA-RIO é o mesmo há 16 anos. Nada mudou!
Pensei ainda em relembrar que o jornal surge num momento de quebra de hegemonia política em Resende, 1997, ano inicial do governo Eduardo Meohas que teve como maior mérito, na minha opinião, estabelecer novos paradigmas políticos na cidade. Só não soube manter a proposta inicial, aliás, isso parece uma praga: discursam com propostas inovadoras, ganham e fazem a mesma m… de todos os anteriores. Mas voltando à motivação do artigo, esse tema – dos governos – não me pareceu interessante para uma data de celebração.
Então pensei em falar das causas que o BEIRA-RIO ao longo desses 16 anos abraçou, as editorias mantidas em prol do esporte e da cultura, por exemplo, do trabalho em levar à população informações e dados que pudessem contribuir para uma reflexão, que fosse, de temas polêmicos como segurança, drogas e outros. As campanhas em defesa dos ideias nada populares e algumas que batem de frente com interesses de grupos, empresariais e políticos.
Lembrei do movimento SOS Lagoa da Turfeira e a repercussão que a defesa pelo crescimento sustentável no município teve, o trabalho para garantir respeito ao meio ambiente e o enfrentamento aos desmandos públicos. Aí lembrei da causa mais recente e que tem exigido do BEIRA-RIO uma participação menos mediadora das informações produzidas, tem exigido mais uma vez posicionamento. Estamos na causa da transparência de dados públicos e controle social; integramos o Comitê pela Transparência e Controle Social de Resende porque entendemos que a construção de uma cidade que respeita os munícipes e reconhece a causa pública como fim e não como meio e trampolim de carreira política, deve ser apoiada. Pensei então, em escrever, o que penso de causas como essas, que têm gestação longa, ainda que as demandas sejam urgentes e tentar compartilhar como vejo a inércia e passividade da maioria das pessoas que temem sair da zona de conforto.
Por fim, pensei ainda em escrever sobre o sonho sonhado há 16 anos e como se realizou. Sim. O sonho se realizou: tenho o privilégio de fazer o que aprendi; a fazer jornalismo e recusar benesses que apresentam a porta larga. O caminho é difícil, a porta é estreita, mas quem disse que seria fácil? E pensando em escrever, termino este artigo agradecendo a parceria dos anunciantes e dos leitores que confiam em nosso trabalho. Meus sinceros agradecimentos. Festejemos!
Ana Lúcia
Editora do jornal BEIRA-RIO
analucia@jornalbeirario.com.br
