Obra inacabada traz prejuízos para agricultores da Horta Comunitária de Resende

Sofrendo há mais de 10 anos com o descaso e o abandono do poder público, que financiava a Horta Comunitária do bairro Vila Isabel, os integrantes da Associação de Agricultores Nossa Terra estão indignados com a realização de uma obra de ligação da rede de águas pluviais, que começou há dois meses, e ainda se encontra inacabada.

– O pessoal daqui ficou chateado com todo esse problema. Os responsáveis pela obra entraram direto com uma máquina, destruíram a cerca e um pé de graviola, não se identificaram e não falaram nada. Isso foi um desrespeito feito contra a gente, sendo que a maioria das pessoas daqui são idosas. Estamos sofrendo com esses problemas e não sabemos como resolver isso, estamos em uma situação difícil. A gente tem que conseguir colocar a cerca da horta de volta no lugar para evitar que outras pessoas continuem roubando nossas frutas, verduras e legumes. Tem gente entrando inclusive e indo para a parte de baixo da horta para fumar maconha – lamentou o presidente da associação, Augusto Luis da Silva.

Segundo o presidente, um buraco foi cavado na área onde fica localizada a horta, na parte de baixo do terreno. “Quando tomei conhecimento, ela (a obra) já estava sendo feita e ninguém falou comigo, nem o pessoal daqui tinha procurado a Prefeitura pedindo essa obra. Eu só fiquei sabendo pelos agricultores que estavam aqui trabalhando, pois eu sequer estava por aqui nesse dia”.

A obra inacabada trouxe prejuízos aos agricultores que vivem do sustento da Horta Comunitária, pois o terreno ficou sem cerca, que foi arrebentada para que a obra da rede de águas pluviais – entre as avenidas Um e Dois, e que passa pela Rua Doze  – pudesse ser feita dentro do terreno da horta. Além disso, tem gado solto entrando no terreno, além do grupo ter começado a observado o furto e roubo de couve-flor, brócolis, repolho e alface. “E pra piorar, se esse buraco feito pra fazer a ligação da rede continuar assim, vamos perder toda a nossa produção caso haja uma chuva forte que provoque a erosão no local”, acrescenta.

Ainda assim, nenhum representante da associação ainda fez contato com a prefeitura para denunciar o problema.

A exemplo de três anos atrás, quando o jornal BEIRA-RIO foi visitar os agricultores da associação, o grupo segue sem qualquer ajuda ou apoio para prosseguir trabalhando. “Até hoje, desde que começou o governo do Diogo (Balieiro), não recebemos nenhum apoio ou ajuda. A gente segue passando dificuldade aqui para conseguir um caminhão de esterco. Na verdade, existe o produto, falta apenas o transporte para trazer. E sempre que vamos até lá na prefeitura pedir, eles sempre dão a mesma resposta. Hoje estamos entre 10 famílias”, completou.

Na matéria realizada em maio de 2017, a Associação de Agricultores Nossa Terra falou da mesma falta de apoio por parte de prefeitura. Segundo os agricultores, ainda que o presidente procure o pessoal da secretaria (de Agricultura e Pecuária) pra pedir investimentos, ele é tratado com descaso. Criada em 2006, a horta já sofria com o abandono em 2009 e 2011 (quando Resende recebeu R$ 180 mil para investir nas hortas). Na entrevista de 2011, os produtores – que chegaram ao número de 20 famílias, mas agora se resumem a 10 – aguardavam com ansiedade a liberação da quantia a qual tinham direito na ocasião.

No ano de 2017, os agricultores contaram ao jornal que nunca havia recebido o valor prometido em 2011, apenas a distribuição de esterco (adubo) por parte da prefeitura. Os produtores acabam precisando comprar mais adubo, sementes e mudas. Um dos produtores mais prejudicados com a obra inacabada é o agricultor do grupo, Antônio Albino da Silva, o Tonico, um dos entrevistados há três anos, que tem uma produção de hortaliças no local.

A equipe do jornal BEIRA-RIO entrou em contato com a Prefeitura de Resende, que até o momento ainda não se pronunciou sobre o assunto.

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