SES-RJ alerta para risco da raiva humana após morte de adolescente em Angra dos Reis

Morcego infectado foi encontrado em bairro de Angra dos Reis (Foto: Getty Images)

Quase três meses após o registro do primeiro caso de raiva humana no estado do Rio de Janeiro depois de 14 anos, a Subsecretaria de Vigilância em Saúde (SVS), ligada à Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ), encaminhou nesta segunda-feira, dia 15, um documento para ampla divulgação junto à população, às equipes de vigilância (epidemiológica e ambiental) e assistências municipais, com o nome de “Alerta Raiva 001/2020 – Medidas de Prevenção da Raiva Humana Dirigidas à População do Estado do Rio de Janeiro”.

O comunicado foi encaminhado para os municípios fluminenses após o estado do Rio de Janeiro apresentar o “primeiro caso de raiva humana, que evoluiu para óbito”. O informativo aponta que o caso registrado recentemente aconteceu este ano, e que resultou na morte de um adolescente de 13 anos em Angra dos Reis, na Região da Costa Verde. A vítima, segundo informações, foi mordida por um morcego infectado no final de janeiro deste ano. O último caso (também com morte) por raiva humana no estado foi registrado em São José do Vale do Rio Preto, na Região Serrana, no ano de 2006, também transmitida por morcego.

O documento, elaborado no começo do mês, recomenda aos municípios a ampla divulgação do alerta para a população, polos de vacinação e soroterapia, unidades de saúde e clínicas veterinárias nos municípios e, principalmente, das medidas de prevenção e controle para a população em geral. A SES-RJ informa que “com base em comunicados do Ministério da Saúde (MS), alerta a população do estado para que redobre os cuidados preventivos principalmente no trato de cães e gatos domiciliados, semi-domiciliados e de rua, além de animais de importância econômica (cavalo, boi, porco, entre outros). Devido ao desabastecimento do estoque de vacina e soro antirrábicos para humanos no país, a orientação é de que se evite ao máximo os acidentes com animais domésticos e silvestres como mordedura, arranhadura ou lambedura.

A raiva é uma doença transmissível que atinge todos os mamíferos, especialmente cães, gatos, bois, cavalos, macacos, morcegos e também os seres humanos. Ela pode ser contraída através do contato da saliva do animal com a pele lesionada ou mucosa, por meio de mordida, arranhão ou lambedura. O vírus ataca o sistema nervoso central (SNC) e leva o paciente à morte após este apresentar os primeiros sintomas. É caracterizada por uma encefalomielite fatal, portanto é uma doença extremamente grave e com letalidade elevada de 99,9%.

A preocupação da SVS é que “o vírus da raiva continua presente no estado do Rio de Janeiro, causando a raiva em número significativo de bovinos e equinos, que são infectados por morcegos hematófagos (Desmodus rotundus)”. E que “o morcego, no momento, vem sendo fator de grande preocupação, já que ações antropogênicas levaram à alterações no ecossistema, e à urbanização desta espécie, inclusive”.

A doença não tem cura estabelecida (ainda que sejam conhecidos cinco casos de cura conhecidos no mundo, sendo dois deles no Brasil, um em 2015 e outro em 2018). O documento aponta que a única forma de prevenção é por meio da vacina em cães e gatos. Em caso de infecção, o tratamento deverá ser realizado através do soro antirrábico em até 20 dias, antes da manifestação dos sintomas.

O adolescente foi infectado em janeiro, e começou a apresentar os primeiros sintomas da doença no dia 22 de fevereiro. Segundo a SES-RJ, ele não procurou nenhuma unidade de saúde após ser mordido pelo morcego para ser medicado com doses do soro antirrábico. Foi internado no dia 7 de março com suspeita de raiva e transferido para uma UTI na capital fluminense cinco dias mais tarde. Após ser diagnosticado com a doença, no dia 20 de março, morreu 10 dias depois.

MORCEGO INFECTADO EM BAIRRO DE ANGRA
No dia 27 de abril, a Prefeitura de Angra dos Reis informou, em sua página na interner, que em conjunto com os profissionais da Vigilância Ambiental da Secretaria Municipal de Saúde, as equipes da SES/SVS estiveram realizando uma ação no bairro Ariró, onde teria acontecido a transmissão do caso de raiva humana. O objetivo foi mapear a presença de morcegos na área. No mesmo mês da visita dos dois órgãos de saúde estaduais, foi encontrado um morcego insetívoro com testagem positiva para raiva.

O município também recebeu doses para imunizar os cães e gatos do bairro Ariró. Além disso, a Vigilância Ambiental do município informou que “após o retorno das aulas e a liberação das atividades com público”, realizará ações de educação em saúde com a comunidade. Mas o órgão pede à população que caso encontre morcegos em situação incomum, deverá acionar o setor de Zoonoses para promover o resgate desses animais e encaminhá-los para exame de diagnóstico para a raiva.

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