Seja Pré, Pós ou durante o Carnaval, a ordem é se divertir!

Conhecida no passado por ter um dos melhores carnavais do estado do Rio de Janeiro, inclusive com a participação de escolas de samba, Resende hoje se limita a ter uma folia baseada especialmente nos blocos. Se no começo existia apenas diversão na data original (Terça-feira Gorda, mas que no Brasil começa na sexta e termina na terça-feira), atualmente os foliões ganharam novas opções nos períodos que antecedem o Carnaval ou sucedem a Quarta-feira de Cinzas.

A tradição de se brincar o Carnaval com uma semana de antecedência começou em Resende com os pioneiros do bloco Crustáceos da Manguaça, que tem em seu grupo nomes como os do jornalista e colunista do jornal BEIRA-RIO Laís Amaral, no ano de 2001. E desde o ano de 2013, os foliões da sirizada não estão sozinhos, uma vez que foi criado o bloco Kibeleza. Com isso, outras agremiações foram surgindo e fazendo com que o pré-carnaval seja de longe o período mais festivo entre as datas da folia no município.

– É visível o crescimento dos foliões no pré-carnaval de Resende. O bloco Kibeleza fez este ano seu oitavo desfile e o crescimento é muito relevante, iniciamos em 2013 com 50 foliões, e hoje em 2020 vendemos mais de 500 abadás do bloco. E isso vem acontecendo com os demais blocos e também com os foliões “avulsos”, que vão para rua pra brincar e se divertir nesta festa – citou o presidente do Kibeleza, Alisson Machado.

Para ele, o perfil dos foliões “é outra coisa que vem se transformando ao longo dos anos”. “No início o público era composto em sua maioria por pessoas de mais idade, casais e famílias de Resende. Agora com a notoriedade dada ao evento, cada vez mais os jovens comparecem ao evento e pessoas de outras cidades também. Acredito que a principal motivação das pessoas irem ao pré-carnaval seja a mesma que nos levou a criar o bloco Kibeleza”.

O presidente conta sobre a participação do Kibeleza no pré-carnaval, na Praça da Bandeira, no bairro Campos Elíseos, falando sobre a principal característica do grupo, e destaca o apoio recebido do poder público com a infraestrutura. “A característica do nosso bloco é apresentar uma ‘comissão de frente’ (na foto acima) diferente a cada ano. Essa comissão é formada por integrantes que preservam o segredo das fantasias até o último segundo e sempre surpreende os foliões com alegria e descontração. Este ano tivemos um pouco mais de apoio da prefeitura, o que nós ajudou bastante com banheiros químicos e carro de som para levar o bloco, mas é claro que ainda podemos melhorar mais. Nosso projeto para 2021 é inovar como bloco é trazer novidades para nosso Pré carnaval. Aguardem as surpresas do Bloco Kibeleza!”, anuncia.

PRÉ TEM CONVOCADO FOLIÕES PRO CARNAVAL
Ainda que o pré-carnaval tenha crescido de forma vertiginosa nos últimos anos, a folia dos quatro dias oficiais de carnaval ainda segue atraindo muitos foliões. Mesmo sendo uma das agremiações pré-carnavalescas da cidade, o Bloco Recreativo da Grande Alegria (Brega) também participa do carnaval, através do Bloco da Solidariedade (criado em parceria com a Igreja Católica da Cidade Alegria), o que ajuda bastante na adesão de foliões no bloco.

– Vejo um crescimento porque é justamente o aumento dos blocos que estimulam essa adesão. E os já existentes e atuantes, como o nosso do Brega motivam a população a cair na folia. Após algumas apresentações no “pré” o público em geral nos procura querendo saber onde vamos nos apresentar nos dias oficiais. Isso demonstra um grande interesse pela cultura do samba – relembra o diretor cultural do Brega, Fabrício Souza.

Ele percebe que por trás do perfil dos foliões nas duas datas há um trabalho de resgate. “Quando tocamos é inevitável não perceber um público de 8 a 80. Encontramos pessoas que falam com saudosismo de décadas anteriores, crianças que estão ali iniciando a experimentação desta festa popular, ‘jovens senhores’ que falam de agora e de uma década e meia atrás, quando começaram a curtir. É impressionante esse fenômeno pois ele reúne gerações. As motivações hoje também passam pela infraestrutura oferecida como segurança por exemplo é o próprio “batuque” sendo apresentado. (…) E durante o Carnaval, quanto mais organizados são os blocos, atrações e infraestrutura, maior será a adesão pública”.

Fabrício aproveita para fazer um balanço do pré-carnaval do bloco. “Independente do pré, o Brega vem ensaiando desde junho 2019. E com isso discutimos nosso tema (em 2020 o tema foi “Brega diz não ao feminicídio”) e nossas expectativas para poder levar nosso batuque aos mais diversos lugares. Nossa apresentação esse ano foi muito elogiada. Ficamos espantados com o quantitativo de convites que infelizmente pelos dias e horários não podemos atender pois nossa equipe da bateria tem seus respectivos trabalhos e também família. Acreditamos que solidificar nossa equipe e trazer o público foi sem dúvida o maior ponto positivo.Já o negativo foi a falta de mais apoio, não só com o nosso bloco, mas também com os demais blocos”, lamenta.

PÓS-CARNAVAL AINDA SOFRE COM O PRECONCEITO
Se o pré-carnaval e carnaval costumam ter um maior contingente de blocos e uma boa aceitação, por outro lado quem optou por brincar durante os primeiros dias da Quaresma ainda sofre com a resistência da população, e tem apenas uma opção de bloco: o “Que Horas passa o Vicentina?”, criado pelo radialista Mauro Campos, o Chocolate, que desfilará na tarde de sábado, dia 29, na Praça da Bandeira, em Campos Elíseos.

– A adesão ao bloco vem crescendo lentamente a cada ano, mas ainda encontra uma certa resistência, principalmente dos mais velhos, por justamente estarmos na Quaresma. Resende é uma cidade tradicionalista e muita religiosa, e muita gente estranha o pós-carnaval. O que já acontece no Rio, São Paulo, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Olinda e muitas outras cidades onde acontecem desfiles de blocos no sábado e também no domingo – explica Chocolate.

Ainda assim, os mais jovens e as famílias vêm aderindo aos desfiles do bloco, criado a partir de uma pergunta feita por uma usuária do transporte público que havia parado um coletivo apenas pra perguntar sobre o horário de outro ônibus. Chocolate revela que tem notado um perfil particular no folião do pós-carnaval.

– Na sua grande maioria são jovens, com idade entre 15 e 20 anos. Muitos são estudantes universitários que estão chegando ou retornando a Resende. Ou pessoas que aproveitam por ser um evento no Centro da cidade, onde se tem uma sensação maior de segurança. Pais e mães também têm aproveitado para trazer os seus pequeninos para se divertirem, fantasiados ou não, ao som das tradicionais marchinhas de Carnaval e de sambas antigos e atuais.

Para ele, os outros blocos preferem desfilar no pré-carnaval por este apresentar uma melhor estrutura e um maior investimento por parte da Prefeitura de Resende. “Numa linha de shows que teve até Cordão do Bola Preta, fica difícil competir”, confessa Chocolate, se referindo a infraestrutura e a divulgação maior do evento da prefeitura nesse período.

Neste ano, o bloco homenageará o historiador e padrinho da agremiação Claudionor Rosa (na última foto à esquerda, ao lado do fundador), morto em março do ano passado, em seu “minuto de barulho”. Ao lado do Bloco do Brega e a exemplo do que fez em 2019, também aderiu à campanha contra o feminicídio e pelo fim da violência contra a mulher. Este ano o tema é “Quem ama cuida. Não fere, não bate, não mata”. No ano passado o tema foi “Para a mulher amor e flor, nunca a dor”, conclui.

A programação completa dos blocos que ainda animarão o carnaval de Resende pode ser conferida clicando aqui.

Fotos: Divulgação

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