
Doze anos depois do primeiro livro, o escritor barramansense Jefferson Sarmento volta a terra natal para o lançamento de sua quarta obra. Recheada de suspense e recordando a década de 1980, “Relicário da Maldade” traz segredos antes trancafiados no porão da casa de uma idosa de 78 anos, que havia acabado de morrer.
A história começa com a morte de Augusta Dummont, uma senhora que vivia em seu velho sobrado em uma pequena cidade. Três garotos de uma das ruas daquele lugar, sem saber, acabam libertando toda a maldade que a velha havia trancafiado no cômodo secreto debaixo de sua casa. Dessa forma, se deparam com o Relicário da Maldade, que reúne o pior dos habitantes simplórios e caricatos do pequeno lugarejo. O escritor, que se especializou em obras de ficção que abordam o suspense, destaca a inspiração que teve na realização dessa história.
– Sou um adolescente da década de 1980 e sempre me senti muito ligado a ela – e feliz por tê-la vivido. Não por acaso, minhas aspirações primordiais por ser um escritor foram sedimentadas nesse período: dos livros da biblioteca do colégio aos filmes nas sessões de cinema, das histórias em quadrinhos que eu comprava na banca de jornal quando voltada para casa na hora do almoço às músicas do rock nacional que nós ficávamos esperando tocar no rádio para gravar em fitas cassete, rezando para o locutor não começar a falar no meio dela. 1985 talvez seja meu ano preferido.
Sarmento descreve aquele ano, marcante pelo período da abertura democrática no Brasil e pela primeira edição do Rock in Rio, entre outros acontecimentos. “Ele (ano de 1985) é o meio termo entre a inocência colorida de toda essa mistura de cultura pop que nós consumíamos desavergonhadamente e o início da puberdade. Aos doze anos, descobria os livros de terror da sessão ‘adulta’ da biblioteca, ensaiava minhas primeiras histórias cheias de clichês num caderno pequeno que eu tinha vergonha de mostrar para as outras pessoas e sonhava em ver um dos meus livros transformado em filme para passar na sessão de sábado da televisão”.
Ele faz um balanço da trajetória como escritor, e também relembra da primeira entrevista com o jornal BEIRA-RIO.
– Ei! Eu me lembro disso! Já faz tanto tempo assim? Bem, a maneira como escrevemos vai evoluindo com o exercício da escrita, com mais leitura, com a percepção que temos do mundo e de nós mesmos. Assim como nossa vida. A carreira de escritor é uma jornada complicada e bastante difícil. Embora hoje tenha amigos que vivem nesse mercado, a maioria deles (eu entre esses) ainda busca espaço e o pote de outro de todo escritor: viver de escrever. Infelizmente estamos num país que pouco lê, o que se reflete no mercado editorial, que patina entre livrarias fechando, editoras reduzindo o espaço para atores nacionais, pouco incentivo à leitura de fato. Quando comparamos nosso mercado com o americano e o europeu, isso fica ainda mais evidente – cita.

Sarmento publicou sua primeira obra no ano de 2007, com “Velhos Segredos de Morte e Pecados sem Perdão”; depois vieram outras obras que seguiram a mesma linha do gênero literário escolhido pelo autor ainda na adolescência, como “Alice em Silêncio” e “Os ratos do quarto ao lado”,
Ele define “Relicário da Maldade” como uma homenagem aos livros, filmes e músicas e todos os tipos de histórias fantásticas que moldaram a adolescência daquela década. Do frescor do rock nacional tocado nas rádios, gravados em fitas cassete quando o locutor parava de falar, às sessões de cinema com monstros pegajosos, alienígenas flutuando em bicicletas na frente da lua ou livros em que animais mortos reviviam ao serem enterrados em cemitérios indígenas.
O lançamento da obra de Sarmento acontece nesta sexta-feira, dia 26, no Figorelle Shopping, em Barra Mansa. Este é o primeiro livro lançado pela editora carioca Transversal. O escritor estará no local, promovendo uma noite de autógrafos com um coquetel e bate-papo.
O shopping fica na Avenida Joaquim Leite, 577, no Centro de Barra Mansa. O evento acontece das 18 às 21h.