Sítio Arqueológico Cais do Valongo se torna Patrimônio Mundial da Unesco

O Sítio Arqueológico Cais do Valongo, situado na zona portuária do Rio de Janeiro, foi efetivado como Patrimônio Mundial da Unesco no domingo, dia 9. Por seu amaldiçoado passado, o local, que foi o principal porto de entrada de escravos africanos no Brasil até meados do século XIX, ganha a mesma importância de locais mundialmente conhecidos por grandes crimes contra a humanidade, tais como Auschwitz, na Polônia, e Hiroshima, no Japão.

O título reconhece o passado maldito de escravidão jamais cicatrizada, já que ficou como herança uma profunda desigualdade social entre brancos e negros até os dias de hoje, que ainda fomenta muito preconceito racial e social na sociedade brasileira. O Cais do Valongo foi encontrado em 2011 durante as escavações feitas para a reforma da zona portuária.

“O Cais do Valongo é um local de memória, que remete a um dos mais graves crimes perpetrados contra a humanidade, a escravidão. Por ser o porto de desembarque dos africanos em solo americano, o Cais do Valongo representa simbolicamente a escravidão e evoca memórias dolorosas com as quais muitos brasileiros afrodescendentes podem se relacionar”, disse em nota o Itamaraty.

Em sua pagina do Facebook, a secretária de Cultura do Rio, Nilcemar Nogueira, escreveu que o título é “uma etapa essencial para o reconhecimento de uma memória que precisa ser revelada e, principalmente, reparada. Este momento marca o início de uma nova fase em relação ao reconhecimento de uma história que, por muitas décadas, esteve nos subterrâneos do que oficialmente conhecemos do nosso país”.

NOMEAÇÃO COM DEVERES
Com o título do Cais do Valongo, como Patrimônio Mundial da Unesco, as autoridades brasileiras devem assumir responsabilidades. “A Unesco recomenda que o Brasil adote ações especificas para a gestão dos vestígios arqueológicos, para a execução de projetos paisagísticos e para que os visitantes possam ter uma visão holística sobre o Cais do Valongo e o que ele representa. Tais medidas, que contribuirão para a preservação deste importante patrimônio cultural brasileiro, deverão ser implementadas pelos governos federal, estadual e municipal, em coordenação com a sociedade civil e as comunidades envolvidas”, destacou o Itamaraty.

PRESERVAÇÃO DA HISTÓRIA
O Cais do Valongo foi construído no final do século XVIII, na região conhecida como Pequena África (zona portuária do Rio). Em meados do século XIX, o Brasil iniciava o processo de abolição da escravidão e do tráfico humano, referendado somente em 1889, sendo um dos últimos países do planeta a vetar este grave crime contra a humanidade. A partir daí, milhares de negros se instalaram em bairros da região, como Gamboa e Saúde, assim como pelos arredores. Foi, justamente, na região central que o samba era esculpido até se tornar o gênero musical que conhecemos.

No começo do século XX, o Cais do Valongo foi soterrado por uma reforma urbana, tendo sido redescoberto somente durante as obras no porto, em 2011. Atualmente, a gestão do prefeito Marcelo Crivella estuda a construção de um museu da escravidão próximo ao Valongo.

Fonte e foto: RJ Diário

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